Akane

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Após duas semanas em que você passou na casa de sua mãe, você decidiu que estava na hora de enfrentar seus problemas de frente.
Porém olhar para Hajime, este que não fez questão de te acompanhar em um momento delicado, te fazia querer voltar atrás e desistir do seu casamento.

Você realmente o amava, amava como Kokonoi compartilhava o tempo livre dele com você. Mas isso era no passado.

Enquanto dirigia de volta, no carro reserva dos seus pais, você lembrava das várias vezes que brigada com Kokonoi.
Ele recorria algumas vezes a Inui, e você a Yuzuha.

Mas depois do que a Shibba te disse, você ficou com dois pés atrás.
E se nas vezes em que ele ia para a casa do Inui, não fosse pra se encontrar com Inui, mas sim com Akane?

Ele recorria a Akane, e era por isso que ela sabia tanto de como Kokonoi se sentia?

Akane.

Akane.

Akane.

Você não queria ficar obcecada naquele assunto, mas ela realmente te fazia se sentir insegura. Akane era mais velha, madura, bonita, delicada.

E você acreditava que era só uma tapa buraco.

Sem ao menos perceber, lágrimas desciam por seu rosto, porquê seu relacionamento girava em torno dela?

Porque caralhos Akane tinha que se meter em tudo? Se havia você e Kokonoi, havia Akane. Nem sempre Inui estava junto.
E se nem o melhor amigo do seu noivo estava, porquê ela estava?

Você parou uma quadra antes de sua casa compartilhada e limpou as lágrimas. Deixou o carro estacionado e usou seu cartão particular para adentrar a propriedade.

Se arrependeu na hora quando viu o imenso caminho que percorreria até a grande casa.

O tempo estava ensolarado, e você andou o máximo que pôde entre as sombras das árvores que haviam no caminho.

- Senhorita [Nome]? - A governanta te olhou surpresa quando você adentrou a casa suada e ofegante, enxergando o cômodo da sala como se fosse um tecido preto, esperando sua visão voltar ao normal aos poucos.

- Eu vou trazer um pouco de água, me espere aqui.

Ela saiu às pressas, te dando tempo apenas de se sentar na poltrona da sala de estar e já estava voltando com mais duas garotas. Essas que traziam toalha de rosto, e sapatos confortáveis para você calçar. Até parece que estava largada esses dias.

- Avisarei ao chefe que você chegou.

- Não, ele deve estar trabalhando, eu só vou deitar e quando ele chegar nós conversamos.

Pensava em um término, provisório, temporário. Apenas pra você pensar e curtir um pouco a vida sem a dependências de Kokonoi. Não que você quisesse pegar outros homens e viver sua vida de solteira em uma balada, beijando bocas. Nada disso. Era só que você queria um tempo sem depender dele.

- Senhora, o chefe não se encontra no es-

- Tudo bem, Sônia. Não me importo se ele passa a tarde na empresa ou no escritório. Eu só quero tomar um banho quente e dormir.

- Irei preparar o banho no quarto de hóspedes.

- Porque quarto de hóspedes? Eu preciso da minha cama. Pouco me importa se Kokonoi chegará bravo, e me ver ocupando toda a cama.

Você sobe as escadas sem deixar que Sônia te respondesse. Estava cansada, e ela querendo te colocar no quarto de hóspedes era o cúmulo. Você estava na sua casa poxa, merecia dormir na sua cama.

Chegando no andar bufando e resmungando sobre como estava cansada, parou brutalmente. Kokonoi estava em casa, estava no quarto de vocês.

O barulho era mínimo, se aproximou da porta e se arrependeu no exato momento em que seus sentidos captaram sons constrangedores.

Kokonoi estava transando com Akane.

Os gemidos abafados eram prova de que você não estava enlouquecendo. Akane gemia o nome do seu noivo. Seu noivo.

Pensando em derrubar a porta,  pegar todos os seus bens e quebrar a cara dele, você dá um passo para trás.

Não é o certo dar uma de louca em uma hora dessas, mas você precisava explodir de alguma forma, e seria nesse fodido. Você já tinha a cena toda em mente, ou parte dela.

Iria entrar e pegar no flagra, depois ia gritar e berrar e dar na cara do Kokonoi, tacando as bijouterias nele.

Faria isso se não fosse por seus ombros serem agarrados por Sônia.

- Minha querida, me perdoe. Eu não sabia o que fazer. - Ela começou a dizer quando vocês já estavam sentadas nos degraus da escada.

- Não é sua culpa.

Mesmo com a voz falha, você recita de voz baixa enquanto deixa sua cabeça descansar no colo da mais velha.

Quando Kokonoi saiu do quarto, não havia mais nenhum resquícios de que você esteve por lá.
Ajeitando o terno e gritando por Sônia, ele se surpreende quando recebe um tapa da governanta.

- Você ta louca?

- Não, estou bem ciente do que faço. Você magoou a minha menina!

- Essa história de novo? Só porque deixei que ela ficasse um tempo na casa dos seus pais? Faça me favor Sônia.

- Se fosse só por isso. Eu. Me. Demito.

Como governanta da casa, sem ela todos os outros empregados ficariam de mãos atadas, sem saber o que fazer ou como fazer, sabendo no mínimo o básico.
Mas a relação de vocês não eram só isso, Sônia é a sua governanta, e soaria bem problemático dizer que quando você foi morar junto com Kokonoi, levou ela.
Entretanto, a própria quis ir com você. Ela te viu crescer e como sua mãe não estaria mais por perto, ela se prontificou a cuidar de você.

- Ótimo. Seja feliz desempregada, porque eu me certificarei que não pise nas redondezas, e muito menos na minha casa novamente. Nem arrume trabalho por perto.

- Não estou desempregada, e não dependo de você para conseguir ou não emprego. Pouco me importa o que você faz ou deixa de fazer com quem desobedece suas "leis". Mas enquanto minha filha estiver morando aqui, eu venho visitar ela quando eu quiser.

E saiu, dando as costas a um Hajime irritado.
Ele não acredita no tamanhos desaforo que levou, como uma empregada poderia falar com ele assim desse jeito?
Se não fizesse alguma coisa os outros achariam que poderiam o tratar assim. Mas se fizesse, teria mais gente em sua cola. Como seu pai por exemplo, aquele velho maldito já fica no seu pé o tempo todo, se souber que destratou uma empregada da família... Puta merda. Não queria nem pensar.

Assim que a governanta saiu de cena, Kokonoi mandou uma mensagens rápida pra Akane. Dizendo que a barra estava limpa e que ela podeira sair sem que essa velha a pegasse.
Até porque se ela soubesse, você também saberia. Você desistiria do seu casamento e ele ficaria sem as ações da empresa do seu pai.
Não que fosse fácil as conseguir, porque bem, ele precisaria fazer um acordo legal e sem brigas com o sogro.

- Inui já me mandou mensagem.

- Qualquer coisa fala que você foi me ajudar com a situação toda com a [Nome].

- Eu acho que não cola mais. Toda vez que saio ele pergunta se é com você ou com minhas amigas. E toda vez reclama quando é com você. Sabe, você também não sai muito com ele.

- É, eu sei.

Kokonoi batuca os dedos no volante do carro, tentando pensar em algo que pudesse cobrir essas saídas a sós com Akane.

- Que tal sairmos os quatro juntos? Como forma de distrair a [Nome].

- É uma boa, dizemos que estávamos preocupados com o psicológico abalado dela. Mas ela não está com os pais?

- Uma hora ela volta, ela sempre volta.

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