❆ Prólogo ❆

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ENTRE VENTOS GELADOS, em um vilarejo distante entre as florestas sob o manto branco da neve, Yukime Aikyo caminhava pelas ruas sempre decidida a deixar as brisas levarem sentimentos angustiosos, e a saudade que tinha pelos seus irmãos após falecerem.

A ventania gélida a acalmava, Yukime sentia que ela estava lá sempre a confortando, não importando se o abraço seria caloroso, ou glacial.

Ao meio de seus pensamentos, o sentimento de culpa enredava Yukime, cujo a deixou dolorosamente tonta por olhares julgadores, resmungos por onde quer que ela passasse e crepúsculos sem dormir devido aos pesadelos que a atacava.

Mas espera. Por que pensava nisso agora? Ela decidiu caminhar para esquecer esses pensamentos, não ter um aprofundamento deles!

Ela sacudiu a cabeça, e respirou o frescor frio lentamente. Seus olhos alçaram as pessoas que compareciam naquela rua, e encontrou no centro delas a sua velha amiga – que não conversavam há muito tempo – , com outras crianças.

Yukime determinou ir aonde ela se encontrava, a fim de restabelecer os laços de amizade. Além da saudade interminável, ela precisava criar, e fortalecer novas amizades… Ela se sentia muito sozinha.

— Oi… — Yukime cumprimenta, sorrindo.

A garota ponderou retribuir, entretanto, quando virou e a olhou, a retribuição desapareceu, assim como a alegria de estar brincando com as crianças; e suas íris nublaram, cegando sua visão com os únicos sentimentos: medo e raiva.

— Sai! Fique longe de mim! — ela grita, chamando atenção de outras pessoas que passavam — Eu sei o que você fez, eu escutei meus pais falan!… — retardou, engolindo em seco — Falando que foi você que matou seus irmãos! Você é um monstro!

Yukime ficou perplexa ao escutar aquilo na frente dos demais. Ah… Ela sempre evitou isso, mas percebeu que nada poderia ser evitado.

Sempre haveria algo para fazê-la relembrar daquilo.

“Não… Não. Não foi você que matou seus irmãos! A culpa não é sua!”, o seu subconsciente resmungava isso, enquanto o seu outro lado dizia “Se você não largasse a mão do seu irmãozinho, ele não correria atrás da bola na floresta.”

Lágrimas cintilavam em seus olhos azuis, descendo rigidamente em suas bochechas pálidas.

— Você é um monstro, Yukime!

“Se você fosse mais forte e corajosa, não escutaria seu irmãozão, e salvaria eles.”

— Você não merece estar aqui! — outra criança intrometeu, batendo o pé na neve.

“Você é fraca, Yukime. Isso tudo é culpa sua!"

— Sai daqui! Sai daqui! — ela gritou, a empurrando — Fique longe da gente!

Yukime finalmente correu e se espreitou nas florestas densas enquanto escutava várias algazarras dos aldeões indignados, deixando um acúmulo de lágrimas no caminho, cujo acabaram sendo congeladas nas temperaturas frias que a estação causava.

“A culpa é toda minha. Eles têm razão, eu sou um monstro!”

Ela correu para longe, seus passos eram bastante rápidos, e gradualmente eles foram ficando pesados pela neve, causando uma queimação em seus pulmões ao inalar brutalmente o ar frio pela falta de fôlego.

Sua visão começou a escurecer em meio às lágrimas, fazendo-a tropeçar, caindo direto na neve macia. Ela tossiu, inalando o ar lentamente para não danificar os pulmões, e sentou-se com força no chão, sucumbindo ainda mais em lágrimas cristalinas.

Horas se passaram, e o céu já criava tons de laranja e roxo, avisando que mais tarde o sol ia embora e a lua vinha, acordando seres monstrengos que habitavam naquela gigante e densa floresta.

Ela se assustou quando percebeu o quão demorou, e pensou em seus pais e como eles deviam estar preocupados. Levantou-se receosa para lançar seus olhos em volta da floresta semi-escurecida, e, então, tirou excessos de neve sobre seu corpo e resolveu retornar para casa.

Chegando na aldeia, ela sobressaltou aterrorizada com várias chamas dançando em cima das casas destruídas, e várias manchas vermelhas decorando o chão antes branco e sedoso.

— O quê?

Ela cobriu os lábios ao ver sua velha “amiga” e outros conhecidos dilacerados, e, principalmente — quando ela correu gritando os nomes dos pais até a casa —, viu sua única família morta.

— Não! — Correu até os corpos abraçados caídos no chão. — Mamãe! Papai!?

Yukime começou a chorar profusamente, abraçando ambos corpos no chão.

— Acordem, por favor… Eu não quero ficar sozinha! — Sacudiu delicadamente seus pais. — É tudo culpa minha, é tudo culpa minha… Me desculpem, por favor… — Desabou, escondendo seu rosto com as mãos cerradas. 

Entre aquele sentimento e desespero angustiosos, uma sombra afeminada surgiu, tal como um cheiro doce, fazendo com que a mente de Yukime borrasse, e uma vontade intensa de fechar seus olhos chegasse.

E antes de ceder nos oscilar dos sonhos, ela jurou ter olhado asas de borboletas em sua roupa e seus olhos lilases brilhando em meio às flamas.

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Bom, muito obrigado por dar uma chance para essa obra, estou muito honrado!

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⏰ Última atualização: Mar 19, 2023 ⏰

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❄️ Yukime Aikyo ❄️Onde histórias criam vida. Descubra agora