Terça-Feira
08:27 PM.
O ar quente do secador me fez cerrar os olhos e logo mudar a mecha do cabelo. Entre um instante e outro em que desliguei o aparelho, ouvi meu celular vibrar e tocar diversas vezes anunciando que mensagens novas tinham chegado. Dei de ombros para o nada, estava sozinha no dormitório da faculdade.
Ajeitei-me de uma forma melhor na cadeira da penteadeira e permaneci secando e arrumando o meu cabelo. Assim que terminei, amarrei os fios negros em um rabo de cavalo e andei em direção à minha cama, jogando-me nela em seguida.
Umedeci os lábios enquanto olhava para as diversas estrelas coladas no teto, elas brilhavam quando as luzes eram apagadas e eu adorava contemplá-las e lembrar do dia em que colei-as.
A vibração e o barulho do celular ao meu lado roubaram totalmente minha atenção quando pareceu um trator desgovernado estrondando sem parar. Peguei o aparelho em mãos, o desbloqueei ligeiramente e franzi o cenho ao ver que tinha mais de quinhentas mensagens não lidas no Kakaotalk.
ㅡ Mas o qu... ㅡ pronunciei, embasbacada. Abri o grupo em que me colocaram e arregalei os olhos com o título do mesmo. ㅡ "Veteranos reunidos."
Cliquei na imagem e pude ver o emblema da faculdade. As mensagens consistiam em diversos assuntos envolvendo trabalhos, festivais e eventos futuros da instituição. Absolutamente nada me interessava, quem será que me adicionou? Ri comigo mesma e deslizei para sair daquele chat, mas enquanto rolava todas as pessoas que participavam do grupo eu quase caí da cama ao visualizar o último contato antes da opção que eu desejava.
ㅡ Mentira? ㅡ perguntei a mim mesma em voz alta, tentando acreditar que finalmente eu tinha conseguido o seu número.
Fiquei cerca de dez minutos olhando para a foto de perfil dele, do meu crush. Tentei conter minha afobação e comecei a pensar em uma estratégia para chamá-lo. Não poderia deixar minha foto de perfil, tampouco o meu nome à mostra. Levei a mão ao queixo, buscando formas plausíveis para que funcionasse e sorri perversa quando uma ótima ideia surgiu.
ㅡ Bingo! ㅡ fiz uma dancinha ridícula, aproveitando que estava sozinha no quarto.
[...]
Quarta-Feira
03:20 PM.
Finalizei o cadastro do novo chip e fiz uma outra conta no Kakaotalk. Decidi não colocar nenhum nome, seria anônima por um tempo. A foto que deixei era preta e branca que tinha tirado há alguns meses, onde não dava para ver praticamente nada, apenas a minha silhueta e alguns fios de cabelo voando por conta do vento que fazia aquele dia. Sorri largo ao ver que meu perfil estava criado e joguei a embalagem do chip no lixo, pois não queria que a minha colega de quarto soubesse.
Eu não tinha comentado com ninguém meu plano maluco, nem para meus amigos. Preferi testar e ver se iria dar certo primeiro para depois contar-lhes. Mordisquei o lábio inferior, pensando em qual seria minha primeira mensagem, não tinha muita noção do que enviar, mas tinha que chamar sua atenção de alguma maneira. Fiquei por volta de quinze minutos pensando em algo, mas realmente não estava vindo nada em mente.
Chateada, bloqueei o celular, me levantei e coloquei o aparelho no bolso da minha calça jeans. Fechei a porta atrás de mim e comecei a caminhar para fora daquela área, desejando que algo criativo aparecesse para que eu pudesse lhe mandar uma mensagem. Constatei que deveria ter falado para meus amigos, talvez eles tivessem mais ideias de como eu poderia chamar a atenção do crush, pois eu não tinha uma vasta experiência com aquele assunto.
[...]
Observava as pessoas circulando na calçada pela vidraça da sorveteria que eu estava. Fazia frio, mas eu adorava tomar sorvete durante o inverno, embora fosse arriscado ter crises de garganta ou pegar uma gripe. Coloquei mais uma colherada do doce na boca e apoiei o queixo nas mãos, enquanto apreciava a música ambiente do local.
Desbloqueei o celular e fiquei observando sua foto de perfil. Ele tinha um mínimo sorriso na selfie e estava fazendo aquele típico símbolo conhecido com os dedos. Eu o achava tão bonito, sempre quis ter oportunidade de conversar com ele, inclusive já tentei chamá-lo uma vez, porém desisti por conta do medo.
Suspirei levemente e comecei a pesquisar cantadas para enviar ao crush. Tinha inúmeras opções, mas gostei de uma em questão. Eu seria considerada maluca se enviasse, todavia, aquela cantada era sugestiva o sufuciente para que chamasse sua atenção. Cliquei na janela da conversa e prontamente digitei.
Yerin: Olá, Jeon Jungkook!
Fiquei cerca de vinte minutos esperando uma resposta, mas como não obtive nada, resolvi colocar meu plano em ação.
Yerin: Eu posso não fazer o seu mundo girar, mas tenho certeza que faria a sua cama balançar.
Fiquei encarando a mensagem já digitada, pensando se deveria ou não enviá-la. Ele não tinha como saber quem eu era então por que não? Com esses pensamentos cliquei no botão e rapidamente bloqueei o celular.
ㅡ Droga... ㅡ bati na minha própria testa e cobri o rosto com as mãos, sentindo-me completamente envergonhada. ㅡ Por que diabos eu enviei isso? ㅡ resmunguei baixinho.
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Mensagens Inesperadas
FanfictionDesde o primeiro dia de faculdade, Park-Yerin sentiu-se atraída por Jeon Jungkook, mas o boato de que ele não estava interessado em garotas lhe fez titubear. Ela sempre quis chamá-lo para conversar, porém o receio de ser rejeitada era maior. Em uma...