Desejo Proibido

Trinta e oito

J Levinsky

Já experimentei a sensação de ser deixado pra trás algumas vezes, mas nunca como essa. Olho pela janela Kristen indo embora na sua moto, passando por cima de tudo, contradizendo todas as palavras que saíram da sua boca!

- Porra.. -Murmuro passando a mão pela cabeça, sem acreditar no que está acontecendo. kristen estava com cara de choro, ela foi pressionada por alguém até não aguentar mais e ir embora, cedeu às palavras de Joseph ou da Eleonor. E por conhecer tão bem minha pequena ela fez isso por mim, constatar mais um traço do seu altruísmo me fode pra caralho. Queria prender ela aqui dentro e não deixar ela ir embora, mas eu disse que me afastaria se ela pedisse, levou tudo de mim para que cumprisse com minha palavra. Fiquei louco quando ela disse que iria embora, sem saber como impedir que nosso mundo desmoronasse.

Meu peito está apertado e minha garganta fechando eu não acredito que essa porra tá acontecendo. Deixo a janela pra ir atrás de uma garrafa de uísque, a dor está tomando de conta de cada fibra do meu ser, nunca lidei com algo assim. É uma grande bola de sentimentos intensos que eu não tô acostumado.

Eu decidi abrir mão da banda por ela, eu não seria forte o suficiente pra me afastar, mesmo que isso fosse foder com todos. Mesmo que eu perdesse tudo e fosse preso pela acusação daquele babaca do caralho. Mas isso porque se tratava de mim, e não dela. Se algo se quer ameaçasse Kristen, eu não pensaria duas vezes em fazer o melhor pra ela. Eleanor provavelmente descobriu sobre a intimação que chegou, e me fodeu pra caralho com isso..

- Porra Bell! - Falo enchendo um copo. - Por que não confiou em mim pra resolvermos essa merda juntos? - Pergunto em voz alta sozinho e meus olhos ardem. Me sento na cadeira da cozinha vazia, sem vida, essa casa nunca foi tão calada e sem graça.

Não sei quanto tempo fico sentado bebendo e olhando pra porta da frente, pensando no que posso fazer pra trazer ela de volta, quando batidas firmes me tiram do transe. Um frio na barriga de expectativa me atinge por um segundo apenas. Kristen tinha sua chave, ela não precisaria bater. Inferno! Caminho a passos pesarosos, quem quer que seja é uma péssima hora!

- Pai? - Falo surpreso olhando pra ele parado na porta.

- Não vai me dar um abraço? - John Levinsky pergunta e eu me aproximo deixando que ele abrace. Porra nem eu sabia como eu precisava do meu velho aqui hoje! Minha garganta fecha e eu me seguro pra não chorar como uma criança, semana passada eu contei a ele sobre Kristen, era pra ele também conhecer ela hoje, e de novo somos só nós dois.

Depois que meu pai entra em casa com suas coisas, volto pro meu copo de uísque e encho um pra ele sem nem perguntar se ele quer.

- Não está meio cedo pra isso? - Sua cara de reprovação me faz lembrar de algo, agora entendo o que ele está fazendo em Seattle.

- Se veio pra me afastar da Kristen pode descansar, ela já foi embora! - Falo puto e viro a metade do copo, fazendo uma careta pela ardência na garganta. John me ligou algumas vezes essa semana porque é claro que Eleonor encheu sua cabeça com uma preocupação falsa do caralho. Ele também me pediu pra dar um tempo da Kristen, e quando recebi a intimação, Mark fez questão de ligar pra ele, pois era o meu contato de emergência. Só fodeu mais com minha situação e foi mais uma pessoa pra me encher o saco. Estou feliz que ele está aqui, mas chegou tarde, Kristen já fez o que todos queriam.

- Da pra ver pelo seu estado. - Meu pai fala me analisando, estou sem camisa, com uma bermuda e descalço, segurando meu terceiro copo de uísque.

- O que mais Eleonor fez? Aquela maluca deve ter enchido a cabeça da Kristen de novo, ela não aguentou toda essa pressão do caralho! - Falo puto querendo achar um culpado pra essa dor insuportável que estou sentindo.