O Senhor Do Tempo

Aprendiz Mágico

Trev vinha todo dia à minha casa me ensinar. Comecei a aprender sobre a teoria por trás de fazer magia. Existem 4 tipos básicos de magia: Água, fogo, vento e terra.
Os Magos normalmente possuem aptidão para um elemento específico, mas isso não os impede de utilizar outros elementos. Trev disse que ainda era muito cedo para explicar sobre sua aptidão, e assim continuamos.

-Hoje vamos para o lado de fora, começar a prática. -disse Trev.

Então nos encaminhamos para o jardim. O jardim em volta da minha casa era cuidado por meus pais. Tinham flores de cor verde,amarela,azul e branco (algo semelhante as orquídeas do mundo humano). Como se fizessem uma cerca de entrada para macieiras azuis e laranjas turquesa, que apesar da cor diferente eram tão doces que só de olhar já me dava água na boca.

Me retirando de meu transe, ele começou a falar enquanto retirava algo que como um pincel de dentro do seu manto.
-Magia é simplesmente você transformar sua vontade em ação. No começo você vai precisar de uma certa ajuda para conseguir canalizar sua vontade, me dê sua mão.

Estendi minha mão para Trev. Ele pegou o pincel que já estava com tinta e começou a desenhar um símbolo na palma da minha mão.
-Este é o símbolo da água,tente pensar em como você quer que ela se materialize, se concentre.-ele disse

Depois de olhar toda a beleza do jardim, eu pensei que aguar as plantas seria um presente digno. Então, com a palma de minha mão erguida em direção ao jardim, me concentrei em criar um fluxo de água em direção a elas.
Mas nada aconteceu, passaram-se horas e não consegui absolutamente nada. Comecei a me cansar, estive a ponto de desistir. O sol começou a se esconder por trás das montanhas como anunciando o final do dia, e nesse momento um pequeno fio de água começou a fluir, não foi muito, para falar a verdade eu fiquei até envergonhado pelo pequeno fluxo que eu estava fazendo, achei que meu mestre iria ficar decepcionado comigo. Mas o que ouvi foram palmas.

-Parabéns meu jovem! É extremamente difícil conseguir projetar água, ainda mais nas primeiras tentativas.
Abri um sorriso largo, meu rosto irradiava felicidade. Meu corpo, porém, estava esgotado. Me deixei cair no chão por um momento.
-Acho que hoje foi o suficiente, amanhã vamos continuar praticando.
Dizendo isso ele rodopiou seu manto, girou nos calcanhares e se pôs a andar de volta à vila.
-Trev! Obrigado! -eu disse gritando a plenos pulmões na esperança de que ele me ouvisse.

Ele levantou sua mão com um gesto reconhecendo meu esforço, virou sua cabeça para mim e sorriu.

Após um curto intervalo de tempo em que permaneci sentado, absorvendo a sensação do que eu tinha feito e olhando para minha mão onde o símbolo desenhado por meu mestre ainda estava ali, me levantei e andei de volta para minha casa.
Minha casa não era muito grande, nem precisava, afinal morávamos só nós três ali. A sala tinha uma poltrona cor de gelo com flores azuis bordadas ao longo de sua extensão, em frente a ela tinha um sofá para não mais que quatro pessoas de cor vinho. Entre a poltrona e o sofá à esquerda, ficava a lareira, que só usamos no inverno (Aqui faz bastante frio no inverno) e em frente a ela tinha um tapete, ornamentado de acordo com a cultura élfica que minha mãe mesmo fez.
Passei pela sala e me encaminhei em direção à cozinha, estava com fome devido ao esforço que tinha feito. Meu pai e minha mãe já estavam sentados me esperando para fazer a refeição.

-Você parece cansado meu bem, o que houve? - disse minha mãe

-Trev começou a me dar aula prática de magia, foi incrível, mas me deixou exausto.-respondi

-Pegue isto.- disse minha mãe me estendendo um prato já arrumado de comida.
A comida élfica que minha mãe preparava era a melhor de todas.Folhas de diversas cores retiradas de sua horta e temperadas com especiarias retiradas da floresta que meu pai trazia para casa.

Comecei a comer e fui sentindo a energia retornar para meu corpo.
-Sua comida é mágica mãe! Já estou me sentindo melhor.
Meu pai sorriu e deu batidas gentis em minha cabeça como que aprovando minhas palavras.
-Parece que você está começando a entender os poderes secretos de sua mãe. - disse meu pai aos risos.
-Parem de bobeira, vocês dois, não tem nada de magia na minha comida, é simplesmente a barriga de vocês que está cheia e dá essa sensação de revigoramento. -retrucou minha mãe.
Se era magia ou não eu não sei, mas aquela comida me fez bem. Após terminar a refeição eu e meu pai começamos a arrumar a cozinha enquanto minha mãe se sentava descansando e nos observando como sempre fazia.

-Porque você não toca um pouco para nós antes de dormirmos, Josua?- disse meu pai.

-Hmm, só um pouco, eu queria descansar para poder estar disposto amanhã. respondi.

Então, me levantei e fui em direção ao meu quarto e apanhei a flauta de madeira que estava no mesmo lugar de sempre.
Quando voltei a sala, meu pai já estava sentado na poltrona e minha mãe no sofá. Me sentei de pernas cruzadas sobre o tapete e comecei. Foi uma bela melodia, com ritmos suaves e fluidos. Quando cansei, tirei a flauta da boca e repousei ela em cima das minhas pernas. Meus pais aplaudiram, como sempre o faziam, afinal tudo que eu fazia para eles era maravilhoso.

-Bem, agora vou deitar. Boa noite pai, boa noite mãe.-disse eu já me espreguiçando e soltando um pequeno bocejo.

-Boa noite filho! -responderam meus pais em uníssono.

O dia seguinte transcorreu da mesma forma que o anterior, eu e Trev fomos para o jardim, ele desenhou um símbolo em minha mão e eu me concentrei até o sol se pôr. O filete de água que consegui materializar dessa vez foi um pouco maior. E assim os dias se tornaram semanas, até que após um mês eu consegui fazer com que saísse água em uma quantidade satisfatória.
-Parabéns meu jovem, você finalmente conseguiu dar o primeiro passo.-disse Trev
Não deixando de me sentir exausto eu balancei a cabeça concordando.

-É difícil, mas eu consigo! -respondi.

-Amanhã vamos dar o próximo passo.Você já entendeu mais ou menos como isso funciona, então daqui pra frente as coisas se tornarão mais fáceis,acredito eu.- disse Trev.

Estava dando o máximo de mim e por isso me sentia extasiado em pensar no que aprenderia daqui pra frente.