Sussurros na Madrugada - VIII

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A luz que entra através das frestas dói nos olhos de Meng Yao, o dia já deve ter alcançado a metade quando ele se vira na cama e se esforça para sentar. Suas costas latejam e ele coloca a mão para sentir a situação embaixo. Ele realmente deveria procurar um óleo para cuidar da situação. Está inchado, pulsando e definitivamente assado.

Ele cheira como suor, Nie Mingjue e um pouco de azedo por tanto tempo sem um banho. Se colocar de pé é uma grande vitória. Como é que os homens do bordel conseguiam fazê-lo até dez vezes por noite? Ele foi tão comedido com apenas três e ainda está sofrendo.

Procurar pelas calças é fácil, vestir é que se torna impossível. Isso não é algo que ele vai repetir com Nie Mingjue nem tão cedo, ele vai guardar esse tipo de intimidade para quando sentir que está enlouquecendo e precisa desviar o foco. Atrás do biombo ele checa se a banheira está cheia ou terá de descer para pedir por um banho, mas a encontra fechada e cheia até a metade, a água muito limpa.

A água morna ajuda a relaxar os músculos, mas não ajuda muito no calor, apenas para tirar o suor. Ele aplica pomada e óleo do melhor modo que consegue, faz sua energia espiritual circular e sente o rosto esquentar por estar gastando seu poder pra cuidar dessa parte do corpo. Realmente vergonhoso, ainda mais quando ele pensa que pode ter acordado muitas pessoas com seus gemidos e suspiros, porém foi impossível segurar.

O cabelo é penteado e ele abre a janela, o sol está tão alto quanto o barulho das ruas, o vento é fresco, mas carrega os odores do mercado. A porta do quarto se abre assim que ele pensa em sair, Nie Mingjue aparece, tão envergonhado quanto ele.

É, parece que Meng Yao precisa assumir o papel de ser sem vergonha na relação ou eles não vão caminhar para lugar algum.

Espere.

O que ele acabou de pensar? Não há nenhum lugar para eles, não juntos, Nie Mingjue sequer gosta dele. Todo o bom tratamento é pela pena que ele sentiu quando Meng Yao quase morreu.

— Você já acordou. - Nie Mingjue tenta sorri, sem saber o que fazer, ficando parado na porta. Meng Yao é realmente bonito pela manhã e cheira tão bem que ele ficaria abraçado o tempo todo se pudesse.

Melhor, ele o seguiria por ali, como um cachorrinho com seu dono.

— Esta pessoa foi irresponsável e dormiu demais, obrigado por permitir o descanso e desculpas a Chifeng-zun por atrasar a volta para casa. - Meng Yao apenas junta as mãos em agradecimento, se ele fizesse uma  reverência agora, iria choramingar porque ainda não está completamente sarado lá embaixo.

Nie Mingjue se sente muito desconfortável com esse tratamento distante. Eles estiveram quase grudados durante a madrugada, mas basta o sol nascer para Meng Yao voltar a odiá-lo. Nie Mingjue sabe que é parte sua culpa, mas os dois fizeram coisas ruins no passado, eles não podem apenas deixar para lá?

Ele só quer resolver tudo e manter essa relação assim, porque ele sabe o quanto é ruim acordar sozinho durante uma crise e ele não quer passar por isso só, mas não quer que Meng Yao aguente sozinho outra vez. E pode ser egoístas, tendo em vista que a única cura oferecida para a doença da guerra é o descanso da morte, mas ele não quer que Meng Yao morra.

Isso é tão hipócrita, porque meses atrás ele sequer se importava se esse homem respirava.

Agora ele gosta tanto dele que não quer se afastar? É isso que está acontecendo com ele?

— Eu.. Mn. Você não precisa se desculpar, essa vila é muito boa, podemos ficar mais dois dias, Nie Huaisang gostou muito das fontes termais aqui perto. - Nie Mingjue não queria falar isso, ele queria dizer para Meng Yao não colocar essa distância formal entre eles, mas assim como ele não tem a cara pra dizer em que posição quer estar na cama, ele também não tem a cara pra ser o primeiro a falar sobre sentimentos. — Você gostaria de ir ver as fontes?

These Violent Delights - NieyaoOnde histórias criam vida. Descubra agora