Draco Malfoy

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Eu tinha medo de tempestades. Sempre tive, des de pequena. E infelizmente, hoje não era um bom dia para isso.

Caia uma tempestade forte lá fora enquanto eu tentava me convencer de que eu estava segura no meu dormitório. As meninas continuavam a dormir enquanto eu não conseguia parar de tremer.

Me levantei e torci para alguém estar acordado em um dos sofás da comunal. Não tinha ninguém, completamente vazio. Ouvi a chuva aumentar lá fora e senti meus olhos enxerem de lágrimas enquanto minhas pernas falhavam de tanto que eu estava tremendo.

O medo começou quando eu tinha 7 anos. Ficava sozinha em casa frequentemente e nesse dia uma chuva muito forte começou. Fiquei nervosa por estar trancada dentro de casa sem ninguém para pedir ajuda e des de então dias de chuva se tornaram um pesadelo. Com o tempo o medo foi piorando e piorando cada vez mais, se transformou em pavor.

Eu me encolhi no sofá perto da lareira, ela tinha chamas verdes que iluminavam a comunal com uma luzinha fraca. Me escondi atrás dos meus joelhos e torci para que a tempestade não fosse durar muito.

- s/n, é você? - a voz estava abafada por conta da chuva, não consegui decifrar quem era. Levantei a cabeça e espremi os olhos para tentar enxergar em meio a escuridão, vi uma sombra se aproximar e conforme chegava mais perto da lareira consegui ver de quem se tratava - o que está fazendo aqui?

- nada - eu queria companhia, mas não a de Draco Malfoy.

- tá com medinho da chuva? - insuportável e inconveniente como sempre, ele nunca cansava. Eu não estava no clima de brigar, só queria que a chuva parasse e que ele saísse dali para eu poder chorar em paz.

- sai daqui, Malfoy. - fiz o possível para manter a voz firme mas falhei miseravelmente, parecia que eu estava sussurrando. Draco continuava sem se mexer na ponta do sofá.

- está chorando? - ele perguntou. Achei estranho a falta de brincadeira no seu tom de voz, chegou a parecer que ele se importava.

- não. - puxei meus joelhos para mais perto do peito enquanto tentava segurar as lágrimas e não prestar atenção na chuva.

- qual é o problema? - Draco se aproximou e se sentou no sofá do meu lado. - é a tempestade? - assenti com a cabeça sem olhar para ele. Draco parecia sentir compaixão, algo que nunca esperei vir dele. - estamos seguros aqui dentro. Acha mesmo que Hogwarts não aguenta uma tempestadezinha?

- você tem um ponto. - eu sorri. Olhei para Draco, ele estava sorrindo.

- achei que você não tinha medo de nada.

- não tenho, isso é só um ponto fraco. - brinquei. Um trovão fez barulho lá fora e eu senti um arrepio percorrer meu corpo.

- tá tudo bem. - Draco colocou a mão no meu joelho, que eu ainda segurava forte em frente ao peito. Ele fazia círculos com o dedo indicador. Em segundos a companhia de Malfoy se tornou algo bom, nunca pensei que diria isso.

- obrigada, Draco. - eu disse olhando para seu rosto, iluminado pela luz verde da lareira.

- é a primeira fez que você me chama de Draco. - nunca tinha percebido, mas era verdade, sempre chamei ele de Malfoy. - faz isso mais vezes, eu gostei.

- cala a boca, Malfoy. - falei brincando e me aproximei dele descansando a cabeça no ombro do mesmo, Draco me envolveu com seus braços. Me senti protegida pela primeira vez, como se a chuva não importasse mais.

- por que você me odeia tanto? - ele se referia aos últimos anos de brigas intermináveis entre nós dois, não sei quando nem como começaram.

- achei que era você que me odiava.

- odiar você? claro que não, nunca odiei. achei que era você que tinha problemas comigo. - fiz uma expressão pensativa, pelo que parecia nós nem tínhamos motivos para odiar um ao outro.

- sabe que eu nem sei o motivo pelo qual eu odeio você? nós perdemos todo esse tempo por nada?

- é o que parece. - nós nos olhamos e rimos, tudo que me irritava nele foi embora depois de ouvir aquela risada. ele parecia tão gentil e agradável agora, diferente do que eu pensava a minutos atrás. - sabe, no começo eu até tinha uma quedinha por você, mas você sempre passava reto por mim e não olhava na cara de ninguém, ai desisti. - uma quedinha por mim? por algum motivo pensar nisso me fez sentir borboletas no estômago. jamais admitiria, mas também já tive uma quedinha por ele.

- tá brincando?! eu não olhava pra ninguém porque morria de vergonha! - senti minhas bochechas ruborizarem. draco tinha uma feição calma no rosto, ele ainda sorria, mas não disse nada. - o que foi? - estranhei o silêncio repentino, draco chegou um pouco mais perto.

- eu gostava de quando você ficava com vergonha, suas bochechas ficavam vermelhas, que nem agora, eu achava lindo... ainda acho. - Draco colocou uma mão na minha bochecha e fez carinho com o polegar. Os olhos dele brilhavam, eu estava hipnotizada, não conseguia parar de o encarar. Draco deu um sorrisinho de lado antes de encostar seus lábios nos meus dando um selinho demorado. - sempre quis fazer isso. - ele disse seguido de um sorriso. não deu tempo de dizer nada e já estávamos colados novamente, começamos apenas com selinhos e a intensidade foi aumentando com o tempo.

Eu não sabia que esperava por isso até ter. Nós dois encaixávamos perfeitamente, éramos feitos para aquilo ali. Toda raiva que um dia senti desapareceu. Agora eu só queria continuar beijando ele, por vários minutos, vários dias.

Quando nos separamos não falamos mais nada, não precisava. Draco me deu um beijo na testa e repousou a cabeça sobre a minha enquanto se aconchegava ao meu lado, dormi sentindo ele fazer carinho em meu cabelo.

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> 918 palavras
> 18/04/23

𝙝𝙖𝙧𝙧𝙮 𝙥𝙤𝙩𝙩𝙚𝙧 𝙞𝙢𝙖𝙜𝙞𝙣𝙚𝙨 Onde histórias criam vida. Descubra agora