O espreitador

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oie, hoje eu tava sem nada pra fazer então eu decidir que eu iria escrever esse conto do Daniel que eu tinha no meu caderno aqui, lembrando que eu não tenho nenhum interesse lucrativo ao postar essa obra, que pertence ao Cellbit. Esse conto apareceu no ep 14 de "desconjuração"

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     Antes de começarmos essa história, você tem certeza que não está sendo observado? Você verificou se fechou a porta? Você sabe mesmo o que a escuridão esconde? Eu recomendaria trancar tudo com atenção, afinal, nós não queremos nenhuma fresa de possibilidade que algo dê errado, não  é mesmo?

       Novamente, acordando com esse maldito gotejar. O mesmo som que a tem acordado toda madrugada, nas últimas duas semanas. 

     Furiosa, ela levanta mais uma vez buscando a origem do problema, já imaginando que não teria sucesso. Ele a observa checar todas as torneiras, que estavam devidamente fechadas. Também não chove há semanas e até mesmo o encanador a quem checou duas vezes afirmou não ter nada de errado na instalação da casa.

    Afinal, desde quando o seu sono ficou tão sensível? Quando ainda era criança, nem mesmo os gritos de socorro vindos da casa ao lado a acordavam. Dormia como um anjo, abraçada a sua boneca preferida.

   O relógio marca as duas e onze da manhã, como sempre. Ela não aguenta mais. O problema era tão recorrente que Jorginho já havia adaptado seu relógio biológico para receber sua ração, miando e se esfregando em suas pernas.

   Ela sorri, como um gatinho que foi tão maltratado antes de ser resgatado das ruas pôde ficar tão mimado? Esses olhinhos amarelos pidões conquistam qualquer um.

   Ele a observa arrastar o banquinho para alcançar um novo pacote de ração na partição mais alta do armário, enquanto segura seu gatinho ronronando em um dos seus braços. Seu rosto já demonstrava uma falta de sanidade de uma mente observada.

   O gotejamento fica cada vez mais alto a cada noite. Não importa o cômodo que ela esteja, o som não parece vir de um lugar específico, mas parece sempre estar se aproximando. Ele observa enquanto ela apaga as luzes e volta para a cama, puxando o edredom para cobrir seus pés. Não porque estava com frio, mas por um instinto inexplicável.

 Sem conseguir pegar no sono, só resta olhar para o armário ao lado da cama, que parece nunca fechar direito. Afinal, porque todos os armários tem o mesmo problema? Sempre precisa ter uma maldita fresta, não?

  É claro que ela sabe que não tem nada lá dentro, então... de onde vem esse sentimento constante de estar sendo observada? Ele a observa abraçar o seu gato, um daqueles que ele escolheu acompanhar. Ela força os olhos fechados para dormir, tentando mentir para si mesma que não sabe que ele está ali.

  Ele chora mais uma lágrima. Ela é tão linda. As luzes estão apagadas... Ela não vai perceber se ele se aproximar um pouquinho, vai? Não é como se a porta fosse se fechar antes de voltar para a sua fresta.

"Ela é tão linda"

Bons sonhos

O espreitador - Daniel Hart MennOnde histórias criam vida. Descubra agora