Capítulo 1

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Os seus pés corriam pela terra fofa da floresta. Não tinha muito tempo até notarem que havia fugido dos seus aposentos. Aposentos estes que não deixariam saudade. Nada naquele lugar lhe deixaria saudade, nem a sua coroa tão delicada como a talha de ouro que a decorava. A sua respiração descompassou ao se recordar do plano dos seus pais. A sua barriga dava voltas e voltas ao se recordar do sorriso vil na boca do irmão.

Quando avistou o carro e a mulher o esperando do outro lado da floresta, caiu no chão aliviado. A porta do motorista abriu, revelando os cabelos curtos e esticados castanhos e o olhar de preocupação. A jovem correu até ao de fios azuis e o segurou. Os seus olhos castanhos arregalaram-se ao perceber o lado direito da sua camisa ensanguentado.

— Soo... — ela respirou fundo, o levantando.

— Foi ao passar por cima das grades. Aquelas merdas pontiagudas são fodidas. — Ele tentou-a acalmar enquanto amaldiçoava a dor que sentia em mil e um idiomas.

— Consegues sempre passar por elas, o que mudou?

— A segurança apertou. Acho que desconfiaram que eu podia fugir. — explicou enquanto se sentava no lugar do copiloto.

— Trouxeste o que pedi?

— Tinta para o cabelo, passaporte falso, sua carta de admissão, está tudo ali. Porém...

— O que falta? Arin, por favor, não tem como faltar algo, nós fomos ponto por ponto todos os dias! — arregalou os olhos.

— A casa onde vais ficar está ainda em construção.

— Ela não iria ficar pronta antes de hoje?

— Houve contratempos que nós não temos culpa. Enquanto isso, terás de ficar no tal hotel.

— Sorte a minha ter um emprego pronto na biblioteca do museu.

— Bin... Tu ficas bem?

Soobin olhou o espelho do carro e suspirou. Passou a mão nos cabelos suados e tentou acalmar a mente. Ficaria bem? Por um lado, sim. Ele estaria longe de toda a toxicidade e negatividade que tinha na sua vida. Por outro lado, ele não sabia fazer porra nenhuma sozinho. Ele sempre tinha criados para tudo. Bela maneira de começar a ser independente, Choi Soobin. Na verdade, agora era Park Sayori, como na série que tanto amava.

— Eu não sei, Arin. Apenas sei que estarei longe deles e isso basta-me. — Sorriu pequeno.

— E de mim, do Kai. Nós não poderemos estar presentes para te ajudar.

— O Kai vem também, Arin. Aconteceu algumas coisas... Não é seguro para ele continuar aqui. Os pais dele estão se mudando para Seul também.

O olhar de Arin, o seu semblante completo se escureceu. A mais baixa abaixou a cabeça e respirou fundo. Soobin sentiu o coração apertar ao contar assim tão bruscamente a notícia. Arin teria de aguentar sozinha tudo o que estava por vir.

— Desculpa-me...

— Não te atrevas! — ela levantou bruscamente o rosto com os olhos vermelhos de choro que corria a sua face. — Não se atreva a pedir perdão quando se trata de você tomar o controlo da sua vida e colocar-se em segurança!

— Noona... Eu...

— Não! Eu aguento. Sei lidar com a corte melhor do que qualquer um do nosso trio, até que o teu irmão. Vocês dois, apenas vivam por mim. — Ambos choravam devido à separação, à injustiça, ao pequeno alívio. Tudo o que sentiam saia nas lágrimas.

Após horas, Soobin se encontrava com as suas malas em frente ao hotel onde se alojaria até à sua casa ficar pronta. Suspirou e entrou.

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