Espada de três gumes

Um

    EU SEMPRE ODIEI TUDO ISSO. Minha família nunca foi uma as melhores, de fato sempre me deram tudo, isso eu não posso negar, bem, tudo menos a presença deles, nada daquelas coisas eu precisava, mas sempre que eu tentava dialogar sobre o que eu realmente queria, diziam que não tinham tempo ou que era birra minha e que eu deveria agradecer mais pelo que tenho.

    Eu tenho uma irmã mais nova e um irmão mais velho, meu irmão sempre foi um prodígio, se formou em primeiro lugar em medicina e agora esta cursando advocacia. minha irmã mais nova se chama Esther, atualmente tem 12 anos e bem, ela é a favorita dos nossos pais, ela é bonita, tem boas notas, e é extremamente carinhosa, meus pais dizem que eu deveria ser mais como meus irmãos.

    Estávamos tomando café quando o correio chegou com uma carta, eu já sabia de quem ela, meu irmão havia adquirido o abito de mandar cartas, pois em um dos livros que leu o protagonista masculino adorava mandar cartas a sua alma gêmea. 

    Mamãe abriu a carta já com o coração na mão, meu irmão estava no exterior cursando faculdade e já tinha um bom tempo que o mesmo não nos mandava mensagens ou cartas, eu particularmente sinto muito a sua falta, antes de meu irmão partir para fora do pais, éramos muito apegados um ao outro, sempre fizemos tudo juntos, ele sempre me confortou quando eu estava com medo e agora ele tinha ido embora.

    - Presados pais...- Sorri ao escutar minha mãe, ele sempre começava suas cartas assim, de um jeito um tanto formal, mas sempre acabava falando informalmente. 

    - Estou bem, estou me alimento corretamente e fazendo algumas corridas matinais.- Não era surpresa pra ninguém, já que meu irmão sempre foi obcecado por sua física e mental, bem, não o julgo.

    - Sinto muito por deixa-la preocupada minha mãe, mas no momento minhas provas começaram então não estou tendo tempo para quase nada, Isah sinto que não poderei mais responder suas mensagens de agora em diante, por favor não fique triste minha preciosa irmã.- Fiquei triste com aquilo, mas logo me recuperei pois senti que alguém me observava, era minha irmã Esther, ela sempre teve muita inveja da minha relação com nosso irmão, não consigo entender, pois ela tem tudo que eu queria ter, o amor de nossos pais. 

    Meus pais também me olharam de forma estranha, pareciam querer me dizer algo. 

    - Isah! quantas vezes já te disse para não incomodar o seu irmão, você deveria focar mais em sua escola, seu boletim chegou a pouco tempo, é inadmissível, que você tenha notas tão baixas assim!

    - Baixas? O que a senhora quer dizer com baixar? Tenho absoluta certeza de que tirei 97% nas provas.

    - E você acha que é uma nota alta, veja a sua irmã, ela sempre tira 100% em todas as provas, você deveria ser mais como ela.- Meu pai tinha entrado na conversa, eu realmente odeio tudo isso, minha irmã me olhava de longe com um sorriso no rosto.

    - Perdão, irei melhorar as minhas notas.- Disse enquanto levantava da mesa, iria pegar a minha mochila e ir para a escola.

    - Essa garota só me da desgosto.- Mesmo que eu não demonstrasse ouvir tais palavras ainda doíam, eu só queria que pelo menos uma vez, pudesse ouvir um elogio dos dois direcionado a mim.

     Logo subi as escadas as pressas indo em direção ao meu quarto, peguei minha mochila, coloquei meus fones e sai de casa, não suporto o ar tóxico que rodeia aquela casa. Decidi ir a pé para a escola, preciso respirar e caminhar talvez ajude. 

    Estava andando tão distraída que nem percebi quando alguém me abraçou por traz. Por ter tomado um susto acabei reagindo por impulso e dei uma cotovelada no estomago da pessoa que estava atrás de mim.