Prólogo

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Ela

Ficar sentada aguardando na sala de espera era a pior tortura que já havia passado. Aquele ambiente branco com fotos de bebês e famílias sorrindo felizes estava me dando nos nervos. Parecia que o tempo não passava e a minha vez de ser atendida não chegaria nunca.

Olhei para os lados e vi algumas mulheres esperando por atendimento também. Dava para perceber que algumas estavam grávidas e uma parte delas estava acompanhada por companheiros e familiares.

Outras não demonstravam gravidez e poderiam estar aguardando apenas para uma consulta ou estavam vivendo o mesmo drama que eu na tentativa de descobrir se havia encomenda para a cegonha.

Eu preferi ir sozinha com medo de estar fazendo alarde desnecessariamente. Meu ciclo menstrual sempre foi inconstante e eu sempre tomei anticoncepcional desde que iniciei a minha vida sexual, embora tenha parado por um tempo por estar sentindo algumas reações que poderiam ser consequência dele.

Depois de alguns exames, concluí que não era e voltei a tomar, porém sempre exigi que meus parceiros se protegessem ou não faríamos sexo. Nunca abri mão.

A chuva caía forte lá fora e parecia um indício de que o tempo também iria fechar para o meu lado. Fiquei olhando fixamente para a janela como se pudesse contar cada pingo que batia nela.

Uma voz interrompeu meu turbilhão de pensamentos:

-Você não acha que o atendimento está muito lento? Não aguento mais esperar. - Uma mulher que parecia estar na casa dos trinta me perguntou, massageando sua enorme barriga.

Eu não estava para muita conversa, mas resolvi ser educada.

-Sim, está demorando muito. Também estou muito ansiosa para ser atendida. Não posso passar a manhã inteira aqui. Preciso voltar ao trabalho.

Eu havia justificado a minha falta no escritório por ter que estar presente a uma consulta médica. Estou rezando para que seja apenas de rotina e eu não tenha que voltar a este lugar regularmente.

-O início da gravidez nos deixa com os nervos a mil, realmente. Eu lembro que só faltava enforcar o médico quando demorava de ser atendida. Graças a Deus que meus hormônios se estabilizaram. - Ela continuou puxando assunto.

-Desculpe, mas não estou grávida. É apenas um exame de rotina. - Respondi, rapidamente.

Ela me examinou de cima a baixo e com voz acusatória afirmou:

-Eu jurava que você estava. O corpo da mulher dá sinais de gravidez e eu quase não me engano com essas coisas. Se você diz que não está...

Pânico me tomou. Não queria continuar essa conversa fazendo suposições por algo que mudaria a minha vida drasticamente.

-Com licença, vou pedir informações na recepção.

Fugi daquela criatura o mais rápido que pude. Prefiro evitar pessoas que ficam fazendo previsões descabidas, ainda mais neste momento. Caminhei em direção a uma recepcionista que me olhava sorridente.

-Por favor, gostaria de saber se serei logo atendida, pois estou em horário de trabalho. Ainda há muitos pacientes antes de mim?

-Qual é o seu nome, senhora?

-Tatiana Carvalho.

-Deixe-me checar... você será a próxima a ser atendida, Tatiana. A última paciente já tem um tempo na sala e não demorará a sair.

-Obrigada!

Sentei em outro lugar mais próximo do consultório médico. Queria evitar contato novamente com aquela que se achava a portadora de boas notícias.

Destinada ao Amor: O Herdeiro (DEGUSTAÇÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora