Broken Melody - Kaisoo

Capítulo Um

-BROKEN MELODY-

Capítulo Um

   O peito de Kyungsoo subia e descia rapidamente, os pulmões expandindo e retraindo, tomados pela necessidade de ar, respirava fundo, o suor descia por sua testa e seus cabelos já se encontravam levemente úmidos, os batimentos que antes acompanhavam o ritmo da música, estavam acelerados e um friozinho gostoso na barriga o fazia lembrar de que aquilo era real, a adrenalina corria em suas veias. Os lábios de coração curvaram-se formando um pequeno sorriso diante aquela situação inexplicável. O show havia terminado. Não era a primeira, nem a última vez, mas a sensação continuava indescritível e inabalável, Do Kyungsoo havia nascido para música, performar era sua vida. Os olhos cobertos pela brilhante máscara, estavam levemente lacrimejados e as pupilas dilatadas, captando tudo à sua volta, havia dado tudo de si, de corpo e alma, resultando em uma performance perfeita, sentia-se completamente satisfeito e vivo, sabia que havia passado com êxito para o público o que a música significava para si. Estava completo.

   Passou os olhos por algumas pessoas na plateia, procurando por uma específica, porém não deixando de analisar as outras. Algumas, olhavam para si embasbacadas, essa era de longe sua reação favorita, havia criado gosto em impressionar pessoas. Já outras, tinham rostos familiares, provavelmente já tinham frequentado a boate e mais precisamente, o show do misterioso D.O, então apenas sorriam e batiam palmas freneticamente, e por fim, a não tão pequena parcela de pessoas que haviam sobrado estava bêbada demais para prestar atenção em algo a não ser o corpo bonito de Do, que trajava roupas brilhantes e sensuais, sendo a atração principal em seus longos minutos de apresentação com o intuito de manter todos focados em seu show, e era óbvio que o baixinho de voz poderosa conseguia sempre alcançar seu objetivo. A pessoa que Kyungsoo procurava era um rosto que não imaginava que estivesse ali, não em pleno dia de semana, um rosto familiar que o fazia borbulhar de raiva e que torcia para que não houvesse reconhecido sua real identidade, escondendo seu maior segredo a sete chaves. O que o jovem não sabia era que seus lábios de coração eram específicos demais para não serem reconhecidos, por mais que estivesse levemente afastado, Kim Jongin possuía um sorriso sacana nos lábios, ele estava muito surpreso, mas não queria demonstrar, porém de uma coisa tinha certeza, puxou os amigos que encaravam o palco, ainda extasiados, voltando a si apenas após a cutucada do moreno. — Caras... Nós achamos nosso novo vocalista."

Naquela segunda-feira ensolarada, para quem observasse de longe, a atmosfera parecia harmoniosa e serena... Ledo engano. O ano letivo havia acabado de começar, arrastando os desesperados estudantes a costumeira rotina chata e maçante de aulas e provas, sonhos prontos para serem criados e destruídos, amizades e inimizades a surgirem e se fortalecerem, amores, traições, fofocas, tudo excessivamente dramático como qualquer vida adolescente e independente de ser bom ou ruim, os resultados podem ser inesquecíveis.

O dia bonito facilmente classificaria um ótimo começo para o novo período e talvez os raios de sol realmente tivessem deixado alguns adolescentes inspirados para o novo ciclo, mas aquele definitivamente não era o caso de Kim Jongin.

O alto e esbelto menino de pele bronzeada, que costumava arrancar suspiros de quem quer que fosse quando passava pelos corredores, possuindo a fama de menino mais bonito do ensino médio, estranhamente havia perdido seu brilho e a magnífica confiança que exalava quando caminhava. Ele, que antes não abaixava a cabeça para nada nem ninguém, estava com os olhos focados no chão, o corpo coberto por um moletom grande e levemente desbotado, devido ao desgaste do tempo, e nos seus ouvidos a música em seus fones estava tão alta que quem passasse por seu lado poderia ouvir nitidamente a forte bateria que acompanhava mais um dos muitos rocks clássicos de sua playlist. Entretanto, para Jongin a música não fazia a mínima diferença, visto que seus pensamentos pareciam gritar ainda mais alto dentro de sua cabeça.