Praia.

124 13 16
                                    

Olá, seja bem-vinda/o/e ao último capítulo dessa história. Peço perdão por qualquer erro grotesco, pois ainda não revisei. Boa leitura!

Na manhã seguinte, quando o intervalo se iniciou, te vi cruzando o campus da faculdade com uma mochila em seu tronco e ao se aproximar de mim você retirou de dentro da mochila uma garrafa — ENORME, vale pontuar — de café. Algumas pessoas riram quando você se ajoelhou em minha frente antes de me entregar o café.

Você sorriu e não me disse nada, apenas saiu correndo feito primata preparado para enfrentar a selva (fila do ru). Mais tarde naquele mesmo dia, quando a noite caiu e a última aula estava prestes a começar, eu deixei a sala de aula e aguardei você aparecer, jogado em um dos bancos de concreto do meu bloco.

— O café estava de seu agrado, Kras? — Você indagou, se aproximando com seu sorriso.

— Me surpreendeu, na verdade. Imaginei que você iria me entregar um café morno por conta do que eu te disse ontem…

E isso te fez rir, o som de sua risada era algo gostoso de apreciar, me fazia querer rir junto a você.

— Confesso que a ideia passou pela minha cabeça. Foi tentador, mas eu não o fiz, te disse que você não iria se arrepender, não disse?

— Sim, El. Você disse. Agora será que pode me dar uma pista do lugar que vai me levar? — Eu perguntei e você negou.

— Pensei em dar uma pista, mas graças a esse apelido ridículo, você só vai saber quando chegarmos lá — devolveu.

Você quis me levar em seu carro do ano com a justificativa de ser um trajeto longo e acabei aceitando, afinal, não me faria mal desfrutar das boas oportunidades que a vida me proporciona. Durante o percurso, você me deixou escolher as músicas e dialogamos sobre a vida.

Acabei descobrindo que havia muito mais sobre Mitchel Cave que as pessoas não conheciam, além da sua paixão por jogos universitários, esportes e festas.

— Não me enxergo como um futuro arquiteto, Kras. Já pensei em ser tatuador, artista… mas também não levo jeito pra isso, eu não me imagino como médico ou ocupando um cargo importante numa empresa. Na verdade, eu gosto de jogar, provavelmente vou me tornar um streamer e me dedicar bastante para não ser flopado e encontrar uma forma de pagar as minhas contas.

— Bom, se é isso o que você realmente quer, então invista nessa carreira, Cave. Você tem lábia e um certo carisma, pode se sair bem — Eu respondo e você ri.

[...]

— O "lugar foda" então é a praia, El?! — Comento quando saímos do carro. — Não discordo sobre ser um bom lugar, mas pensei que você fosse ser mais original. Afinal, se quer ser streaming, vai ser necessário certa originalidade quando for jogar os mesmos jogos que as outras pessoas do ramo; vai precisar ter o seu diferencial.

— E vou ter! Você mesmo disse que eu tenho carisma, e, bem… eu trouxe você aqui e agora — segurou minha mão enquanto ditava o caminho que fazíamos na areia de pés descalços. — Porque a praia noturna é mais silenciosa e bela, de certo modo. Podemos observar melhor a lua em toda a sua beleza.

E foi então que eu desviei minha atenção para o satélite, e não iria admitir em voz alta, mas Mitchel tinha razão. A lua estava linda naquela noite. As luzes da cidade naquela distância, pareciam as estrelas daquele céu límpido adornado pelo brilho da lua minguante.

— Aonde você vai, El? — Eu indago de modo retórico ao vê-lo retirar a camiseta e calça, fazendo menção a entrar na água.

— Entrar na água, Kras. Vem comigo! — Convidou e então eu neguei, me coloquei em sua frente.

— Nem pensar, El! Você vai acabar pegando uma gripe! — Apontei meu dedo em seu tronco desnudo e você riu em deboche.

Você tentou seguir até o mar ainda sim, mas eu segurei seus braços para impedi-lo. Nossos corpos estavam próximos, meu olhar estava perdido na imensidão de suas íris quando você resolveu me beijar pela primeira vez. E eu permiti; aprofundei o beijo e me entreguei ao contato.

Era inegável a atração que eu sentia por ti; e pensei que nós dois não iríamos passar de algumas simples ficadas, mas quando me descobri apaixonado por você e seus métodos baratos de conquista, sabia que minha vida não seria mais a mesma dali em diante.

De repente, num dia qualquer de maio, você apareceu em minha casa todo perfumado, apresentável e com um buquê de lírios para minha mãe e um cacto para mim, pois no dia anterior eu havia dito que gostava de cactos.

Você almoçou com minha família aquela manhã, encantou meus pais e soube manter o diálogo na mesa leve, disposto a evitar qualquer constrangimento. Meu coração batia rápido, meu corpo emanava sinais de perigo iminente, mas acreditava com cada fibra de meu ser que iria ser capaz de tapar o sol com uma peneira minúscula.

No início, depois que você me pediu em namoro, tudo parecia bem. Parecia certo. Mitchel Cave, eu acreditei que você fosse ser a pessoa certa para mim. E naquele momento você foi essa pessoa; não poderia pedir por um namorado melhor.

Os sonhos que construímos juntos para realizar num futuro distante, tudo que você me fez acreditar que ainda iríamos viver me parecia correto. Entretanto, eu sabia do seu emocional. Você nunca me escondeu suas questões. Sobre o quão estilhaçado o seu emocional era, e pensei que você iria ficar bem, que nós iríamos ficar bem apesar de tudo.

Mas então, quando o fogo da paixão se apagou e o amor surgiu, quando eu decidi me entregar a você e zelar pelo relacionamento apesar de nossas discussões triviais, você fugiu. Soltou a minha mão que segurava a sua com tanta força e amor e foi em busca de algo momentâneo, algo que afastasse esse medo que você sente de se relacionar mais profundamente com as pessoas.

Então quando você foi me deixar em casa num domingo à noite, me abraçou, eu te abracei fortemente e te beijei com todo o meu amor. Porque senti que aquela seria a última vez em que estaríamos tão próximos e em paz assim, mesmo que seu coração não estivesse tão em paz assim.


Obrigado por ter lido até aqui.

A Última Vez ⭑ Manthony.Onde histórias criam vida. Descubra agora