Universitária vende alma para o diabo (NÃO É CLICKBAIT)

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— Então seu último desejo é fazer um pacto com o diabo?

O fantasma da mulher acenou com a cabeça.

— Infelizmente não será possível, entenda, é preciso um corpo físico para realizar esse tipo de ritual, — disse a médium — e eu não posso fazer um por você, porque aí seria minha alma à venda.

E se eu te possuir?

A voz do espírito ecoou, as velas do pequeno quarto fechado em que atendia começaram a tremer, transformando as bugigangas espalhadas pelo cômodo em imagens dançantes assustadoras. Isso poderia funcionar... em teoria.

— Olha, não vai rolar. Possessões são expressamente proibidas nos estágios da Universidade. E sinceramente? — completou — Eu não colocaria o meu na reta por um estágio que nem remunerado é.

Eu posso pagar

A humana levantou uma das sobrancelhas. As chamas das velas tremulavam intensamente, era claro que o espírito estava desesperado.

— Pagar? Desculpa, mas não aceitamos dracmas ou seja lá a moeda que vocês usam, só dinheiro ou pix.

Ela estava brincando, é claro. O que não esperava, foi a resposta da desencarnada.

Qual a chave?

— Perdão?

Do seu pix, qual a chave?

Não seria possível que...?

Dez mil está bom? Metade agora, metade depois.

Vale a pena tentar, não é?

A médium, com um pé atrás, compartilhou sua chave. Poucos minutos depois, recebeu a seguinte mensagem:

"Instituição financeira: Seu pix foi recebido! Vellota ltda. te enviou R$ 5.000."

Pelo visto ela não teria que se preocupar com o aluguel por um bom tempo.

———

Kethelyn Correia, 21 anos, estudante do sétimo período de Necromancia na Universidade Federal de Artes Místicas do Espírito Santo é médium e no momento tem uma necessidade desesperadora de horas complementares para a faculdade. Kethelyn aceitou o primeiro estágio que lhe apareceu sem pestanejar, só percebendo ser não-remunerado tarde demais, era isso ou nada.

Depois de meses de aluguel atrasado, dias e noites à base de miojo e vários bicos para tentar sobreviver, vender uma alma pro diabo não parecia uma ideia tão ruim. Qualquer coisa era melhor que voltar para casa dos pais.

E foi assim que ela acabou, três dias depois, na laje de Carlos, — colega de faculdade, mestrando em demonologia e ex-namorado, — às duas e meia da manhã em plena quarta-feira.

— Okay, tudo pronto — disse Carlos — as velas estão acesas, os círculos desenhados, incenso queimando, ela memorizou os cânticos?

Kethelyn assentiu, tinham treinado juntas essa parte.

— Ótimo, mas sério, esse fantasma não poderia ter escolhido uma invocação mais simples não?

O homem de óculos grossos e cachos negros apagou o último fósforo, olhando nervosamente ao redor.

— O nome dela é Alice, sobre a escolha para o ritual eu não sei, mas muito obrigada, você não precisava fazer tudo isso.

Kethelyn estava sendo sincera. Quando pediu sua ajuda ela esperava no máximo um grimório emprestado e algumas dicas para não morrer.

— Sem problemas, ha, é o mínimo que eu posso fazer depois daquela pisada na bola que eu dei. — Ele respondeu envergonhado, a "pisada na bola" em questão, foi o estopim do término do relacionamento dos dois. Ele trapaceou em um jogo de uno, embaralhando as cartas e dando vantagem a seu amigo, fazendo Kethelyn perder uma aposta.

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