4. fúria

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- Bakugou?

O som da guitarra desta vez, não ecoava através do autentificador de Bakugou, e sim de seus fones tão altos que era possível escutá-los mesmo sem o estar usando. Para alguém desconhecido, poderia até parecer algo preocupante, mas seus amigos garantiam que já era costume.

No entanto, o interior de Katsuki não permanecia como de costume. Sua cabeça estava a milhão, seu ódio o consumindo ainda mais forte que a tristeza, por não saber como agir em uma situação como aquela. Seu ego ferido piorava ainda mais a situação, seus sentimentos dizendo para si que deveria se vingar de alguma maneira, e seu senso controlando-o para não se rebaixar a tal nível; de fato, uma turbulência sem fim.

- Bakugou? Bro? - Chamou novamente, sem nenhum tipo de sucesso. Então, sem escolhas, partiu para o maior pecado que poderia se cometer com Katsuki: tirar seus fones.

- Mas que porra? - encarou o garoto em sua frente com o maior desânimo já existente.

- Treino. Escutou agora? Depois. Da. Aula. - falou pausadamente, zombando da cara da morte.

- Eu sei, não precisa me lembrar disso a cada suspiro. - Os dois levantaram, o loiro seguindo até o seu armário com Kaminari ainda na cola.

- Eu não lembraria, mas no caso você tá tão quieto que eu tenho até medo. - A porta do objeto foi aberta agressivamente.

- Não concordo com isso.

- Primeiro, você nunca concorda com quase nada que eu digo. Segundo, você tá esquisito desde aquele jantar com teu namorado. - Bakugou parou de andar, virando-se diretamente pro amigo novamente.

- Não tem nada de errado comigo, tá bom? Não é muito difícil aceitar isso.

- Ah, larga de besteira. Você acha que todo mundo já não percebeu? A gente convive com você há séculos, para disso.

O loiro suspirou, agoniado.

- Quando estiver melhor eu falo com vocês, eu só... preciso digerir tudo melhor. Me dêem meu tempo. - Se rendeu. Denki olhou bem no fundo de seus olhos, a preocupação estampada em sua expressão. No entanto, apenas assentiu levemente e seguiram juntos em silêncio até a entrada da sala.

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- Há uns dez anos. - sorriu, passando os dedos pelo cabelo cacheado tingido de vermelho.

Sero batucava com os dedos lentamente em seu baixo, observando pretensiosamente como todos.

- Você já participou de alguma banda ou algo do tipo? - Ashido apoiou-se no lugar mais próximo de si.

- Na real não, mas tive e tenho vontade.

- Isso é... - começou Denki, sorridente. Porém, antes de finalizar Katsuki levantou-se da cadeira do estúdio, encarando-o.

- Não sei se é o que procuramos. - Soltou. Instantaneamente, todos ali presentes ficaram confusos, incluindo o próprio Kirishima.

- Como assim? Ele é exatamente o que nós procuramos.

- Não sei se ele vai dar conta de tudo. - Cruzou os braços, encarando até o fundo da alma de Eijiro sem nem ao menos tentar disfarçar seu desgosto.

- Pois eu diria que consigo sim. - Levantou-se também, caminhando lentamente até o loiro enquanto sorria. - Ninguém aqui conhece meu potencial melhor que eu. Então, se você acha que não vou conseguir lidar, faço questão de te provar o contrário.

Ele parou. No momento, os dois estavam face a face e o clima de tensão por parte dos amigos aumentava disparadamente. Eles sabiam muito bem que se Katsuki não fosse com a cara do garoto, não havia jeito. A realidade era que o tempo era muito curto para terem que ir em busca de outro guitarrista ou adaptar as músicas, então era agora ou nunca.

- Só ter habilidade não é o suficiente. Senso e ética também importam. - Todos se calaram, confusos. Com o passar dos segundos, a expressão tranquila de Eijiro foi se tensionando.

- Tá me dizendo que eu não sou educado sem nem me conhecer? - sua voz tinha um tom passivo agressivo, completamente ofendido.

- Não sei, eu tô? - sorriu ironicamente, emanando toda sua clara frustração que estava descontando.

Seus amigos se entreolharam. Bakugou poderia até ser estressado e mais quieto, mas já havia passado da fase que despejava seus problemas em outras pessoas, e olhando de fora, era exatamente isso que parecia estar acontecendo.

Porém, dessa vez era diferente. Kirishima não parecia nem um pouco assustado e mantinha sua postura firme, tentando entender a razão daquele desentendimento. Pelo seu olhar, era perceptível apenas uma coisa: ele faria de tudo pra descobrir.



better than him - kiribakuOnde histórias criam vida. Descubra agora