CAPÍTULO 5

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Respira fundo e tente parecer o mais forte possível.

Recitou em seu subconsciente enquanto atravessava o corredor para ir em direção a sala que daria aula. Oficialmente, era o primeiro dia de Soraya exercendo o cargo de professora naquela escola. Aquela escola que gerou incontáveis lembranças e momentos vergonhosos suficiente para escrever um livro.

Poderia facilmente assumir que o que lhe apavorava de fato, na verdade, não era os alunos mal-educados, e sim o atrevimento de uma certa professora. Além disse, lhe preocupava ainda mais perceber que não tinha domínio sobre seu próprio corpo, e que facilmente cederia.

Droga! Maldita seja essa mulher. Soraya pensou.

Passou pela porta da sala atraindo os olhares da maioria dos estudantes; os que não fizeram questão de encarar a sua nova professora, logo são surpreendidos com uma curiosidade instantânea que surge ao escutaram a voz da mulher:

— Sei que provavelmente não queriam estar aqui, eu mesma preferia estar em minha casa desfrutando da boa companhia de um velho amigo: o silêncio. — falou após repousar seu corpo na mesa de madeira e deixar a bolsa de couro preto ao seu lado. — Entretanto, precisam começar a entender que dependem de mim para passar de ano. Então, eu espero que facilitem as coisas, pois caso contrário, eu farei de suas vidas um verdadeiro inferno. — os ameaçou com aquele olhar felino que sem dificuldade seria confundindo com o olhar de um maníaco psicopata.

Desencostou seu corpo da mesa e fuçou a sua bolsa procurando pelo seu canetão. Ao encontrá-lo, se virou de costa para os alunos, e sem ao menos perceber, proporcionou alguns formigamentos no inferior dos adolescentes.

Ninguém pode jugá-los, isso é apenas uma consequência da junção do efeito causado por Soraya Thronicke e da puberdade dos pobres jovens.
A saia preta e justa também não facilitava muitas coisas, já que expunha todas as curvas da mulher. A blusa de alcinha preta dava a impressão de que era um vestido quando usada com aquela saia. O decote exposto em seus seios era como um destruidor de casamentos.

Srta. Thronicke

Escreveu na lousa de vidro, após isso se voltou a sentar na mesa.

— Eu a conheço! Ela estudou aqui, com a minha mãe. — Soraya ouviu e tentou conter-se para não revirar os olhos, pois provavelmente a mãe da jovem seria responsável por infernizar a vida de Thronicke.

A loira suspirou ao lembrar dos apelidos que recebia.

— Bom... O que estudaram ano passado?
— ela indagou e logo os estudantes estavam se encarando perdidos, procurando respostas, pois nenhum se lembrava.

— Segunda Guerra Mundial. — a garota dos cabelos negros e olhos amendoados respondeu com a mão erguida. Ela se sentava na frente da mesa do professor.

— Obrigada. Como se chama, querida?

— Dafny. — seu rosto ruborizou e um sorriso se alargou em seus lábios. Dafny abaixou a cabeça ao se envergonhar com a troca de olhares com a professora.

Soraya, achando a menina estranha, apenas abriu um sorriso tímido e voltou a dar aula normalmente.

————

Saiu da sala em passos rápidos ao tocar o sinal. Em uma mão ela carregava a sua bolsa, na outra estava o celular. Olhava para o aparelho atentamente, procurando o aplicativo que tinha os horários das aulas.

Virou o corredor quando sentiu seu tronco sendo coberto por um líquido, fechou os olhos e esperou seu corpo ir ao encontro do chão.

Mas não aconteceu.

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⏰ Última atualização: May 08, 2023 ⏰

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