Fechou a porta, levando os dedos até o interruptor que há muito havia decorado onde ficava. Apertando-o, a sala virou um oceano vermelho, a lâmpada central acesa, contrastando com tudo ao redor.
Estava na hora de imprimir algumas fotos, e Ino gostava de fazer isso com calma. Seu trabalho era uma das coisas mais importantes que possuía, e fazê-lo com esmero era o mínimo.
Ajeitou as bacias, as folhas, o rolo de filme... A química acontecia diante dos seus olhos, e conforme a imagem de Sakura aparecia em uma das fotos, seu coração se aqueceu com saudade da namorada.
Ela era médica, estando em um período atribulado do terceiro ano de residência. Um caso complicado apareceu e uma maratona de três plantões surgiu, arrancando-a de casa por um bom tempo. Quando achou que terminaria, mais alguma coisa — que não soube explicar pois ela falou rápido demais — aconteceu, e lá estava ela, sábado de manhã, no estúdio do apartamento que dividiam.
O cheiro do solvente não mais irritava seu nariz, pelo contrário, lhe confortavam. Do outro lado da porta tudo cheirava como ela, mesmo a garota quase não passando tanto tempo em casa. Talvez aquilo fosse algum novo nível na sua saudade... Suspirou, pendurando a foto que uma amiga havia tirado delas rindo abraçadas.
Finalizando o rolo de imagens pessoais, hora de fazer as encomendas. Pegando os rolos que pagavam suas contas, cuidou de cada um deles em silêncio, cantarolando alguma música no fundo da mente, enquanto seus instintos lhe guiavam em tudo que precisava saber.
Quando por fim terminou, deixou os papéis assentando e esperou o tempo necessário para poder acender a luz sem estragar as imagens. Ao fazê-lo, abriu a porta, deixando o estúdio por um tempo. Checou o celular que estava largado sobre o sofá, vendo que ainda estava cedo para o almoço.
Não tinha mensagens novas de Sakura, por isso pegou-se pensando qual restaurante pediria comida hoje. Sair sozinha estava fora de cogitação... Como tinha um pouco de tempo sobrando, resolveu tomar um banho. Ainda estava com as roupas que usou para se exercitar antes de adiantar o trabalho da semana que passou.
Lavou o cabelo devagar, se ensaboando com cuidado. Quando terminou, hidratou a pele com seus cremes favoritos, trocando a legging por shorts de algodão e o top por uma camiseta de dormir.
Secou o cabelo com o secador apenas o suficiente para não ficar úmido demais, afinal, hoje seria seu dia de preguiça, era oficial... Voltando a sala, sentiu o cheiro de Sakura mais vívido do que nunca. Aspirou, sentindo a saudade corroer sua pele.
Retomou para a sala vermelha. Seus olhos precisaram de alguns segundos para se reacostumar, mas assim que o fizeram, lá estava ela mergulhando o pegador na água, puxando uma de suas melhores fotografias.
Pendurou esta e todas as outras. Ao notar que terminou, pegou o novo rolo, separando-os na bancada antes de ir para a prateleira buscar mais papel. Então, a porta se abriu, um feixe mínimo de luz branca banhou o cômodo e a sombra que surgiu tinha o mesmo rosto da garota que tanto amava.
— Ei, linda. Posso entrar?
— Por pouco você não me faz queimar um rolo inteiro — ralhou, fechando a porta com pressa, puxando-a pela mão.
— Uma semana fora e é assim que você me trata?
Sakura estava ali. O braço dela sob seus dedos, a pele macia como bem se lembrava. O cheiro de rosas frescas sobrepôs qualquer solvente, ou qualquer outro aroma que seu cérebro tentou se lembrar. Como sentiu falta dela... E daqueles olhos verdes que lhe sorriam divertidos apesar de toda a implicância.
— Sabe a saudade que eu senti? Você merecia mais do que isso, idiota!
Ela passou as mãos sobre sua cintura, puxando-a para um abraço tão macio quanto ela inteira. Ino podia sentir tudo: o peso da mão, o calor dos seios contra os seus. Suspirou, derretendo-se de imediato.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Red Light
FanfictionSob a luz avermelhada que banha seu estúdio de fotografia, seus olhos focam no trabalho, mas sua mente só consegue pensar em uma coisa: Sakura Haruno.