Será que alguém viu?

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Mais um domingo na ilha, mais um churrasco da igreja. E desta vez Wanderley estaria lá para participar junto de seu amigo Cavalcante. E lá estavam, a família Florence e a dupla, caminhando em direção ao vilarejo, Bárbara e Milo haviam ido mais cedo para ajudar nos preparativos. Ao chegarem cada um foi para um lado, os irmãos Florence saíram a procura dos amigos, Angelina e Montel foram para um outro lado, e a dupla permaneceu perto ao mercadinho, conversando.
- Heh, espero que dessa vez o churrasco não me faça mal que nem da última vez.- Falou o de chapéu de encostando na parede de madeira.
- É, você precisa pegar mais leve né rapaz. Come que nem um desesperado.- Riu do outro.
- Ah cala a boca Wandebas.- Cruzou os braços olhando para o careca.
- Olha, eu tô ansioso. Nunca comi carne de javali.-
- Pois então hoje cê' vai comer a melhor carne da tua vida!- Falou uma menina ruiva, com o cabelo preso em uma trança bagunçada e vestido verde com um avental na cintura. Era Lilian, filha da "açougueira" da ilha. A ruiva chegou sorrindo para cumprimentar os homens.
- Opa Lilian! Tudo bom?- Falou Cavalcante.
- Tudo sim!- Sorriu.
- Opa!- Acenou Wanderley.
- Espero que dessa vez o porco não faça mal.- Falou o Bueno.
- Ah pode deixar que eu e minha mãe revistamos o porco inteirinho, não precisa se preocupar.-
- Ah então tá bom!-
- É, mas isso também não é desculpa pra sair comendo a torto e a direito não. Por eu sei como tu é.-
- Bom, espero que vocês aproveitem o churrasco. Vou ali ver se minha mãe precisa de ajuda com a carne.- A menina deu um tchauzinho e correu até a mãe.
Ambos ficaram um tempinho jogando conversa fora, até que ouviram uma voz conhecida se aproximar.
- Opa! Wanderley, Cavalcante.- Era o mercador, Barnabé.- Tudo bom?-
- Opa! Tudo sim!- Respondeu o de chapéu.
- Tudo.- Falou o careca.
- Então eh... Eu não queria atrapalhar a conversa de vocês mas, eu precisava de uma ajuda com uns bancos, e me disseram que você era marceneiro.- Se referia a Wandebas.
- Ajudo sim. Só que minhas coisas ficaram tudo na mansão.-
- Ah tudo bem, eu tenho algumas ferramentas aqui.-
- Tá bom então. Cadê os bancos?-
- Estão ali.- O mercador sai andando e Wanderley vai logo atrás, Cavalcante vai com eles. Ao chegarem em frente a porta da casa de Barnabé.- Esses aqui. Acho que só precisa dar umas marteladas em alguns pregos pra reforçar. Pra não ter o risco de alguém sentar e o banco desmontar.- Wanderley se abaixou para verificar os assentos.- Vou lá dentro pegar as ferramentas.- O homem vai e volta bem rápido.
Enquanto o careca arrumava os bancos, Cavalcante resolveu se sentar em algum lugar, sua perna ainda estava machucada, e ficar de pé por muito tempo a deixava dolorida. Foi até uma mesa próxima ao centro do lugar, no caminho passou por Montel que conversava animadamente com Davi, ambos falavam bem rápido, mal se conseguia entender o que conversavam. Chegou na mesa vazia e se sentou. Observava os moradores, a movimentação. Até que uma voz feminina se fez presente.
- Oi Cavalcante. Tais fazendo o que sozinho aí?- Falou a mulher loira se sentando ao seu lado.
- Ah, oi dona Angelina.-
- A gente quase não se fala na mansão né. Tais sempre olhando os cômodos da casa. Então, me diz. Como tá a perna?-
- Ah, tá melhorando. Aos poucos tá indo.- Deu um sorriso.- Graças a ajuda da senhora. Obrigado mais uma vez.-
- Aí que nada. E, pelo amor de deus né, pode me chamar de "você", nada de senhora.-
- Ah tudo bem.-
- E a casa. Já conseguiu ver todos os cômodos?- Apoiou o cotovelo na mesa, apoiando a cabeça na mão.
- A maior parte eu já consegui ver. Só o terceiro andar que não. Essa mansão é bem grande, o aluguel vai ficar bem alto.-
- Os cômodos dela são enormes né?-
- É sim. A cozinha, o escritório e os quartos são bem espaçosos.-
- Sim. Aí sabe, uma casa tão grande, um quarto tão grande, e eu tenho que dormir sozinha, porque o Montel fica trancafiado naquele escritório.- A Florence começa a aproximar a outra mão do braço de Cavalcante.- Eu me sinto muito sozinha sabe. Uma cama tão grande, e ninguém pra dormir comigo.- A mulher se aproxima do outro. O Bueno apenas dá um sorriso amarelo e se afasta um pouco. Começou a olhar em volta para tentar encontrar o marido da mulher em algum lugar, e lá estava ele, tagarelando com o faz-tudo da ilha.
- Entende?- A voz da mulher voltou a entrar em seus ouvidos. Só agora percebeu que ela estava falando algo nos últimos 5 minutos, mas estava preocupado demais em sair da situação desconfortável que estava.
- C-claro. Entendo totalmente.- Falou sem jeito.
- Eu vou pegar um vinhozinho.- Se levantou dando um sorriso leve para o outro. Cavalcante suspirou aliviado.

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