.pôs mil estrelas no meu peito e a culpa é tua

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Mingi estava exausto, mas agradeceu aos céus por chegar em casa antes da chuva começar, a semana no trabalho estava tão agitada que não poderia se dar ao luxo de pegar um resfriado, e infelizmente, ainda não havia juntado dinheiro o suficiente para comprar um carro.

Abriu a porta do pequeno apartamento, esse que estava mais frio que o lado de fora - teria que se lembrar de avisar o síndico que o aquecedor estava quebrado -, mas logo foi agraciado pelo miado caloroso de seu felino.

Um gato de pelagem laranja chamado Limão (criatividade nunca foi o forte do Song, mas ele tentava).

Acariciou a cabeça do bichano, que se enroscava em suas pernas, e foi logo até a cozinha para encher o potinho de ração, pois sabia que todo aquele dengo era fome.

Após certificar-se de que Limão estava muito bem alimentado, ignorando a sua própria fome, Mingi se atira no sofá — que era pequeno demais para sua estatura, diga-se de passagem — esticando-se, sentindo toda a extensão da coluna doer.

E naquele momento, com a luz da sala ainda apagada, Mingi finalmente consegue soltar o suspiro que estava preso na garganta.

Mingi nunca quis ser um homem de escritório, queria fazer música, mas não podia, então tinha que suportar um estágio numa área que não o interessava, com tarefas extras que não faziam parte do seu serviço.

Então mesmo que tivesse mais dias ruins do que bons, Mingi não daria o braço a torcer.

Afinal, se desistisse, voltaria para casa dos pais, e isso estava fora de cogitação, seus progenitores nunca concordaram com suas decisões ou o apoiaram em suas ambições, e voltar seria como assumir que eles estavam certos, e o Song nunca deixaria isso acontecer.

Por outro lado, conhecia alguém com quem sempre poderia contar.

Yunho.

Ah, Yunho.

Só de pensar nele, Mingi começava a sorrir, a cor finalmente voltando ao rosto pálido e o frio do apartamento nem parecia mais tão incômodo assim.

Namorava o Jeong fazia dois anos, se conheceram por acaso na feirinha de adoção de animais que havia adotado seu amado Limãozinho, na qual Yunho era um dos voluntários do abrigo.

Mingi não acreditava em amor à primeira vista, mas aquele rapaz de altura semelhante à sua, definitivamente, estava sorrindo demais e dando mais atenção para ele do que para qualquer outra pessoa interessada em adotar um bichinho.

E por pura coincidência, Mingi sempre teve um fraco por garotos de sorriso doce.

No final daquele dia, o Song tinha em uma das mãos um gatinho manhoso e na outra um pedacinho de papel com um número de telefone.

Começaram a namorar um mês depois do dia que se conheceram, mas como nem tudo é perfeito e Yunho tinha o sonho de se tornar veterinário.

O namoro dos dois ganhou um obstáculo de mais de mil passos de distância.

Yunho teve que se mudar para a cidade vizinha por conta da faculdade, mas pensando com o coração muito mais do que com a cabeça, chegaram à conclusão de que nem era tão longe assim — uma hora e meia de ônibus — por isso, decidiram tentar fazer funcionar.

Se comunicavam por ligações, mensagens e vídeo-chamadas, se visitavam nas férias de Yunho, nas folgas de Mingi e nos feriados.

E estava dando certo.

Sendo assim, Mingi sabia que quando estava tendo um dia ruim como aquele, poderia simplesmente ligar para Yunho e chorar igual uma criancinha que seria prontamente consolado pelo outro.

gostasse, mô? • yungi Onde histórias criam vida. Descubra agora