Sozinho

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"Sei que faço isso pra esquecer
Eu deixo a onda me acertar
E o vento vai levando tudo embora"

– Legião Urbana

– 🥀 –

Ele não se sentia feliz

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Ele não se sentia feliz.

Na verdade, fazia um tempo que Ichimatsu não sabia o que era se sentir genuinamente alegre. Talvez tenha sido quando ele foi naquele restaurante novo com os meninos ou acariciou um filhote de gatinho que estava perdido ali por perto, mas isso tudo parecia muito distante agora.

Às vezes, era fácil só se perder dentro de pensamentos. Deixar aquele vazio tomar conta de si, agir como se não fosse importante, como se não existisse, como se ele não existisse.

Ichimatsu odiava se sentir deprimido, mas a tristeza era uma velha amiga, lhe fazia se sentir alguém  e não a casca de algo. 

Ele queria chorar, queria gritar, queria fazer alguma coisa, sentir alguma coisa além daquela solidão. A solidão que habitava dentro de si e o devorava dia após dia como um monstro.

Mas Ichimatsu não tinha mais voz ou lágrimas para aquilo, então lhe restava apenas ser apático.

Quando criança, Ichimatsu costumava pensar bastante sobre amor. Ele gostava de imaginar que teria um romance de conto de fadas, onde seria amado e adorado incondicionalmente e, finalmente, teria o seu felizes para sempre.

Mas o amor não era para pessoas como ele, Ichimatsu aprendeu isso na marra. O amor era apenas para coisas bonitas e felizes, e ele não era uma dessas coisas.

Ele era como um cacto, afastando todos com seus espinhos. Ele não merecia ter alguém, embora, ainda no fundo, tivesse sonhos reprimidos sobre almas gêmeas e finais felizes.

"Ei, Ichi! Você não está prestando atenção no jogo"

De repente, a voz estridente - e um tanto indignada - de Jyushimatsu lhe tirou de seus pensamentos. 

"Desculpa, Jyu. Acabei me distraindo" 

Seus irmãos não costumavam reparar muito em seu comportamento, eles consideravam o seu jeito indiferente como algo de seu humor habitual, mas Jyushimatsu era diferente deles. Ele sempre sabia, mesmo que não dissesse.

Então não foi uma surpresa quando Jyushimatsu simplesmente parou, olhou em seus olhos e lhe abraçou dizendo:

"Ei, tá tudo bem. Quando quiser conversar, estou aqui, irmão!!" O seu tom de voz ainda era estridente e animado enquanto sussurrava isso em seu ouvido, mas tinha uma suavidade de quem queria mostrar que suas palavras eram sérias.

"Agora vamos voltar ao jogo!" E logo desfez o abraço e se sentou em seu lugar no canto do sofá. Foi impossível para Ichimatsu não esboçar um sorriso com essa atitude boba do irmão.

É, talvez ele não estivesse feliz no momento, mas poderia fingir um pouco.

"Eu vou acabar com a sua raça, moleque."

Vento no LitoralOnde histórias criam vida. Descubra agora