C33 - Cartas

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HARUME NARRANDO

Deito a cabeça na mesa, observando a caixinha que já estava aqui quando cheguei

É vermelha e com bolinhas verdes, o que eu não consigo ver como uma combinação bonita

Abro a caixinha e espio dentro, sorrio pegando o chocolate lá e enfiando tudo na boca

Pego o papel no fundo da caixa e o desdobro

No início, era apenas um pedacinho, mas foi tão emendado que agora parece um pergaminho

Leio as primeiras frases e sorrio

Você tem problemas que lhe mande doces?
(   ) Sim               ( X ) Não

Ps: Após responder, pode deixar a carta sobre a sua mesa que vou buscar para ver a resposta. (Por favor, não tente descobrir quem sou)

Não faz muito sentido porque eu cortei a primeira parte antes de deixar o papel

Pego no meu caderno a primeira parte da carta e releio:

Oi... espero que goste de doce de banana, e espero também que não esteja horrível.
Eu mesmo fiz pensando em você. Não que bananas me façam lembrar de você, mas eu só... só queria deixar você feliz.
Desculpa, acho que não tô sabendo bem usar as palavras, isso tá ficando muito confuso, mas separei uma frase que me faz pensar em você:
"Como o imã atrai o ferro, você atrai meu coração. Nada posso, é uma força que vem de você; Sou como um cãozinho que, mesmo maltratado pelo dono, ainda lhe é fiel. Meu coração é seu. É o coração de um cão. Ainda que me maltrate, eu lhe tenho apego. Vou segui-lo mesmo que não mereça minha imensa fidelidade."
É do William Shakespeare. Acabei de reler, e percebi que não faz o menor sentido, eu não sou um cão. Mas é verdade quando digo que meu coração pertence a você, porque voce é meu único pensamento desde que a vi pela primeira vez.
Ai, nem dá pra entender o que estou dizendo. Mas queria que soubesse que você é belíssima e merece ouvir isso todos os dias. Gostaria de sentar com você e lhe contar todas as partes lindas que existem em você, mas me falta coragem. E por isso, envio esse papel falando várias baboseiras (mas juro que são todas sinceras), e você deve estar me achando um burro agora, porque você é super inteligente, mas juro que não sou tão idiota assim.

No início, era um jogo de marcar X, mas com o tempo passamos a conversar por aquele papel

Nunca tentei descobrir quem ele é, mas me divirto escrevendo pra ele

Passo os olhos rapidamente por algumas de nossas conversas

Ele: "Adorei seu cabelo preso, acho que destacou seu rosto"

Eu: "Já parou pra pensar que uns 20 anos depois da nossa morte, ninguém vai se lembrar da gente? É estranho tentarmos tanto ser alguém se no fim vai dar no mesmo"

Ele: "Você acha certo termos aula no dia do mestre e em feriados inúteis não? Tipo, é dia do professor, e ele comemora trabalhando?"

Eu: "Eu daria tudo por uma esfiha"

Ele: " 'Vaidade e orgulho são coisas diferentes, embora as palavras sejam frequentemente usadas como sinônimos. Uma pessoa pode estar orgulhosa sem ser vaidosa. O orgulho se relaciona mais com a nossa opinião sobre nós mesmos, a vaidade com o que os outros pensariam de nós.' Acha que sou um idiota por gostar muito desse livro?"

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