"Você Sabe que é Verdade"

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Akutagawa não estava tendo um bom dia. Pelo contrário, se ele encontrasse mais algum obstáculo na sua frente, ele poderia muito bem simplesmente surtar e começar a usar Rashoumon para destruir tudo que visse.

Era dia dos namorados. E Atsushi existia.

O dia mais romântico do ano chegou e Akutagawa - abertamente gay, demissexual e solteiro - não poderia se importar menos. Tudo o que queria era poder aproveitar seu momento de folga - em vista de que seu superior, Chuuya, havia decidido fugir de suas tarefas para aproveitar o dia com uma companhia que todo mundo fingia não saber quem era.

Mas, como nada vem fácil para a vida de Akutagawa, seu chefe resolveu encarregá-lo de todas as tarefas que ele não planejava fazer em qualquer futuro próximo.

Em conclusão, chegamos ao seguinte cenário: as ruas recheadas de decorações que vazavam de dentro para fora do que parecia ser todas as lojas existentes em Yokohama, assim como casais apaixonados ocupando todas as calçadas.

Não importava para onde Akutagawa olhava, o mundo exalava amor, da forma mais superficial e exagerada que ele já vira. Não era preciso ser o melhor detetive do mundo para afirmar que o Dia Dos Namorados era o seu feriado favorito para odiar.

Akutagawa não tinha nada contra atos de romance - sentia-se totalmente indiferente sobre, para ser sincero; ele não se opunha à ideia de que algum dia pudesse se apaixonar. Mas a questão não era essa.

O problema, de fato, era que Akutagawa preferia estar fazendo tudo, exceto por ter que passar o Dia dos Namorados na presença de Atsushi Nakajima enquanto resolvia o caso de algum outro criminoso de baixa qualidade que tinha sido burro o suficiente para irritar tanto a Máfia do Porto quanto a Agência de Detetives Armados.

Akutagawa olhou para seu parceiro e quase se assustou ao ver a feição animada em seu rosto.

Ele bufou, revirando os olhos. É claro que Atsushi seria um romântico irreparável.

- Você podia sorrir de vez em quando, sabe - disse Atsushi, surpreendendo Akutagawa ao perceber que ele o encarava. - Franzir tanto as sobrancelhas deve fazer algum mal.

- Cala a boca, Jinko - Akutagawa respondeu, sem estender o assunto e apressando seu passo. - Nem sei o que você acha de tão interessante em um evento desses.

Atsushi deu de ombros.

- Então - recomeçou Atsushi, deixando claro que não calaria a boca -, você não está livre essa noite, certo?

Akutagawa parou em seu passo, encarando-o confuso; suas sobrancelhas mais franzidas do que nunca.

- Se você está aqui em vez de Chuuya, acredito que ele fez você assumir todas as responsabilidades dele pelo dia, não? - agora era a vez de Atsushi olhá-lo em confusão.

Oh. Akutagawa segurou-se para não soltar um risinho de sua própria estupidez. Óbvio que Atsushi não estaria o convidando para um encontro no Dia dos Namorados. Ele provavelmente já tinha seu próprio compromisso com outra pessoa, de qualquer forma.

E não era como se Akutagawa aceitaria, também!

- Dazai enviou você para ficar de bobeira? - Akutagawa virou-se para retomar seu caminho.

Malditos pombinhos apaixonados.

Atsushi soltou uma risada que parecia ter sido feita para dar nos nervos de Akutagawa, especialmente pela forma que acelerou seu coração e distraiu-o de seu passo.

Você Sabe que é VerdadeOnde histórias criam vida. Descubra agora