Capítulo Único

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Era meio da noite, estava bem escuro e apenas aquela respiração forte podia ser escutada dentro daquele quarto vedado.  

Aquilo já estava lhe tirando o sono, ou melhor, aquilo não lhe deixava dormir. Korekiyo se remexeu na cama com suas bochechas rosadas, era tão quente aquela sensação que passava por todo o seu corpo, fazia com que tremesse, era tão vivido...  

— Isso não é hora. — Sussurrou em tom leve, porém irritado.  

— Me perdoe... É que faz tanto tempo... — Aquela voz mais afeminada respondia. — E seu corpo está tão... — Um suspiro saiu de seus lábios ao fim da frase incompleta.  

A destra percorreu com delicadeza a lateral do corpo subindo até alcançar os seios e o apertá-lo; o que fez outro suspiro surgir e a mão recuar.   

— "Eu não preciso me conter..."  — Pensou o Shinguuji.  

Fazia um certo tempo... Um certo tempo que não citava aquele desejo, que não se deixava levar pela luxúria.  

Sentiu a mão passar sobre seu corpo e assim sendo virado para cima de forma bruta, ainda sim saborosa; o impacto na cama fazia com que sua respiração oscilasse mais uma vez.  

Era como encarar diretamente, era como sentir a respiração sobre a sua face, um leve mover e...  

— Ah! — Era um gemido involuntário apenas provocado por aquela sensação, aquela pressão, era algo único!  

 — Por favor! — Aquele som ecoou em sua cabeça, aquela voz. 

 Aqueles sussurros faziam com que seu corpo tremesse mais, desejasse mais... Era tão vivido!

 Abriu a peça única de roupa que usava, um quimono branco. Assim com a pele exposta podia explorar, mover, fluir. Seus dedos passavam pelos lábios, sujando-os de vermelho e espalhando aquele tom pelo pescoço, tórax, eram como os delicados beijos tão profundos.

 Ia acordar cedo no dia seguinte, não podia levar tanto tempo, mas queria tanto apreciar aqueles sussurros em seu ouvido que fazia seu corpo por inteiro se arrepiar e tremer, oscilar!  

 O vermelho, havia esquecido completamente daquele pequeno detalhe, deveria ter tirado antes de deitar, mas agora ele fazia parte da dita fantasia do momento, das marcas que começam a ficar, aquele embasado em seu rosto! Era um misto de timidez e quentura, era como se suas bochechas soubessem o quão intenso seria sem nem ao mesmo sentir. 

 Aquilo também dava certa dor no peito... Sentir cada curva enquanto seus dedos se aproveitavam do que o tato poderia lhe proporcionar. Era real? Não era real? Dava para sentir o calor.. Dava para ouvir os sussurros, aquilo ainda disparava seu coração como em todas as noites não vividas por ele.

— Kiyo...— O tom melancólico, misto com a luxúria saia dos lábios ferventes daquela criatura sobre si que fazia questão de sussurrar cada palavra que se seguia ao pé de seu ouvido. — Me tome como sua... 

Como? Como podia pensar naquilo... Sentir o impacto contra sua pélvis, seu corpo suplicando para deixar o desejo falar mais alto. Sentir sua alma ser levada ao paraíso sabendo que despencaria de lá ao amanhecer.  

Os sons tornaram-se altos, era um misto sonoro agradável, ele tinha se deixado levar pelo prazer. O Shinguuji não podia negar o quão bom era, sentir aquelas unhas sendo cravadas em seu peito, os movimentos intensos que faziam a cama ranger, as marcas do batom que iam ficando por sua pele. Era bom... Ele não podia negar. 

Os movimentos eram saborosos, ele podia sentir a pressão, podia ouvir os sons do acontecimento, podia sentir cada fibra do seu corpo e aquele ferver sem igual... Era tão real. 

Kiyo pode sentir suas mãos se juntando às dela, aquela respiração intensa enquanto seu nome era sussurrado diversas vezes, não tinha como negar a sua vontade, ao menos não naquele segundo. 

Iria ser uma madrugada longa? Não. Já estava sendo, mal sentia os minutos passando. E o que deveria ser alguns momentos de deleite e de recordações se tornavam longas horas prazerosas de memórias vívidas e intensas. A troca de luxúria constante... Era tão bom e tão real.

— Fuji... Eu não vou aguentar... — Seus sussurros agora um tanto roucos soavam e ecoavam no quarto. 

— Juntos! — Ela pedia. — Por favor! Eu também... 

Ah, esse era sempre o melhor momento mesmo que fosse o fim, eram quando os lábios se juntavam com mais fervor, quando os corpos suados grudaram um ao outro, quando o peso não existia mais, era como se fossem um por inteiro. 

Era quando as juras de amor se tornavam ainda mais longas... Era quando o pecado era confirmado. 

Era quando a paz vinha e o sono os carregava sem culpa alguma daquele amor que nunca existiu. 

Porém em alguns breves minutos aquilo se tornaria culpa e cansaço. 

Como naquela noiteOnde histórias criam vida. Descubra agora