Trincheira

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Ele correu o mais rápido que pode, correu como se sua vida dependesse daquilo e bom, dependia. Continuava falando em sua mente para continuar correndo para não parar, que precisava sair vivo dali precisava ver ela mais uma última vez, se jogou na trincheira mais próxima fechou os olhos e tapou os ouvidos, implorou por ajuda aos céus, então seria daquele jeito? daquele jeito que ele morreria? com cuidado para não ser visto colocou a mão no bolso da frente da sua camisa e puxou uma foto velha e gasta, olhou para seu sorriso seus olhos esperançosos, chorou ali mesmo pensando que aquela seria o mais próximo que teria de ver ela antes de sua morte, imaginou como ela estaria em casa a sua espera, imaginou como ela reagiria quando abrisse a porta e ali parado em sua frente estivesse um de seus superiores, com uma carta na mão e um pedido de desculpas que de nada adiantaria, imaginou como ela ficaria desolada. Ele lembrou de sua última conversa, como ela chorara e o fizera prometer "prometa, prometa que irá voltar vivo irá voltar para mim" na hora ele não pensou muito nas consequências de sua promessa e muito menos em quão difícil seria cumpri-la, mas mesmo assim prometeu e lhe deu um beijo na testa pegou sua mala e deu um último adeus.
Alguém gritou uma bomba explodiu, barulhos de tiros o cheiro de terra molhada cheiro de morte cheiro de guerra, ele resolveu se levantar e lutar, lutar pela sua vida lutar para voltar para sua casa. Guardou a foto em seu bolso perto de seu coração, lembrou-se mais uma vez de sua doce voz dizendo "prometa" ele tinha feito uma promessa e iria cumprir, não importasse como.

Coração BélicoOnde histórias criam vida. Descubra agora