Lowkey | vhope

Prólogo

Falam que quando você é jovem não tem nada a perder, mas as perdas podem vir de pequenas surpresas inesperadas e irreversíveis.

Naquele momento, o adolescente encarava a tela azul pensando em formas de como se livrar do celular. Poderia jogá-lo pela janela, mas com toda certeza essa era uma opção burra, alguém o encontraria e a situação ficaria pior, independente, não era como se fizesse alguma diferença desaparecer com o objeto.

As mensagens já tinham sido trocadas e mandadas para outra pessoa, mesmo se as apagassem, continuariam a existir.

No entanto, ele só queria deixar de ter, em suas mãos, algo que provocou toda aquela situação. Quem sabe conseguiria fazer uma fogueira com o objeto no bocal do fogão e provocar um incêndio na sua casa, queimar junto às chamas, virar uma obra esquecida igual as cinzas dos livros que foram apagados durante a Segunda Guerra.

Era impossível não pensar em besteiras exageradas quando só queria sumir e nunca mais olhar de novo aqueles prints. Ele lembrava de ter visto em algum vídeo desses de tecnologia que em aplicativos normalmente todas as mensagens são criptografadas, tornando mais difícil o acesso às informações passadas entre uma conversa pessoal, mas a criptografia não cobria quando alguém era desgraçado o suficiente.

A notícia correu rápido pelos corredores da escola, entre os estudantes, todos agora sabiam dos seus sentimentos em relação aos garotos.

Ele não podia acreditar na capacidade de alguém brincar com aquilo e a partir daquele momento sua realidade seria aquela. Não estava pronto, não tinha certeza de nada e a partir de então teria que lutar uma luta que não deveria ser sua, pelo menos não ainda.

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