Todos os nossos espinhos

#32

as vezes eu sinto muito
ou não sinto nada
e mesmo quando eu não sinto nada
eu sinto tudo
porque na verdade eu sinto demais
cada célula do meu ser vibra
por algo que eu ainda não encontrei
e eu seguro o choro quando eu penso
em tudo que o nada me faz pensar
não gosto de ficar sozinha
nem ficar no ócio
os pensamentos vem em avalanche
me derrubando
como floco de neve que cai no chão
é leve
mas tão previsível
é direto
é certeiro
e a única certeza que eu tenho
é que eu vou cair
tudo que vem vai
mas parece que tudo que sobe desce
ladeira abaixo
e usa as escadas pra subir de novo
não sei porque não pegar o elevador
se ele está tão perto
ou parece estar
as vezes eu confundo
o que está na minha cabeça
e o que fica fora
parece que tudo se mistura
e vira nada
que virá um bolado de o monte de coisa
que eu não sei bem explicar
sei que caio bem
como floco de neve
que derrete no calor
tão rápido
quanto congela no frio
dependendo do humor
muda de a vida é linda
para puta que pariu
e no final
me perco em mim
nessa maré de sentimentos
que tenho em um segundo
e no outro
derrete
no calor dos seus lábios
~ volta pra mim só hoje, vai ~