1- Acampamento

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— Você tem certeza?

— Eu não tenho outra opção, não posso me dar ao luxo de machucar as pessoas.

Ela segurou minhas mãos e olhou bem no fundo dos meus olhos. Sorriu fraco, de maneira a tentar me reconfortar.

— Se cuida, meu amor!

— Até logo, Mãe! Eu... eu sinto muito.

Então ela me abraçou. Me abraçou forte. Consegui sentir o doce perfume de seus cabelos. Como dói. Eu sinto sua dor, ela tá tentando ser forte, mas está destroçada, e a culpa é minha. Eu prometo reverter todo esse caos, farei isso por você, Mãe, eu Prometo.

Entrei no carro, estava de fato indo, sentia minha vida toda ser deixada para trás.

Dizem que a vida é como uma montanha russa. Uma hora você está em cima e cada vez mais alto, então de repente, não está mais. Sempre achei uma metáfora fraca, afinal, não haveria como uma vida mudar tão drasticamente de uma hora pra outra. Mas agora eu entendo o porquê da comparação.

Minha vida sempre fora perfeita. Seguia uma linha estável. Sabia exatamente todos os passos que daria após a formatura. Me mudaria para Nova Iorque, entraria na Persons, em moda, me formaria, retornaria a Paris, abriria um ateliê e construiría minha imagem no ramo fashion. Já imaginava todos os anúncios e letreiros com meu nome. "Marinette Dupain-Cheng, nova estilista que tem parado o mundo". "Acompanhe as novas coleções da renomada estilista Marinette Dupain-Cheng". "Idealizadora das roupas de estrelas do pop e Hollywood, como Ariana Grande e Dove Cameron, Marinette Dupain-Cheng tem chamado atenção das críticas". Todo meu plano vital já estava traçado.

Mas de nada adiantou. Um mínimo descuido mudou completamente meu caminho.

Agora estou em um carro, sob a chuva, indo para um lugar que eu não faço a menor ideia de onde fica. Não sabia nem mesmo da existência. Droga de montanha russa.

Olhar pela janela enquanto a água escorre, nesse momento, é torturante. Tudo me faz lembrar que meus sonhos foram pelos ares. Até mesmo essa mínima gota, descendo pelo vidro, com sua rota certa, não apresentando muitas distorções, até passar por um arranhão, que a faz tomar um rumo completamente diferente. Eu sou uma gota. Uma gota fodida.

É definitivo, meu futuro está arruinado. Sem Nova Iorque, sem faculdade, sem ateliê, sem carreira. definitivamente isso é a pior coisa que poderia acontecer.

— Senhorita, Dupain-Cheng, chegamos.

O motorista do carro que me transportava avisou assim que paramos em frente à uma árvores curvada. Ela se deitava sobre algumas pedras, formando uma espécie de passagem, uma figura linda.

— É aqui? — perguntei em dúvida, não era exatamente o que eu imaginava.

— Bem, não exatamente.

Ele me explicou como terminar de chegar, peguei minha mochila e saí do carro. Estava nublado, mas já não mais chovia.

Comecei a caminhar devagar em direção à árvore. Quando cheguei em frente, parei e observei melhor a construção natural. Era de fato belíssima.

continuei andando até atravessar por entre as pedras. Senti um formigamento por todo o meu corpo, como efeito a barreira do portal. Assim que cheguei ao outro lado, como num passe de mágica, tudo se revelou. Um acampamento enorme. No centro, uma construção maior, provavelmente uma ala comunal, ou sala de treinamentos, em tons de vermelho e branco, com o emblema do lugar estampado bem no centro. Aos arredores havia algumas cabanas seguindo a mesma paleta de cores.

Olhei para cima e consegui ver, ao que parece, uma pessoa flutuando e tentando desviar de... bolas de fogo? Esse lugar é muito esquisito.

Continuei andando até o pátio que me indicaram, onde diversos dos campistas estavam se reunindo em frente a um pequeno palco. Tentei ficar mais afastada e tentar não chamar muita atenção. Precisava controlar minha ansiedade. Não queria arrumar encrenca. 

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⏰ Última atualização: Jul 09, 2023 ⏰

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