Jiù Ēn • FirstKhao

Daddy Issues

救 jiù
恩 ēn

Salvação

A senhora tremia visivelmente, sua boca foi coberta pela mão que de repente estava gelada. O consultório médico parecia ter esfriado alguns graus.

—O que o senhor disse? —Ela questionou ainda médico, mediante as lágrimas que desceram pelo seu rosto machucado.

—O seu filho, está em um quadro de depressão, grave. —O doutor encarou o garoto de pijama deitado inconsciente na maca. —Eu vou precisar interna-lo, pela saúde dele.

—Não! Não pode internar meu menino.

—Senhora, se eu não fizer isso, ele pode tentar novamente. —O psiquiatra insistiu, a senhora com o olho roxo segurou a mão do médico antes que ele assinasse o prontuário.

—Ele... Tentou algo?

—Minha senhora, seu filho engoliu uma caixa de Lorazepam, quando ele chegou no hospital... Ele podia nem ter chegado a tempo.

As mãos frias tremeram na mão do médico, o rosto agora era banhado pelas lágrimas e os soluços trouxeram a vida o garoto de lábio roxo. Khaotung se sentou na maca, com a cabeça girando, o médico adiantou o passo segurando o corpo magro e frágil para que ele não desfalecesse no chão.

—Querido, está acordado... —A senhora Lilá se colocou diante do garoto, avaliando o rosto branco como a neve, os lábios roxos, o olhar vazio. Ela com muito carinho passou as mãos nas bochechas cheias. —O que houve?

—Mamãe... Eu... Onde estamos?

—Khaotung... Será que podemos conversar? —Questionou o médico interrompendo a mãe. Os olhos vazios vagaram, do rosto machucado da mãe para o senhor que ainda o segurava sentado na cama. —A senhora podia esperar lá fora?

—O que? Não pode conversar com ele sozinho doutor...

—Pode ir mamãe estou bem. —Ele anunciou com a voz arrastada, seu corpo parecia ter sido espancado, tudo doía profundamente.

A um pouco de custo, a senhora assustada saiu do consultório, a fim de esperar com o marido lá fora. O médico se sentou na mesa, a essa altura Khao já podia se manter reto sentado, as mãos pequenas seguravam com força à beira da maca.

—Podemos conversar sobre o que aconteceu?

Aquela personalidade dominadora de Khao, estava finalmente desperta e ele encarou o médico em silêncio por um momento, antes de finalmente:

—O que aconteceu?

—Você tomou uma caixa de medicamento, pelo que sabemos é o medicamento que você usa para tratamento.

—Que tratamento?

—Da sua depressão.

Khao mordeu o lábio por um momento, seu olhar passou para o consultório branco.

—Estamos em um manicômio?

—Não usamos mais esse termo.

—Sinto que eu deveria ser internado, em um manicômio.

—Hospital Psiquiátrico, Khaotung.

—Exatamente, eu deveria ser internado. —Ele tossiu um pouco, sua garganta parecia com a de quem não bebia água a semanas, arranhava e a voz saia arrastada, o médico apontou para a mesinha ao lado da maca e ele seguiu o olhar, um copo de água e o som alto de bipe do monitor cardíaco. —Obrigado. —Ele agradeceu verdadeiramente, precisava mesmo beber aquele copo de água, sorveu do líquido dando odes de alegria.