Olá, pessoal, como estão?
Espero que bem!
Boa leitura!
*
DESESPERO
Meu corpo ferve.
Minha garganta está seca, por mais que eu tome doses de um mel picante a cada segundo.
Engasgo.
Minha boca pinica.
Meus lábios trepidam sobre meus dentes.
Minha visão está turva.
Febre.
Meu peito retumba.
Pelos eriçados.
Poros dilatados.
Uma cortina de arrepios cai sobre meus braços, derrama-se sobre minha nuca.
Respiro fundo, como uma última prece por controle.
Tento remendá-lo.
Um mísero e tórrido controle.
Meu interior se agita, engrandecido pelo desespero vertiginoso.
O desespero por calar.
O desespero por amar.
A impaciência me consome, devorando-me da carne aos ossos.
Minhas pernas tremem, dizendo-me para correr.
Encolho-me.
Mordo a ponta de meu polegar com a certa e dolorosa pressão que faz minha mandíbula trepidar.
Balanço os pés como se os contrapesasse em uma máquina de costura, como se pudesse tecer o fim de uma fantasia tortuosa.
Fricciono meus dedos gélidos uns nos outros.
Sinto-os faiscar.
E, ímpia, você se apresenta diante de meus olhos, sob o festival de luzes dos holofotes que a engole.
Não importa o quanto eu queira me calar e enxotar cada sensação, desejo e impulso: preciso confessar.
Torna-se difícil apenas assistir, quando tudo o que quero está a passos de mim, em festa, sob o cálido tom jasmim.
Torna-se doloroso apenas continuar a ouvir o mesmo timbre chicotear meus ouvidos e fazer minha alma rugir, quando o quero apenas ao pé de meus ouvidos, em diferentes tons, mas, por favor, que sejam os mais desesperados.
Torna-se angustiante apenas sentir o mesmo perfume inebriante e azul cravar-se em minhas narinas pouco a pouco, de maneira quase metódica, quando quero-o esparramado por cada canto meu.
Torna-se desesperador apenas imaginar o gosto que cerca toda a sua existência, quando quero-o derretendo-o por minha língua, embriagando-me lentamente.
Torna-se apavorante apenas ansiar enlouquecidamente pela textura de cada traço seu, quando tudo que quero é ler cada tecido que trama seu ser com a ponta de meus dígitos como se pudesse absorvê-los como parte minha.
Da cabeça aos pés.
Posso dizer que perdi minha sanidade ou que estou à beira de um abismo grandioso no mais sádico vale de uma paixão?
Insano.
Trêmulo.
Em frêmito.
Egoísta.
Um gemido ávido arranha minha garganta.
Estoura através de meus lábios.
Você o ouve?
Seu olhar irreverente me torna um servo despedaçado sobre o chão, rogando por alívio, mas ainda assim rastejando em seu encalço.
Mais. Mais. Por favor, mais.
Minhas feridas são abertas, ardentes e irremediáveis.
Meu sangue, meu suor e minhas lágrimas se misturam em um.
Do carmesim ao cobre.
E mesmo que eu esteja em chamas, continuo a sentir frio.
Meus ossos trincolejam.
Meus dentes rangem.
Minhas têmporas tonteiam.
Meus músculos espasmam.
Porque, não importa o quanto minha alma suplique pela totalidade ou pela anulação, meu amor é impossível, meu bem.
E antes que eu me afogue em um mar denso, forço-me a me mover de forma conflitante para longe, com a esperança de que você nunca mais cruze meu caminho, porque sinto que voei tão próximo ao sol suficiente para sofrer queimaduras e danos severos.
Como tudo o que não é necessário, meu amor me custou caro, mesmo que por um tostão.
E, duramente, confesso: hoje, escolho não a amar nunca mais.
*
Obrigada pela chance e por sua leitura!
Grande abraço e caloroso beijo!
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Escolha; Amar
RomanceO corpo ferve. A garganta está seca, por mais que doses de um mel picante a cada segundo sejam tomadas. A boca pinica. OS lábios trepidam sobre os dentes. A visão está turva. Febre. Uma cortina de arrepios cai sobre os braços, derrama-se sobre a nuc...