Aquela ruiva sem sal

1.3K 77 128
                                    

Desde que aquele moleque tinha voltado de Liyue, Dottore parecia estranhamente próximo dele. Uma proximidade incômoda, sutil, cochichos, sussurros, brincadeirinhas e risadinhas. Aquilo dava nos nervos do banqueiro.

Nunca antes os tinha visto tão próximos, mas recentemente estavam como se fossem melhores amigos. Era por causa da pele bonita e jovial dele ou porque ele era um projetinho de sociopata? Era por que o sorriso dele era quente e radiante, ou porque Dottore se interessava nas descobertas que o garoto tinha feito durante sua estadia em Liyue? Independente de qualquer coisa, aquilo estava incomodando o moreno de um jeito quase doentio.

Claro que não se permitiria demonstrar quaisquer sentimentos diante dos colegas de trabalho, isso incluía, claro, o namorado, Zandik. Até mesmo para ele, Pantalone permanecia sendo um segredo, um mistério, uma incógnita.

Seus sentimentos ficavam trancafiados bem fundo em seu peito, mantendo seu rosto impassível como se fosse esculpido em puro mármore, como sua reputação, fria; mas essa caixinha estava pegando fogo de ciúmes.

Lembrava de quando tinha se unido aos Fatui como forma de alcançar objetivos ainda maiores, enchendo seu ego e sua ambição com mora e mais mora; projetos megalomaníacos, ações importantes e estratégicas, adrenalina correndo solta a cada novo investimento. Dottore lhe trazia os melhores projetos, os melhores planos.

A cada dia conheciam mais e mais da loucura do outro, percebendo que mesmo tão diferentes, eram tão parecidos em seu cerne. Dottore em sua busca pela verdade do mundo, pelo conhecimento, e ele em sua busca em poder para provar aos deuses que nunca o reconheceram como podia ser poderoso mesmo sem a ajuda deles, mesmo sem uma visão ou benção que fosse. Que se fodessem os deuses, e que se fodesse Zandik também por ser um gostoso.

Aquela voz grave, a risada maníaca, os dentes pontiagudos monstruosos, as cicatrizes na pele branca, os olhos vermelhos demoníacos, ah! Pantalone lembrava bem da primeira vez que tinha lhe negado um bom projeto apenas para ter a oportunidade de chantageá-lo em troca de favores sexuais... E o médico caiu direitinho, se curvando diante do bancário e lambendo seus pés em busca de patrocínio.

A doce juventude, a loucura da ambição, o poder do dinheiro, os jogos eróticos movidos pela ganância de dois homens insanos. Pantalone adquiriu gosto por dominá-lo, e ele, aparentemente, por ser dominado pelo moreno.

Mas agora seu coração se angustiava por causa daquele traste, e isso era imperdoável. Por mais que nunca tivessem rolado juras de amor, tinham concordado com aquela porcaria de relacionamento e, a partir daquele momento, Zandik tinha que entender que era sua propriedade! E ninguém podia tocar em suas coisas sem sua permissão.

Quando Dottore entrou em sua sala mais tarde naquele dia, as lágrimas já tinham secado e o rosto de mármore se encontrava absolutamente impassível, embora o fato do moreno estar encostado em sua mesa, semi-sentado sobre o tampo de carvalho com as mãos apoiadas na quina do móvel, deixasse bem claro que Pantalone o esperava.

— Tranque a porta e tire as roupas, Zandik.

— Uau! Mas assim? Eu mal cheguei. — O médico riu de canto erguendo as mãos em rendição, mas sem cumprir a solicitação.

— Tranque. A. Porta. E. Tire. As. Roupas. Zandik. — Repetiu pausadamente sem sair do lugar, observando o médico rapidamente cumprir o pedido e trancar a porta da sala, para depois despir-se com certa velocidade, ficando apenas em suas roupas íntimas, cueca e harness. — Tire a cueca também. O harness pode ficar.

Zandik respirou fundo e tirou a última peça de roupas, colocando junto com as outras peças sobre o sofá no canto da sala.

— Ótimo. — Pantalone ergueu o corpo se afastando da mesa e caminhando ao redor do outro homem na sala. — Quem é seu mestre, Zandik? Responda.

Obey Your Master. (Dottolone/Panttore)Onde histórias criam vida. Descubra agora