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◇Kile Neves ◇

—O que você fez? — berra Stephanie, coçando o seu pescoço que já estava mais que vermelho.

Penso em não responder e ignorar a sua existência, como na maioria das vezes que eu faço. Porém, naquele específico momento, sabia que a minha falta de resposta me causaria danos físicos. Posso imaginar quais seriam os métodos de torturas adotados por ela.

—Falei para os nossos pais que estou noivo, no entanto, não poderia ir para casa deles, devido a minha noiva está grávida e estava impossibilitada de viajar. — ao terminar de falar solto o ar que eu nem sabia que prendia.

Ela põe as mãos na cabeça, fechando os olhos e suspirando abismada. Depois de um longo silêncio ela me lança um olhar gélido e pergunta apertando o encosto da cadeira com as mãos.

—Isso é por causa do Jacob e Izzy?

—Não! — Exclamo de maneira automática.

—Tem certeza? — Questiona ela desconfiada. — Pois, ser for, você precisa crescer e parar de pensar nesta bosta. Já faz uns 9 ou 10 anos que eles se casaram?

—Dez anos e nove meses. — Respondo bufando.

—Você precisa se apaixonar novamente e esquecer aqueles dois. — Grita ela, arremessando uma indefesa caneca de porcelana em minha direção.

Desvio da caneca e encarando a mesma indignado.

—Você esta querendo me matar? — Zombo sorrindo. — Ou realmente acreditou que aquela pobre caneca, não fosse capaz de afundar o meu crânio. Fazendo eu agonizar até a morte neste seu belo chão, tão limpo.

—Você não tem moral nenhuma de brincar comigo. — Diz ela ente os dentes.

Não digo nada, apenas fico encarando o chão. Eu ainda nutria sentimentos pela Izzy. Porém, o meu amor havia diminuído com o passar do tempo, o meu ressentimento não era com ela e sim com o meu primo.

Ele sabia muito bem do quanto eu era apaixonado por ela. Eu contava tudo para ele, o cara era o meu confidente e mesmo assim me traiu.

Não vou negar que por anos pensei em reconquistá-la, mas agora não inventei tudo isso para despertar algum interesse nela. Sim, para não ter que mais um ano enfrentar, todos da família, que acreditavam que ainda não havia superado ser trocado.

Já estava cansado de ver o olhar de pena da minha mãe e ser chacota das piadas inflames do meu tio, pai do Jacob.

—Então como vai fazer isso? — Exige saber Stephanie, me tirando do meu devaneio.

—O quê? — Resmungo confuso.

—Você sabe que a nossa mãe já espalhou para a família inteira que vai ter um neto ou uma neta, né? — Observo ela levar as mãos a testa e começar a fazer movimentos circulares acima da sobrancelha.

—Posso dizer que a minha noiva perdeu o bebê e não conseguiu viver perto de mim e por esse motivo foi embora. — Digo como se aquilo fosse a melhor ideia.

—Você está maluco? Mamãe sairia do Rio na hora para vim atrás de você em São Paulo. — Ela volta a berrar. — Sem falar, que a velha iria sofrer por demais. Você sabe o quanto ela deseja um neto, sou cobrada o suficiente para não ser besta e inventar histórias assim. Ainda eu não sei o que te faz ser tão retardado, sei que não é assim comida e nem a criação.

Que merda!

Não tinha pensado nas consequências da minha mentira. Só pensei em uma desculpa para não ir para casa dela natal. Sabe aquela resposta rápida que você dá sobre pressão? Então, foi isso que aconteceu, ela estava lá me perguntando como estavam os preparativos para viagem, e eu apenas falei o que me veio na cabeça.

ALUGA - SE UMA NOIVA (EM REVISÃO DISPONÍVEL PARA LEITURA ATÉ 30/10)Onde histórias criam vida. Descubra agora