Prólogo

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Observava de lado a garota escrevendo em seu laptop, enquanto falava para si o que escrevia.

– "(...) então a jovem se encheu de coragem para enfrentar aqueles olhares que caiam sobre si. (...) – Eu vou conseguir! – Disse para si confiante enquanto pegava sua viola" – A ruiva suspirou olhando para Minato. – O que você acha? Está ficando bom? Ou seria melhor reescrever?

– Para mim parece estar mais do que ótimo. – Sorriu.

– Você sempre me diz isso. – Ela faz um bico adorável, arrancando um risinho do loiro, que aperta sua bochecha.

– Porque é verdade, Kushi. Você escreve muito bem! Eu, particularmente, adoro suas histórias. – Elogiou-a enquanto acariciava o topo de sua cabeça, recebendo um sorrisinho em troca. – Eu acho você uma escritora perfeita!

– Eu não me acho assim tão boa mas obrigada por me incentivar a continuar escrevendo! Por isso você é meu melhor amigo! – Foram palavras inocentes, mas quebrou um pouco mais o coração do loiro. Ele a amava profundamente, para ele, Kushina era a garota mais perfeita de sua vida e queria poder passar o resto da sua vida, mas também sabia que jamais poderia ser correspondido por ela.

Até mesmo cogitou em se afastar dela até esse sentimento passar, mas seria incapaz de a abandonar por puro egoísmo – e era o que ele achava que era. Também não poderia correr o risco de botar seus reais sentimentos em jogo, uma vez que isso provavelmente acabaria com a amizade que tinham a tanto tempo...

Balançou a cabeça espantando os pensamentos e deu mais um de seus lindos sorrisos radiantes – e em sua maioria, falsos.

– Acho que está bom por hoje. Bem, deve ter coisas para fazer da sua faculdade e eu estou aqui te incomodando, então vou sair e deixar você em paz. – Disse enquanto salvava o arquivo e desligava o laptop.

– Para falar a verdade, não tenho nada para fazer da faculdade. Já terminei tudo ontem. – Sorriu de canto.

– Ah, certo. Se é assim, que tal a gente ir assistir um filme? Você está me devendo uma maratona de filmes! – Propôs na porta do quarto do rapaz pronta para sair, com seu aparelho em mãos.

– Claro, porque não?

– Certo. Dessa vez eu escolho o filme e você faz algo para a gente beliscar enquanto assistimos! – Não deu nem tempo para ele dizer algo que já tinha saído do quarto dele indo para o seu. Ele suspirou mais uma vez, balançando a cabeça. Discutir com Kushina era pedir pra perder.

Desde que entraram na faculdade em uma cidade diferente da que moravam, começaram a dividir um apê. Era melhor para ambos, se ajudavam e não ficavam solitários na cidade grande. Não foi surpresa para ninguém quando eles foram morar juntos, todos acreditavam que eles iriam assumir um relacionamento, mas Kushina continuava afirmando veemente e de pés juntos que não envolveria romanticamente com ninguém, muito menos com seu melhor amigo. Não que não gostasse dele, muito pelo contrário amava ele, mas era mais um sentimento fraterno, o via como um irmão, e sem perceber, o deixava cada vez mais triste por isso, mesmo sem saber.

Quando viu que estava sozinho, deixou que algumas lágrimas escorressem pelo seu rosto. Nem sempre era forte para conseguir esconder aquele sentimento negativo que sentia dentro de si, mas nunca deixou Kushina saber disso, sempre disfarçava com um lindo sorriso apenas para não a deixar preocupada com coisas tão banais quando seus sentimentos. Tudo acabava girando em torno dela, e não ligava em se machucar, desde que aquilo fosse o melhor para Kushina e sua amizade com ela.

Minato era bondoso demais. Ele sempre via os outros como prioridade, nunca se importava como o que sentia desde que visse os outros que amava bem, e poderia sofrer sozinho, como foi na sua pré-adolescência, quando redirecionou todo o bullying que estava sendo direcionado a ela para si mesmo, e claro, que era mil vezes pior do que faziam com ela. Eram piadas, xingamentos e agressões direcionados a ele, e demorou para que ela descobrisse que isso estava acontecendo. Nunca tinha visto ela chorar tanto quanto havia chorado naquele dia, se culpando por ter deixado aquilo ter acontecido com ele, e que foi fraca o suficiente para isso. Talvez tenha sido aí que os tais sentimentos fraternais que ela sentia por ele começou a nascer, talvez a necessidade de o proteger – mesmo que ele fosse completamente capaz de fazer isso sozinho, e apenas não fazia para que todo o bullying voltasse para ela – como se fosse um irmãozinho mais novo.

