a loja de plantas de kim taehyung, vmin

2. poças d'água

park jimin contava as cédulas cuidadosamente em sua carteira, iria hoje pagar taehyung. se sentia um abusado por ter esquecido o dinheiro, mas sua missão fora cumprida em conhecer o lindo e atraente garoto de avental. jimin sentia orgulhoso disso, finalmente foi corajoso e seguiu o conselho de seu irmão mais velho e pôde sentir cada sensação que ele detalhou.

ao conhecer taehyung, sentiu no fundo do coração que poderia viver novamente esse frio na barriga, queria conhecê-lo a qualquer custo, nem que seja pra uma amizade apenas. porém, naquele momento, jimin percebia que estava gostando muito daquele garoto desajeitado de avental.

olhava no espelho procurando algum defeito, tinha o péssimo hábito de fazer isso quando estava inseguro. ano passado, no último ano de seu ensino médio, havia começado a gostar de um garoto da sua sala, kim namjoon. porém, ninguém havia tomado uma atitude e ambos seguiram seu caminho depois disso. desta vez, jimin prometeu a si mesmo que não iria desistir do amor, que iria se importar menos com aquela espinha desavisada ou com uma manchinha incomum na pele. às vezes, deixava até de fazer coisas que queria por conta de sua preocupação com alguma imperfeição, como inclusive, ter dito o que sentia para namjoon.

— estou lindo hoje. — auto afirmava, espalhando um sabonete de argila verde por sua pele clara, massageando em círculos para o produto ser bem absorvido. amava cuidar de si, ser ele mesmo era seu maior tesouro, cantarolava baixinho enquanto secava seu rosto até direcionar um olhar satisfatório para seu reflexo no espelho. em segundos depois, o som de milhares de gotas percorrem o telhado e logo mais os tímpanos de park jimin.

estava chovendo. droga.

chovia forte e o park olhava impaciente esperando a chuva passar. perguntava para si mesmo se não atrapalharia taehyung em puxar assunto com ele nem que seja por poucos minutos. queria vê-lo logo, sentir saudades dele seria algo estranho? assim, olhou novamente pra sua calça moletom preta, camiseta listrada e partiu para fora do quarto. seus pés desciam os degraus da escadaria rapidinho, emitindo um barulho ritmado enquanto procurava com os olhos o guarda-chuva.

— omma tá com o guarda-chuva se é o que você está procurando. — jin avisa, assustando o garoto que deu um pulinho de surpresa ao ver seu irmão no topo do lance de escadas. — e vai pra onde nesse temporal, mocinho? — jin arqueia a sobrancelha.

— vou ver o taehyung, ele é meu amigo lá da lojinha de cima. — jimin aponta para os sete ventos, pretendendo apontar ao lugar certo: a lojinha de plantas. o mais velho apenas assente e dá um sorrisinho pequeno. ele sabia que não era apenas um amigo comum para jimin, em pouco tempo, era alguém especial e sentia-se feliz ao vê-lo apaixonado. havia notado quando jimin voltara pra casa dias atrás com um vaso de lavandas em mãos, sorria para aquelas flores como se fossem uma relíquia perdida por séculos. dia após dia, jimin a cheirava e cuidava como uma filha querida, afinal, taehyung fez a gentileza de confiar os ramos mais bonitos da flor para o park.

— divirta-se, pequeno. cuidado com a chuva, minie. — jin adverte, lançando uma piscadela de "boa sorte" para seu irmão mais novo, que já estava encarando o vidro da janela da sala ser atingida por inúmeros pingos d'água.

sem mais delongas, a porta é aberta. o cenário caótico dominava o campo de visão de jimin, gotas de água respingavam na ponta de seu par de tênis da vans e o ar geladinho ruborizava suas bochechas. seria arriscado, mas correria em meio à chuva até a lojinha de tae. seus joelhos dobram, ele respira fundo e conta até três.

um. olhava fixo para a portinha que o dividia de seu quintal e a rua. dois. tentava calcular a distância da rua até a lojinha, uns 40 passos? dois e meio. perguntava a si mesmo se iria se molhar muito. três! corria em disparada sentindo gotículas de água o invadirem por inteiro. seus fios se molhavam pouco a pouco e sua camiseta escurecia com pequenos pontos úmidos caídos do céu. tentava não escorregar e não cometer a gafe de se espatifar no chão molhado.