do sonho ao pesadelo!

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Simone tebet

cheguei na corporação  todos me olhavam com preconceito ... a não, uma mulher bombeira? escutava  dos homens machões fardados 
fui conquistando aos poucos meu espaço, em dois meses já estava sendo reconhecida pelo meu trabalho eficiente, meus colegas de farda foi se acostumando comigo e sempre vinham pedir para ensinarem as técnicas novas aprendidas por mim em meus cursos,  sempre coloquei minha prioridade de salvar vidas ao centro de tudo, passava noites sem dormir com os casos mais difíceis e as percas mais dolorosas que passavam  em meus braços, chorava todas as noites,  precisava de um abraço e não tinha, mas meu coração gritava "vai  bombeira"... 

era isso, apenas isso, sonhava desde pequena em ser alguém com coragem, forte salvar a todos a todo momento, minhas brincadeiras de infância  era ajudar as pessoas, os animais de qualquer possível acidente,  o meu coração apertava de tanta vontade  pois o único maior sonho é ter uma família e ter o emprego que eu tanto amo
minha família me chamava de mini bombeira, andava com meu capacete que era do meu pai onde trabalhava nas suas construções como auxiliar de pedreiro e sai correndo pela casa com um barulho simulando uma sirene, passei por muitos obstáculos e ainda eu passo, mas  o dom que Deus me deu para salvar vidas foi além de qualquer obstáculo que a vida me trouxe, a vida apontava sempre para o mesmo caminho, a que eu estou!

  minha ficante fixa  Leila que estava comigo a quatro meses morava perto de mim,mas pouco nos vimos
sempre fui uma pessoa  sozinha, meu pai me apoiava em minhas escolhas, dizia sempre que queria me ver feliz e ser aquilo que meu coração mandasse se tudo fosse feito com amor,  me educava para ser uma boa menina e respeitasse todos igualmente, nunca desvalorizar ninguém pela sua forma de ser e agir, era um homem maravilhoso  sempre dizia que ficaria orgulhoso de me ver com uma família e quando ficasse maior ele estaria do meu lado,  para me aplaudir de pé, mas não foi concretizado, meu pai morreu quando eu tinha 22 anos, causa da morte em seu registro de óbito, foi prescrito como infarto agudo do miocárdio " famoso AVC" 

a minha dor era imensurável, meu único protetor meu amigo o amor da minha vida se foi e levou consigo o meu coração, eu sofri quieta  mas com os pés no chão, como ele não estava mais em minha vida só faltava seguir o seu legado, " seja herói da sua família, sorria e coloque Deus no centro de todas as coisas".

minha mãe era uma jovem senhora quieta, muito religiosa e amava meu pai, cuidava de nós com todo amor e carinho, eu e minha irmã Fernanda,  até que ouve o falecimento do meu pai e minha mãe se fechou para tudo e todos, minha mãe na nossa frente se manteve forte mas era só chegar ao virar da noite, em seu quarto minha mãe desabava, toda a felicidade que existia, morreu junto ao meu pai, celebrações importantes era apenas um dia comum de todos os dias, as brigas em casa se tornaram frequentes, até então por motivos tão banais mas o convívio em casa era somente ódio 

aos 24 anos fui morar sozinha ainda na cidade dos meus pais  em  Gênova,  minha mãe de começo  usou poucas palavras disse que não iria conseguir me sustentar sozinha que precisava de um bom macho para pagar as contas, mas mesmo assim disse para mim ir e ver com meus olhos que eu iria quebrar a cara em poucos meses,  até que não, ainda estou aqui trabalhando e pagando minhas contas e falando com minha mãe como se aquelas palavras não tivesse construído um muro em meu coração, e
  prefiro ligar do que ir em sua casa ouvir desaforos, minha irmã Fernanda era a princesa da minha vida sempre ficava do meu lado me dando apoio  sempre protegendo da nossa mãe, claro que sempre tínhamos algumas desavenças de irmãs, mas o amor era maior que qualquer coisa

 acredito que a maior  desavenças começaram quando fiquei  com   Leila, aí que minha mãe  surtou de vez, disse que era uma vergonha, não criou filha para ser "homem" que minha profissão e minha sexualidade era coisa do demônio é claro que isso tudo doía meu coração mas o certo a se fazer era seguir minha vida eu mesma, e sozinha!

firefighter - Simone e Soraya Onde histórias criam vida. Descubra agora