O choro estridente ecoava por toda a caverna.
O bebê prematuro se remexia incomodado nos braços do demônio do deserto. O líquido vermelho com gosto metálico em sua boca o fez golfar, trazendo uma frustração enorme para aquele que se auto denominava sua nova figura paterna.
— Qual é o seu problema, não gosta de sangue, pirralho? — as garras se afastaram do rosto do bebê.
Esfregando com as mãos minúsculas sobre a boca, a criança espalhava o sangue em seu rosto no esperança de tirar o gosto ruim, mas o resultado apenas o fez ficar ainda mais sujo do que sua fralda, tirando uma risada horripilante da criatura.
— Mais um pouco e você ficaria igual aos idiotas ali no chão. — riu ainda mais alto olhando os corpos dilacerados. O bebê parou de se mexer.
Era impressionante como os humanos conseguiam ser tão ignorantes e cruéis, a capacidade de conseguir poder a qualquer custo era assustadora e irracional, sacrificar a esposa e o filho recém nascido por puro egoísmo era repugnante. Shukaku sentia o ódio crescer ainda mais toda vez que se lembrava do motivo de ter acabado com um bebê nos braços.
Aquele maldito kazegake, achava mesmo que conseguiria selar a mais fortes das bijuus? Feria seu orgulho eles acharem que poderiam o comparar com Kurama, aquela raposa arrogante.
O demônio andou pela caverna se aproximando dos seres que um dia foram ninjas de Suna, vasculhou os pertences dos cadáveres encontrando água, comida, remédios, roupas extras desnecessárias e armas. Pegou as quatro primeiras e se retirou de sua "casa temporária".
— Pelo visto, o desgraçado do seu pai ainda tá vivo. — resmungou Shukaku, rasgando as roupas meio surradas fazendo uma espécie de bolsa ganguru improvisada, onde colocou o bebê que chorou incomodado. Com a água limpou o rosto e o corpo sujo da criança.
Quem o conhecia sabia que o Ichibi jamais se rebaixaria aos humanos, tão pouco cuidaria ou seria gentil, mas o que poucos sabiam era que maior que sua sede por sangue inimigo e o prazer da carnificina, era o sentimento da conquista e superioridade. Para o demônio aquela criança era como uma espécie de troféu merecido, na qual ele o usaria para o seu próprio benefício. Porém diferente do que muitos esperam de uma besta de calda, Shukaku sabia cuidar do que era seu e assim como uma leoa arrancaria a cabeça do inimigo para o segurança do filhote, o demônio do deserto não hesitaria em espalhar cadáveres para o bem naquele que nomeou como Gaara.
Com sua forma humanoide, colocou o chapéu de palha na cabeça caminhando sobre as areias escaldante do deserto.
Precisava encontrar outra forma de alimentar seu pequeno sem interrupções.
E com esse objetivo, cerca de três horas sem parar, Shukaku encontrou uma casa na floresta afastada de qualquer outro meio de civilização. Perfeito, pensou a bijuu.
Do lado de fora duas crianças brincavam, sem notarem o estranho que se aproximava da mais alta entre elas.— Garota. — chamou o demônio.
A menina, que até então, conversava com sua boneca de pano, voltou sua atenção para o homem a frente dela. Seu rosto banhava confusão e curiosidade, as tatuagens foram o que mais lhe chamou a atenção. Sua mãe sempre havia dito que não deveria falar com estranhos, entretanto o sangue seco nas mãos do desconhecido a fizeram-na repensar que talvez fosse melhor ser educada com a tal "pessoa".
— B-boa tarde, senhor. Em que posso ajudá-lo? — a voz tremia.
O Ichibi a examinou com o olhar. Dava para sentir o medo transparecendo sobre a criança, o demônio sorriu. Agachou-se ficando mais próximo da garota.
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Paternidade Demoníaca
FanfictionO choro estridente ecoava por toda a caverna. - Qual é o seu problema, não gosta de sangue, pirralho? - as garras se afastaram do rosto do bebê.