Tudo se tornava decadente depois de algumas horas, do ponto de vista do homem com vestes pretas e um copo de conhaque quase vazio, o líquido aguçando o paladar antes de queimar pela garganta. A forma que se põe desleixadamente pelo estofado escuro, é quase convidativa, se o rosto não trouxesse uma carranca e prepotência conhecida por qualquer um que já tenha ido até lá para ser ignorado com um olhar entediado e debochado, quase ofendido, dizendo sem nem mesmo abrir a boca "que corajoso da sua parte, cogitar que teremos algo além da sua humilhação e meu ego inflado."
As luzes pintam todo o local em tons frios, roxo e azul, o que traz um contraste para o calor que a boate nomeada como Inferno carrega. Se você frequenta o speakeasy tem noção o suficiente para saber quem manda ali e principalmente quem tem o poder de se aproximar e conseguir manter uma conversa por mais de dez segundos com Richarlison, mesmo que o assunto seja carregado de insultos e insinuações ácidas. - Falando no diabo... - Não pôde evitar revirar os olhos.Son encarou cada canto do local antes de começar a caminhar, em passos tão firmes quanto a postura. Pegou o copo de vodca que o esperava sob o balcão, pronto, sem que precisasse sinalizar ou sequer se dirigir ao bartender que parecia ter a mesma idade que a sua, não o escondeu um sorriso, ele não é alguém de se jogar fora e talvez ele fosse dar uma chance ao flerte, não tem o que perder afinal.
Heung Min sempre dá boas risadas quando chega ao bar, porque é sempre o momento em que seu velho conhecido vai embora, mesmo as discórdias sendo de conhecimento geral ninguém precisa presenciar uma confusão e prováveis tentativas de assassinato. Essa história sempre teve dois lados, dois pontos de vista, como qualquer outra. Richarlison alega que o coreano é um grande canalha, que tomou coisas valiosas - a maioria diz ser a sanidade, mas um navio carregado de fuzis não desapareceu dos radares sem que alguém interferisse. Já Son diz não ter culpa de que as pessoas que trabalham para o traficante sejam tão incompetentes ao ponto de não mandar uma encomenda para o endereço correto, o que são? funcionários de delivery?! Ele roubou. Mas não vai admitir isso, e nem adianta, o dinheiro já está em sua conta de qualquer forma.
Se sentou num dos banquetes do balcão, dando uma piscadela ao garoto de antes, que sempre que podia tentava conversar e arrancar qualquer confirmação de que tinha interesse da parte dele. Essa atitude prendeu a atenção do asiático, que se interessou em saber o que aquele rapaz parecia tão disposto a lhe oferecer hoje.
- Quando você termina por aqui? - "Em vinte minutos..." - Me faz companhia por hoje?
Ele assentiu, mordendo os lábios para não parecer que estava extremamente desesperado para beijá-lo. Fofo, de fato. Terminou a bebida, acenou para algumas pessoas que conhecia e seguiu para um dos repartimentos privados com sofás. Riu quando não precisou virar o rosto, para saber que ele acompanhou cada um de seus passos, e pela visão periférica, o viu soprar a fumaça do baseado. Mesmo que seu subconsciente implore para que ele aja como um adolescente e vá até ele, não interrompeu seus passos para dirigir qualquer palavra para ele, mesmo que nos dias anteriores tenha posto os pés ali apenas para vê-lo surtar de ódio.
Richarlison estaria mentindo se negasse que um dia não achou Heung atraente, qual é, ele é alguém tão bonito e galanteador que chega a ser irritante. Mas o encanto, ou curiosidade, ou o que quer que estivesse alimentando esses pensamentos se tornaram ódio, do mais genuíno e puro. Desde que chegou ao seus ouvidos que um certo cara em ascensão simplesmente desviou uma carga milionária debaixo de seu nariz e ele não fez nada para evitar, desde que o procurou para tirar satisfações e recebeu apenas olhares divertidos e um sorriso vitorioso, o que faz seu punho cerrar e queimar num impulso para socá-lo até que se lembre de que um Andrade não é enganado facilmente. Céus, investir na faculdade de engenharia mecatrônica teria sido uma escolha inteligente e menos estressante, estaria agora em qualquer outro lugar, longe daquele idiota.
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I Don't Believe In You
FanfictionO ódio e o amor andam lado a lado, pelo menos é isso que se lembra do ditado. Não acreditaria nessa baboseira, se não odiasse tanto a ideia de ter amado Son um dia.