Ficou longos minutos assim, deixando as lágrimas escorrerem por seu rosto em silêncio enquanto sentia seu peito se aperta dolorosamente dentro de si. Reprimir sentimentos assim por muito tempo fazia mal à saúde, tanto a mental, quanto a física, mas parecia que o loiro fingia que não era nada demais, não se cuidava, passava por coisas ruins em silêncio, mesmo que algo dentro de si implorasse para que ele pedisse ajuda, não fazia nada... e por causa disso ele ainda iria adoecer.

Por fim, enxugou o rosto com as mangas da blusa e saiu do quarto, indo o mais rápido possível para cozinha sem querer se encontrar com a ruiva ainda. Jogou a água gelada da torneira no rosto e enxugou com a blusa mesmo, precisava disfarçar sua cara de choro.

Pegou uma panela dentro do armário e um pacote de pipoca, junto com açúcar, achocolatado, óleo e manteiga – Kushi tinha gostos peculiares em relação a isso.. Colocou um pouco de óleo e colocou na panela – que já estava no fogão –, a pipoca, um pouco de achocolatado, açúcar e por fim uma colhe de manteiga e ligou em fogo baixo. Misturou um pouco para não ter problemas sobre algumas não estourarem e para ficar totalmente doce fechou a tampa.

Após vinte minutos, desligou a panela e colocou na pia. Destampou com cuidado e colocou o conteúdo dentro de uma bacia e fez um suco de saquinho de uva e por fim, se dirigiu até a sala de estar e colocou tudo em cima da mesinha de centro.

Kushina já tinha pego um cobertor de casal bem fofinho do qual eles usavam para assistir filmes quando estava em um clima frio e chuvoso, como estava naquele dia. Ele sorriu minimamente ao ver que ela estava já prontinha para assistir ao filme.

– Qual você escolheu?

– Invocação do Mal 2. Estava com vontade de assistir já faz um tempinho, e hoje parece um dia perfeito para isso. – Ele fez uma careta, não gostava de filmes de terror, na verdade, ele morria de medo de filmes de terror como esses, mas faria um esforço pela ruiva que sorria abertamente, mesmo que isso significasse que perderia algumas noites de sono com pesadelos sobre o filme.

Sentou-se ao lado dela d'baixo das cobertas junto a ela que o abraçou e apenas assistiu ao filme.

[...]

Estava tudo escuro, era por volta de 10 da noite. Kushina tinha adormecido a meia hora e estava deitada sobre Minato, dormindo tranquilamente como se fosse um bebê. O loiro observava o teto pensando enquanto fazia carinho nos cabelos ruivos da moça. Estava se sentindo estranho, algo dentro de si estava errado, e não era algo emocionalmente – como já estava acostumado a sentir. Seu estômago se revirava, mas não necessariamente tinha vontade vomitar.

Para evitar problemas futuros, ele se levantou com cuidado e a pegou nos braços, a deixando no quarto dela e a cobrindo. Deixou um selar em sua testa e saiu, indo arrumar toda a bagunça que tinham feito na seção de filme.

Levou tudo para a cozinha e lavou a louça, enquanto sentia a sensação em seu estômago se intensificar, começando a realmente dar ânsia, mas continuou ignorando. Após limpar tudo e arrumar a sala, foi para o próprio quarto, se deitar um pouco.

Pôs a mão na própria testa e sentiu que estava quente. Droga, não poderia ficar doente logo agora!

Fechou os olhos tentando ignorar o que sentia, pensava que se tirasse um cochilo quando acordasse estaria se sentindo melhor. De qualquer forma, só iria ao hospital em último caso, não poderia se dar ao luxo de faltar a faculdade ou de preocupar sua amiga. Sempre fez isso, e não seria agora que iria mudar.

Os minutos se passaram e não conseguia adormecer, e a medida que ia passando o tempo ele ia sentindo uma grande vontade de vomitar, da qual não teve nem tempo de levantar da cama e ir ao banheiro. Apenas se inclinou para fora da cama e vomitou. Se repreendeu mentalmente uma vez que teria de limpar depois. Mas quando olhou se surpreendeu. Não era restos de comida... era...

... Pétalas de jasmins murchas. 

Malditas FloresOnde histórias criam vida. Descubra agora