O começo

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05 de Novembro de 2021

Maya Moretti

"Quando penso que cheguei ao meu limite, descubro que tenho forças para ir além"
-Ayrton Senna

Essa é uma das frases em que sempre carreguei comigo, desde que eu a ouvi pela primeira vez. O automobilismo sempre fez parte da minha vida, uma das únicas coisas que meu pai me apresentou na vida, e que eu consegui ter um amor enorme. A Fórmula 1 é basicamente, a minha companheira.

As coisas na minha vida, nunca foram fáceis, eu cresci com pais narcisistas e abusivos, abusos verbais, que me destroiam a cada palavra em que ouvia. A vida nunca foi justa comigo, e então, por que agora seria?

Faltam poucos dias para o GP de Interlagos, meu maior sonho é ir em uma corrida, e trabalhar como engenheira da Ferrari ou Mercedes. Eu ainda tenho fé de que se realize, um dia irá.

Ah e meu nome é Maya Moretti, tenho 15 anos, sou morena, parda, com o cabelo liso na raiz e cacheado nas pontas. Tenho olhos castanhos e uma das coisas que mais gosto é meu nariz e meu sorriso, mas só isso mesmo.

Eu sou apaixonada pela Ferrari desde criança, e isso nunca mudou, apesar de as vezes torcer para Mercedes. Hoje a minha torcida vai para o Charles Leclerc, eu queria muito conhecê-lo, não é atoa que quando acontece algo bom, ou ruim, eu corro para contar em sua DM. Eu sei que ele nunca irá ver, mas eu me sinto bem fazendo isso!

Perdida em meus pensamentos, lembro que hoje ainda é sexta, poderia sair com "amigos", que na verdade, a maioria se interessa pelo o que posso fazer por eles, infelizmente, a minha "melhor amiga", é uma dessas pessoas.

Eu sempre preferi ficar sozinha, me sinto completa, eu posso falar sozinha, posso chorar, rir, ficar puta da vida, que ninguém iria ver, mas as vezes preciso sair desse inferno que chamo de "lar". Chega uma hora, que aquele lugar que todos denominam como um lar, ou a sua casa, nunca foi o que significou para mim. O meu "lar" é cheio de mentiras, falsas esperanças de que um dia isto vá mudar, a esperança de que as coisas mudem, ainda existem. Por mais que eu esteja acabada, cansada, eu nunca perdi as esperanças, eu quero lutar para sair daqui e parar de sobreviver contra os meus pensamentos.

Meu celular toca, já até sei quem é, Lisa, a minha "melhor amiga", ela vai querer sair, e como sempre quem irá pagar, irá ser eu, é por isso que ela ainda está aqui, se não fosse, ela já teria ido embora.

-Oi Lisa, o que foi?

-Maya, temos que sair de casa, vamos pelo menos na hamburgueria, pode ser?

-Claro, vamos dividir uber?

-Isso mesmo gatinha! Em meia hora você pede, pode ser?

-Pode sim, beijos.

Desligo sem deixar ela se despedir, estou meio cansada disto. Eu sinto saudades da única pessoa que foi minha melhor amiga de verdade, a Jully, mas a gente brigou, e agora não tem como voltar atrás.

Coloco uma calça preta, um top preto e coloco a jaqueta da Ferrari por cima, eu ganhei de aniversário da Jully, por incrível que pareça ela juntou dinheiro e comprou para mim. Me olho no espelho, dou um sorrisinho ao me ver com a jaqueta, e logo em seguida, vou até meu banheiro, faço a higiene bucal, e faço uma maquiagem leve, para esconder alguns roxos no meu pescoço, da briga passada com os meus pais, e para esconder que não tenho dormido direito a dias. Pego o meu vans preto, coloco, e em seguida saio do quarto.

Tenho que tomar cuidado com os meus pais, não faço ideia qual o humor deles hoje. Eu não tento ter muito contato com eles, qualquer coisa que eu fale, não dará certo. Dinheiro para eles, é mais do que a filha deles, sempre foi, eu cresci a base de chantagens e subornos, eu espero nunca ser igual a eles.

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