mas não vai ser hoje (wip)

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cw: menções indiretas de auto dano; menção sobre abrir a própria cabeça.

As docas com certeza estão bem animadas hoje.

Na ponte do porto, sentada confortavelmente num tecido, uma velha faz sopa. Ela joga tempero dentro de uma grande panela preta misturando por um tempo antes de trazer a colher pra perto do rosto e mergulhar o dedo nela. Parece que está bom de sal dessa vez.

Ao seu redor muitas outras pessoas estão numa situação parecida. Um velho perfeccionista está organizando e reorganizando sua exposição de talismãs há tanto tempo que a pequena fila que persiste atrás dele está ficando cada vez mais impaciente. Do outro lado, um viajante vende apetrechos estranhos que recolheu pelo mundo inteiro - diz terem todo tipo de finalidades: vão de bússolas muito antigas a bastões, mantos, moedas estranhas... Dentre eles, estão suas "pedras coloridas do destino", uma prolonga a vitalidade, outra traz boa sorte...

A mais popular, é claro, é a de atrair fortuna.

É tudo besteira de qualquer forma.

A velha tenta disfarçar seu desprezo se concentrando na sopa, o aperto na colher afrouxando. É irritante que tenha se esforçado tanto esse ano, mas o movimento pro seu lado ainda esteja assim tão fraco. O lado bom é que pegou um bom lugar logo na entrada e quem chegar no festival vai ter que passar por ela, mas ainda precisa pensar numa contramedida.

De repente, há um movimento nas lanternas penduradas acima que faz as luzes tremularem. Levantando a cabeça, ela segue o cordão de lanternas até encontrar o culpado num canto menos povoado mais distante.

Se equilibrando em cima de um banquinho, Leo Tsukinaga dá um pulo pra cima e agarra uma lanterna. Dessa vez vem com facilidade e cabe perfeitamente dentro da palma da mão. É ainda mais bonita de perto emitindo um brilho cor de rosa pálido delicado. Seu formato redondo e fofo o faz pensar naquelas lanternas de ano novo chinesas que viu antes nos filmes.

Tem uma gravura dourada nela, mas Leo não sabe traduzir o que quer dizer.

Só então, ouve um suspiro.

"Que perigoso ficar pulando assim. Como você aproveitaria o festival se caísse e machucasse o joelho?"

Leo desce do banco com outro pulinho."Haha obrigado vovó, mas não precisa se preocupar. Eu sou ágil como um gato~"

A velha aperta os lábios num sorriso, dando um olhar pouco sutil pra mão dele. "Muito bem, e o que você está fazendo com isso aí, gato ágil?"

"Minha irmãzinha tem estado triste ultimamente, por isso queria animar ela um pouco com uma dessas. Essas lanternas são muito bonitas e tem tantas por aí que ninguém vai notar se sumir só uma."

Ela balança a cabeça, "Ah, então é pra sua irmãzinha..."

"Sim, eu sou um bom irmão mais velho, não sou? hahaha♪ "

Mas então lembrando que não é lá muito bom se vangloriar de um roubo, ainda mais com a testemunha bem na sua frente, Leo engasga com a risada, desviando o olhar apressadamente. Droga, preciso lembrar de na próxima vez prestar mais atenção nessas coisas!

Leo coça o nariz timidamente e então pergunta em voz baixa, "Ei, vovó, você pode me ajudar a guardar segredo?"

A velha abre bem os olhos pra dar uma boa olhada nele. Não sabe se é o cabelo todo arrepiado junto a roupa cheia de amassados, mas esse menino à primeira vista não inspira nenhuma confiança, simplesmente não parece cuidadoso. Mas então observando o jeito terno com o qual ele segura a lanterna e o carinho inconsciente ao falar da irmã a faz pensar que talvez ele seja no mínimo de fato um bom irmão mais velho.

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