A luz

A jornada

Lúcia não fazia ideia do porque havia concordado que seria uma boa ideia viajar até os confins do leste Europeu. Já se faziam cinco anos desde que o acidente que marcou sua vida tinha acontecido. Desde então a menina ruiva se viu cada vez mais abraçada a uma escuridão sem fim, tudo à sua volta parecia arruinado e não havia mais luz em seu caminho, pelo menos era o que parecia.

Ser criada em um orfanato tinha suas vantagens e também suas desvantagens. Para alguém como Lúcia , tinham mais desvantagens. A maioria das crianças que cresceram com a menina não foram adotadas, assim como Lúcia. A maioria poderia achar uma benção estar tão próxima de pessoas com as quais se criaram laços durante a maior parte da vida. De fato, Lucia poderia dizer que se sentia confortável por conhecer boa parte das pessoas a seu entorno a tanto tempo, entretanto, seria forçar demais a barra dizer que a menina possuía um laço com tais pessoas.

Seu círculo de convívio íntimo se resumia a apenas duas pessoas além de si mesma. E uma delas havia sido arrancada de sua vida a cinco anos atrás... A outra? Ela não sabia dizer.

A risada alta de Loki fez a ruiva olhar para o lado. Uma carranca incomodada gravada em seu rosto. O ato fez pouco para acalmar a baderna que se seguiu por mais algum tempo.

Lucia tentava se encolher em seu assento evitando ao máximo ser esbarrada por seus colegas ou participar do tumulto que estavam causando. Discretamente ela enfiou a mão em sua bolsa carteiro e aumentou ainda mais o volume de seus fones de ouvido. Sua esperança era abafar o barulho a sua volta o suficiente para que pudesse não se incomodar com ele.

A ruiva recostou o cotovelo sobre a janela de vidro do ônibus olhando a paisagem de neve que havia se alastrado pelo caminho. Ainda era inverno e mesmo a Romênia não sendo tão longe de seus pais natal, ainda era possível ver claras diferenças nas vegetações que sobreviveram ao inverno rigoroso.

A menina sorriu levemente pensando em como gostaria de mostrar a Teo onde estava. Fotografar cada folha diferente que encontrasse apenas para contar a ele como era o lugar. O menino sempre havia sido o companheiro de Lucia. Ela não poderia dizer se perguntassem a quanto tempo se conheciam, mas sabia que era muito. Ele foi o único além da mulher responsável por cuidar dela que não mostrou nenhum tipo de aversão às peculiaridades de Lúcia e por isso, sempre esteve perto dela independente da opinião alheia.

Lúcia precisou enxugar uma lágrima traiçoeira que ameaçou escapar escorrer de seus olhos e respirou fundo tentando pensar em outra coisa que não fosse a saudade de Teo.

A menina sentiu um pontapé em seu banco e se virou para ver o que estava acontecendo. Tudo que Lúcia viu era Noma e Ivar se espremendo em seus bancos com o celular em mãos.

Noma percebeu o seu rosto irritado e deu um olhar de desculpas, que Lúcia logo descartou com um aceno de mão.

"Olhem, este é o lugar que eu vi no panfleto!" Ivar mostrou-se animado com os outros de seus colegas.

Lucia embora estivesse parecendo distraída prestava atenção atentamente.

"Uau! É interessante. Parece um vilarejo antigo." Comentou Casper que olhava para o celular tentando pegá-lo das mãos possessivas de Ivar.

"Deixe-me ver mais de perto, seu..." Caster puxou com força o celular da mão de Ivar.

"Cuidado! Se você quebrar vai me pagar outro!" Reclamou Ivar bufando em desagrado, mas deixando o amigo ver a imagem mais de perto.

Greta que estava na outra fileira de bancos do ônibus porque não tinha um banco próximo disponível para ela se inclinou sobre o corredor tentando encontrar equilíbrio para cutucar Caster e pedir que a deixassem ver a foto.