Daniel estava sozinho na biblioteca quando a porta foi fechada. Ou melhor, era o que ele pensava.
Nunca é uma boa idéia ficar até tarde na escola.
“Não pode piorar.”
Sempre pode piorar.
E Daniel percebeu isso assim que ouviu uma voz familiar atrás de si.
- Isso só pode ser uma piada.
O menor arregalou levemente os olhos. O universo definitivamente o odiava.
Não era tão ruim ficar preso em uma biblioteca às 22:00. A não ser que você estivesse preso com Johnny Lawrence.
O loiro bufou.
- Mas que merda você tá fazendo aqui?
- O que você tá fazendo aqui.
Até parece que o maior estava ali lendo.
Se aproximou, o que fez com que Daniel rapidamente recusasse. Chamou algumas vezes, esperando que alguém fosse o escutar.
Era completamente inútil. Todos já haviam ido embora.
O Larusso riu baixo, o que atraiu a atenção do maior para si. Engoliu em seco.
A última coisa que queria era levar uma surra. Pelo menos, seriam um contra um.
Johnny o olhou de relance.
- Se não vai ajudar, cala a boca.
- Eu não falei nada.
“Sínico de merda.”
O loiro finalmente desistiu e se sentou no chão, apoiado em uma das prateleiras.
Daniel de repente se pegou interessado em saber o porquê dele estar ali.
- Ei.
Revirou mentalmente os olhos ao notar que seria ignorado. Em um acúmulo de coragem, decidiu se sentar ao seu lado no chão.
O loiro o olhou, e por incrível que pareça, não disse nada. O menor notou o roxo em um dos seus olhos.
Não era impressionante. O cara sempre saía por aí com o seu grupinho de babacas caçando briga.
Mas dessa vez parecia ser diferente.
- Johnny.
- Você realmente não gosta do silêncio.
Daniel ignorou.
- O que você tava fazendo aqui de verdade?
- E por que você se importa?
- Eu não me importo.
O loiro riu baixo.
- Eu queria ficar sozinho.
O menor assentiu.
- Acho que eu estraguei os seus planos.
- Com certeza.
Essa foi a primeira conversa considerada normal que já tiveram. E não foi tão ruim.
Ficaram em silêncio por alguns minutos. Apesar de não ser um silêncio incômodo, Johnny decidiu dizer algo.
- E você?
- Eu tava fazendo dever de casa.
- Que merda.
Foi a vez de Daniel o olhar.
- Tá afim de fazer alguma coisa?
O maior riu.