A Conversa

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Despedi-me das crianças e fui guiado por Enji até a porta, o ar frio atingiu meu rosto, respirei fundo e me virei para olhar Endeavor, ele estava olhando para mim, seu rosto sereno com um pequeno sorriso no rosto lábios.

  "Enji...", sussurrei olhando para o homem a minha frente, ele ergueu uma das sobrancelhas em questão. "Eu não sabia que você estava falando sério."

  "Sobre o quê?", ele perguntou parado na frente na minha frente.

  "Depois que você fosse um herói rico você não iria dirigir um carro, teria um motorista à sua disposição", comentei em tom de humor. Observando enquanto ele desviava os olhos de mim.

  "Vou ligar para ele". Ele respondeu rapidamente tirando o celular do bolso da calça.

  "Não", eu disse colocando minha mão em seu celular, chamando a atenção do ruivo.  "A conversa que vamos ter não pode ter mais ninguém por perto."

  Ele suspirou, olhando para seu rosto e colocando o telefone de volta no bolso. Enji caminhou para ficar ao lado dele, colocando uma mão na parte superior de suas costas, empurrando-o gentilmente para frente, encorajando-o a andar.

  "Onde é o seu hotel?", Enji perguntou.

  "Perto da sua agência, sabe aquela cafeteira pequena que a gente ia?" Eu perguntei, olhando para Enji que assentiu, "Então, é o único hotel por lá."

  "Eu sei de qual você está falando," ele respondeu olhando para a esquina que viramos, "E aquele café fechou logo depois que você foi embora."

  "Ah, que triste, eu adorava a moça que trabalhava lá", comentei olhando para o chão que pisava. "Enji...".

  "Sim, B/n?" ele respondeu sem olhar para mim.

  "Me desculpe por ter ido embora naquele dia, eu não deveria ter te deixado... Rei e as crianças, não depois que Touya morreu", eu disse sem olhar para ele, minhas mãos foram ao bolso da calça, senti o maço de cigarro, brinquei com um cigarro que tirei da caixa.  Tirei-o do bolso e coloquei-o na boca, procurando o isqueiro nos bolsos de trás da calça, mas não o encontrei.  Tirei o cigarro da boca e olhei para Enji, "Você se importa?"  Eu disse levantando o cigarro em direção a ele, vi quando ele levantou a mão e o fogo percorreu a pele dele, guiei o cigarro até as chamas e acendi, levando-o à boca e sugando a fumaça para os pulmões.

  "Desde quando você fuma?" ele perguntou, ignorando totalmente o que eu havia dito antes.

  "Faz muito tempo, talvez quando eu fui para o Brasil... Sinceramente? Não me lembro", respondi olhando-o com o canto do olho.

  "Você deveria parar de fumar", comentou.

"Vou pensar sobre isso", traguei o cigarro e depois sobrando a fumaça para fora da minha boca. "Por que as coisas não deram certo entre nós?", perguntei, já sabendo a resposta, mas querendo ouvi-la da boca dele. "Você queria ser um herói e conseguiu, você queria ter filhos e eu não pude dar isso a você" eu disse olhando para ele, mesmo assim Enji não me olhou nos olhos. "Você foi atrás de um casamento arranjado com a Rei, você sabia que a peculiaridade dela seria compatível com a sua, você engravidou ela, você teve o Touya... Mas isso não foi o suficiente".

  "B/n...", ele sussurrou virando o rosto para me olhar.  "Sinto muito, me arrependo de tudo, lamento profundamente ter terminado tudo entre nós para perseguir minha ambição."

  Parei quando chegamos ao hotel, parado em frente à porta de vidro, joguei o cigarro em uma lata de lixo próxima, virei a cabeça em sua direção e continuei: "Podemos continuar conversando no meu quarto se você quiser...  "

  "Não obrigado, amanhã de manhã tenho que ir na minha agência. Até B/n", ele disse virando-se e voltando por onde viemos. Eu sabia que teríamos que voltar a nós ver, a nossa conversa ainda não terminou.

  Desviei os olhos dele e entrei no hotel, fui até a recepção e dei meu nome para pegar a chave do quarto, caminhei devagar até o elevador e apertei o botão do andar em que ficava o quarto. Saí do elevador e caminhei rapidamente até meu quarto provisório, abri a porta às pressas, quando a porta se abriu entrei rapidamente, fechei e tranquei a porta atrás de mim. Eu andei pela sala e vi minhas malas em um canto, eu as trouxe um pouco antes de vir oficialmente.

  Respirei fundo, caminhando até o banheiro, abri a torneira e deixei a água escorrer pelos meus dedos. Ergui a cabeça e vi meu reflexo no espelho, minha antiga aparência me lembra tempos perdidos, os anos que estive atrás de um homem por quem estava completamente apaixonado, os anos que o vi construindo sua própria família e destruindo-a aos poucos.

  Molhei o rosto com a água gelada, esfreguei os olhos ao sentir meus olhos se encherem de lágrimas. O tempo perdido jamais seria recuperado, a dor que senti em meu coração superou a dor de saber que não tinha ninguém, nem família, nem ninguém que eu amasse ou filhos para ensinar.

  O tempo foi passando junto com a minha vida, me arrependo de não ter ido embora antes. As últimas palavras que Enji me disse anos atrás percorriam em minha mente. "Eles não são os seus filhos! Então, não haja como se fossem".

  Eles nunca seriam nada meu, além de conhecidos.

  O meu reflexo mostrava a minha realidade que tentei por tanto tempo não aceitar. Tinha uma pergunta que eu teria que fazer para o Endeavor, a pergunta que faria eu decidir qual seria o meu futuro.

Você por acaso já me amou, Enji Todoroki?

Você por acaso já me amou, Enji Todoroki?

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