Capítulo 5

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Feyre engoliu em seco, olhando rapidamente para todos da sala, observando se todos viam aquele olhar. O olhar doce e perverso que cruzava o rosto daquela illiryana, ninguém pareceu notar, e quando Feyre piscou, aquele olhar sumiu, talvez estivesse louca.

— Deveríamos jantar, você está com fome?

Catarina secou o suor que brilhava em sua testa, puxando os cabelos para aliviar o calor em sua nuca.

— Não — ela responde, curta e certa. — Só... Com muito calor.

Feyre olhou para seu próprio vestido de mangas até os pulsos.

— Você deve estar com febre, quer se deitar?

— Não.

Ela apertou os lábios em uma linha fina, encarando Catarina como se pudesse ver sua alma.

O anjo por sua vez, com o antigo e poderoso poder se revirando dentro de si, cheia de angústia e tristeza, por dentro ela revirou os olhos com desgosto, por fora ela abaixou os olhos tristes e murmurou:

— Perdoe-me por causar tantos problemas, não quero causar incomodo, Grã-Senhora.

Feyre sorriu levemente, ela estaria completamente louca se visse mais do que ingenuidade na garota. Tão doce e com um olhar tão ingênuo, Feyre desejava preservar esse olhar em uma pintura.

— Não se preocupe, venha.

Catarina assentiu quando Feyre puxou uma cadeira, sentando de propósito ou não, ao lado de Rhysand, ela tinha os dedos trêmulos quando colocou ambas as mãos no colo, deixando o felino, Tormento, descer para o chão.

— Esse gato me incomoda. — Amren grunhiu baixo.

Tormento estava sentado no parapeito da janela, encarando a mesa com seus grandes e redondos olhos, cheios de sabedoria antiga e magia perversa. Ele exibiu os dentes para Amren, que estava discutindo consigo mesma se deveria rosnar para o gato de volta.

— Agora o gato tem culpa por ter um rato no mesmo cômodo? — Cassian sorriu quando o olhar de Amren escureceu.

Catarina olhou para Amren como quem pede desculpas, para todos seu olhar era triste e envergonhado, mas, Amren enxergou algo além disso e quando Catarina falou, Amren jurou sentir gelo em seus ossos:

— Tormento não é acostumado com tantas pessoas.

Ela sorriu levemente para o felino que poderia engolir Amren com poucas mordidas.

— Tormento é o nome dele? — Feyre questiona, ela abaixa um pequeno pedaço de carne, o felino por sua vez, a ignora. — Parece bem tímido.

Catarina concorda, um verdadeiro sorrindo cobrindo seu rosto, lábios fechados e olhos chorosos encarando aquele olhar que por muito tempo tirou uma parte de sua escuridão, o felino relaxou com o sorriso lançado em sua direção, se deitando no parapeito, o rosto apoiado nas patas enquanto a calda balançava no ar; ele ainda olhava, ainda observava.

— Ele é tímido sim — ela fala desviando o olhar para Feyre e Rhysand. —  O pouco que me lembro é que sempre estivemos sozinhos.

— Do que mais você se lembra? — Pergunta Azeiel, do outro lado.

Catarina encolhe os ombros, fôlego sôfrego saindo de sua boca a cada vez que seu peito subia e descia.

— Ah, eu não sei.

— Quando se recuperar — Rhysand começou a falar. — devemos levá-la de volta para sua casa. Sua família pode estar preocupada.

— Por que não a levam agora? A família pode cuidar dela. — Amren estala a língua.

— Ela estava na Corte Invernal, deixe a garota lembrar para resolvermos isso.

Catarina aperta os olhos fechados, apoiando o rosto com a mão aberta e pálida, ela treme enquanto suor frio escorre por sua testa.

— Família? — Sua voz soa fraca ao murmurar. — Minha família...

Ela deixa seu corpo cair para trás, apoiando as costas na cadeira, suas asas caídas tocando o chão.

— Não me lembro — sua visão é coberta por lágrimas. — Será que tenho... Uma família?

— Está tudo bem — Cassian diz aflito ao ver Catarina se levantar. — Não se esforce agora.

Ela curva os ombros para frente, de costas para todos, as mãos escondendo seu rosto.

Maldita. Maldita. MALDITA. MALDITA. MALDITA. MALDITA. Todos malditos... Maldição.

— Me perdoem...

Ela deixa as mãos caírem, olhando por cima dos ombros, mais suor escorre por seu rosto vermelho, lágrimas acompanham o mesmo caminho.

— Me perdoem...

Catarina coloca uma das mãos no rosto, tentando esconder a vermelhidão e as lágrimas, a fraqueza que tomava seu corpo como uma sombra.

Ela vê quando Feyre se levanta, Rhysand a acompanhando, eles arregalam os olhos quando Catarina se sente cair, os olhos se fechando, seus sentidos sendo quebrados.

— Pela Mãe...

Alguém segura sua cabeça antes que chegue ao chão, mãos frias deslizando em sua testa limpando o suor. Ela se agarra a isso, nessa sensação. Braços fortes a agarram seu corpo, levando para cima, seu rosto é segurado com cuidado.

Quanto mais me abraça, mais necessidade vai sentir. Quanto mais me toca, mais eu o tenho.

Ela abre os olhos quando sente que pode ver na escuridão. Catarina congela.

Rhysand ainda está lá ao lado de Feyre, murmurando baixo com a esposa preocupada.

— Você não está desmaiada — a voz baixa de Azriel toca seu ouvido.

Catarina estremece quando ele a deita na cama. Lentamente ele se afasta, deixando a mulher chorosa na cama.

— Você chora muito.

— Me perdoe...

Azriel olha para ela, para todo seu corpo, todos os lados.

— Naquele baú há roupas finas para dormir, você vai encontrar algo que não faça seu corpo queimar. Tome um banho e se troque.

Ela está arfante quando Azriel se levanta, olhos arregalados e quase assustados.

— Ah, esse é meu quarto. Imaginei que teria mais privacidade, ninguém entra aqui...

Ela tenta falar, mas nada sai de sua boca. Azriel assente, afastando os pés para a porta, antes de sair, ele olha uma última vez.

Maldito. Maldito. Maldito...

Catarina cobre o rosto perturbado com as mãos, ofegante enquanto pensa consigo mesma: Por que eu gostei do toque de Azriel? E por que... Por que eu me agarrei nessa maldita sensação?

 Por que eu me agarrei nessa maldita sensação?

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⏰ Última atualização: Mar 11, 2023 ⏰

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