Capítulo 2

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Soobin arrumava os livros nas estantes da biblioteca sem pensar muito. Já se haviam passado algumas semanas desde o seu primeiro dia em Seul. A cidade ainda o fascinava, mas não tanto como os primeiros dias. O seu trabalho era até que parado e Hyunjin gostava de se esconder lá quando os investidores apareciam com as suas filhas.

— Estou casado há dois anos com o líder da alcateia da cidade, infelizmente não posso dizer isso ou perco o cargo. — Suspirou ao explicar a situação.

— O teu marido não fica zangado?

— Na verdade, foi ele que disse que eu fizesse isso. Ele trabalha na indústria do entretenimento com mais dois amigos nossos. Ele sabe muito bem o que sexualidade pode fazer nos nossos ramos. Além de que temos uma filha, não queremos a Miyeon exposta ainda tão nova, nem a primária terminou.

Os termos géneros e sexualidade ainda eram estranhos. A sociedade humana parecia sempre procurar por rótulos. Uma coisa que gostava em Elfiria, quando saia pela cidade sem ninguém saber, era que ninguém se importava com quem se ama ou é. O castelo, infelizmente, era exatamente igual aos humanos, devia ser por isso que não estranhava ter de se esconder.

Sobre Yeonjun, descobriu serem vizinhos de quarto. Oh, a doce ironia do destino. Nunca se valeu tanto dos auscultadores como agora. Todas as noites, sem exceção, ouvia gritos. Não sabia do que eram e nem queria saber, mas depois da primeira noite... Os auscultadores são os seus maiores aliados. Quando reclamou com ele sobre os barulhos, o loiro apenas sorriu debochado e falou:

— Quer experimentar, alteza?

Desde então, Soobin não lhe dirige a palavra. Não era por raiva, não, era por vergonha. Ele estava tentado a aceitar a proposta, no entanto, Yeonjun era pior que um elfo negro de Tenebra. Além de que, ele não tinha experiência, só lia.

— Sayori. — Uma das estudantes que aparecia na biblioteca o chamou quando regressou ao seu posto.

— Sim?

— Tens companhia para almoçar? — ela sorriu docemente. O moreno olhou o relógio e viu que já estava na sua pausa.

Antes que pudesse responder, uma figura alta bem conhecida por ele pousou livros na sua mesa. Os olhos de cachorrinho, o sorriso traquina, o cabelo castanho. Era Hueningkai, o seu conselheiro e melhor amigo. O espírito da floresta tinha finalmente chegado.

— Desculpe, mas posso requisitar esses livros? — apontou para a pilha de livros que trazia.

— Claro. Se me desculpares, vou ter de recusar — sorriu para a rapariga que foi embora sem dizer mais nada. — Só tu para me tirar duma situação assim.

— Óbvio, nunca soubeste falar com mulheres!

— Não é bem assim.

— Soobin, a Arin não conta.

Soobin apenas sorriu fechado e pegou num livro. Kai preparava-se para fazer das suas, olhando para o 'bonsai' que estava em cima da mesa. Por sorte, Hyunjin chegou. Sorriu para o mais novo ao perceber que ele também era como eles e bateu de leve na sua mão.

— Já me chega o bruxo que chegou ontem, se mais alguém tenta usar magia neste museu, eu juro que cometo um crime.

— Mais um bruxo? — Soobin se interessou pela conversa.

— Um rapaz de vinte e um anos. Ele já é de cá, mas quando volta já sei que terei um Channie pronto a fazer picadinho. — Suspirou.

— Por que não deixas o Lix tratar dele?

— Nope! Aí, sim, que temos problemas.

Kai olhou confuso entre o elfo e o bruxo. Soobin nunca teve muita facilidade em fazer amigos. Até ele não tinha já que não havia muitos seres que visitavam a floresta. Todos os espíritos da floresta normalmente eram muito velhos. Barba comprida, cabelo branco, rugas, eram tão velhos como as árvores de que nasceram.

Devilish MineOnde histórias criam vida. Descubra agora