Capítulo 1

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O verão nunca foi tão ruim quanto está sendo agora, quando eu finalmente teria tempo pra zerar The Last Of Us, minha tia decide que seria uma ótima ideia passar uns dias visitando sua tão amada irmã e obviamente trouxe o filho dela pra detonar com meus planos, sério que não tem nada melhor pra fazer na sua própria casa?

— Jaemin! — Meu primo, Mark, que permanecia estirado em minha cama me deixando com um singelo cantinho de uns 5cm fala, me tirando de meus devaneios. — Você vai ou não?

— Vou pra onde cara?

— Pro Aquário Municipal, eu acabei de te falar. — Sim, acabou de falar enquanto eu definitivamente não estava prestando atenção. — Vai mais algumas pessoas, Chenle, Jisung e... Hyuck — Ele da uma suspirada

Mark e Hyuck saem a algum tempo, mas meu primo nunca conseguiu tomar a decisão de namorar ou não com o garoto. Se você gosta de alguém, gostaria de passar sua vida toda ao lado da pessoa, não? Por isso, não entendo como ele consegue ser tão confuso em relação a isso, tão idiota.

— Pode ser. — Tapeei a mesa de cômoda ao lado da cama a procura do meu celular. — Vão que horas?

— Agora. — Ele se levanta num pulo e começa a calçar seus tênis.

Enquanto Mark descia as escadas tão rápido que até me surpreendeu o fato de ele não ter caído e se quebrado todo, calcei meu all star preto surrado e peguei as poucas cédulas que sobravam na gaveta da sala.

Chegando na Praça Principal onde se localizava o tal Aquário, avistamos Jisung e Chenle rindo escandolasamente enquanto conversavam com alguém no celular, apesar de ser inaudível, era perceptível os xingamentos deferidos muito provavelmente a Hyuck.

— Cadê ele? — Meu primo pergunta, dando batidinhas nas costas de ambos os garotos.

— Chegando, eu acho. — Jisung responde guardando o celular no bolso da calça cargo preta.

— Ele sempre se atrasa, cuzão. — Chenle fala, vindo em minha direção. — Jaemin! Finalmente decidiu sair do cativeiro.

— Pois é... — Digo, desconfortável.

Sentamos nos extensos degraus na entrada do Aquário enquanto esperávamos Hyuck aparecer. Os poucos minutos que ali ficamos pareceram horas, horas de extremo desconforto (provavelmente apenas pra mim).
Donghyuck finalmente aparece, seus cabelos castanhos praticamente tampando seus olhos e uma enorme camiseta colorida que cobria metade de suas pernas.

— Finalmente! — Jisung fala alto, logo se levantando para ir cumprimentar o amigo.

— Foi mal, minha mãe precisou de ajuda com umas coisas. — Hyuck falou envergonhado.

Quando finalmente decidem parar de dar soquinhos e xingar Donghyuck, começamos a subir o resto das escadas do Aquário. Moro numa cidade minúscula ao norte da Coreia do Sul, a cidade mal possui comércio e tão menos fazendas ou algo como extração de algum minério importante em massa para mante-la mas de alguma forma ela ainda não faliu. Acredito que umas dessas formas seja o turismo atraído pelo Aquário Municipal, local que a contrução tomou praticamente todo o dinheiro dos impostos que a prefeitura arrecadou.
Ninguém sabe realmente como trazem certos animais pro Aquário, os tanques são repletos de animais marinhos exóticos e o máximo que a cidade possui é a fonte da Praça Principal então tudo é um completo mistério mas a negligência que esses animais sofrem desde a retirada deles de seus lares nunca foi discutida por ninguém... por esse motivo, nunca havia vindo visitá-lo até hoje.

Após pegarmos nossas pulseiras para que seja possível a entrada no Aquário, Jisung e Chenle saem correndo na frente, deixando eu, Mark e Hyuck para trás. Os dois garotos saltitavam pelos tanques enormes dando soquinhos no vidro de cada um pelo qual passavam.
São longos corredores com tanques gigantescos que abrigam animais de diversos tipos, todos os dias nas férias de verão o local se enche de turistas curiosos para verem o tal "Aquário Gigante Coreano". As maiores atrações normalmente são as Tartarugas Marinhas e os Tubarões Brancos, estes que todo mundo acha incrível de ver e não entendo como ainda não questionaram como eles foram trazidos e presos aqui.

— Quero ver a sala de fósseis. — Hyuck fala para Mark, que está com o mesmo sorriso bobo desde quando o garoto chegou.

— Vamos! Quer vir Jaemin?

— Depois, encontro vocês. — Falo, cogitando a ideia de dar um perdido nos dois e ir pra casa.

  Os dois se despedem com um joinha e se vão, em direção a sala que abriga diversos fósseis de animais extintos e não extintos.
Ando pelos corredores mais um pouco, a procura do tanque das tartarugas. Quando criança, minha mãe me deu uma pequena tartaruga que passou a viver num minúsculo aquário na cômoda de meu quarto. Eu tinha tanta pena daquela coitada que um dia decidi que iria ser um verdadeiro justiceiro e libertá-la, levei a tartaruga que até então se chamava "Figo" por conta de sua cor verdinha até a praça e a larguei na fonte. Lembro de ter ido no dia seguinte até lá visitar Figo e não a vi, eu tinha ficado muito feliz pois achava que ela finalmente havia encontrado sua família – sim, eu achava que na fonte haviam canos que iam direto pro oceano e por isso fazia total sentido deixar Figo lá – e cerca de um mês depois enquanto brincava com alguns amigos perto da tal fonte, tropecei num pequeno casco de tartaruga. Eu nunca chorei tanto em toda a minha vida.

Quando encontro o tanque das tartarugas, mal paro para observá-las quando vejo um menino de cabelos azuis sentado num canto do tanque, de sua bolsa jogada caíam seu celular e seu estojo, que estava aberto.

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⏰ Última atualização: Mar 18, 2023 ⏰

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