- Capítulo 1 ↻

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– Sinto muito, Katherine, mas não posso fazer mais nada para ajudar. Você vai precisar fazer o exame final.
Quando a professora saiu, Katherine ficou estática, olhando o D- que tomara. Significava ir para o exame final de calculo. Pior, significava decepcionar seu pai. Ela ficou muito pouco tempo sozinha. Logo suas amigas – ou seguidoras, melhor dizendo – entraram ansiosas na sala.
– Então? – Betty perguntou, ansiosa, enrolando uma mecha do cabelo louro no dedo ansiosamente – Ela te ajudou?
– Não – disse, se levantando e apanhando o material, absorta em seus pensamentos. O que o pai dela ia dizer?
– Vadia – Chloe murmurou, a voz tingida de maldade.
Eram tempos diferentes, aqueles. Tempos onde chamar alguém de vadia era uma ofensa levada a sério. Kate saiu da sala, sem dar muita importância, mas a formação de seguidoras foi fielmente atrás dela, como cachorrinhos. Todas adolescentes, a própria Katherine tinha 15 anos recém completos, mas se achavam as donas do lugar. Abriam espaços nos corredores pra elas e ninguém sentava em sua mesa na cantina. Kate ficou calada até chegar em seu armário, onde colocou os livros, uma ruginha precoce de preocupação entre as sobrancelhas. Foi então que Maya chegou, apressada, toda cabelos negros, os dois primeiros botões da camisa abertos em um decote.
– E ai? – perguntou, ansiosa. Kate negou com a cabeça – Oh, droga.
– Não é bem o fim do mundo – Chloe disse, e Kate ergueu os olhos cor de mel, encarando-a – É só prestar o exame e pronto – tentou.
– Porque você acha que ela vai saber, no exame, algo que já não saiba agora? – Kate ergueu as sobrancelhas, aliviada. Era por isso que costumava conversar mais com Maya. Maya costumava pensar, ao contrário das outras.
– Ela estuda, são três semanas daqui pra lá – Lucy tentou, mas não funcionou.
– Vocês não entendem, se eu reprovar no exame final eu repito o ano – as outras se encolheram ao ouvir aquilo, como se fosse a noticia de uma tragédia da natureza – Isso não pode acontecer, de jeito nenhum.
– Nem pensar – Betty confirmou, parecendo tentar pensar, então seu olhar se tornou maldoso – Aquele garoto Herrera está olhando pra você de novo – denunciou. Só Maya olhou.
O garoto Herrera estivera mesmo olhando, do seu armário. Agora tentava disfarçar, inutilmente, mexendo nos livros de modo desgovernado, o rosto vermelho, os óculos parecendo tortos. Katherine fechou o armário, apoiando a cabeça nele.
– Sinceramente, você acha que eu tenho tempo pra isso agora? – perguntou, exasperada. Os cabelos loiros caíam impecáveis pelas costas, enquanto ela batia com a testa no armário levemente.
– Pelo contrário – ao escutar Maya, Kate parou de bater a cabeça – Olhe pra ele, é um nerd. E gosta de você – a cara de exasperação foi coletiva agora. Katherine tinha o cenho franzido, olhando a pintura do armário.

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