Reuniões indesejadas

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    O sol se põe lentamente por trás das altas paredes de pedra talhada do castelo. Em seu interior, os servos correm de um lado para o outro cumprindo suas tarefas da forma mais silenciosa possível para não irritar ainda mais o príncipe, este que já se encontra no limite de sua tolerância.
    A visita anunciada de última hora – e totalmente indesejada – do lorde de um país distante não só forçou o príncipe e ouvir uma série de baboseiras sem tamanho como, se já não bastasse, ainda lhe privou de um tempo que ele poderia gastar com a própria privacidade. Um suspiro lamentoso deixa seus lábios enquanto ele lembra dos planos para essa noite.
    Entediado e, já tendo perdido o suficiente desse monólogo mortalmente patético para que seja impossível entender algo, ele apenas deixa os olhos verdes vagarem pelo salão. Ele observa a decoração que foi cuidadosamente montada a seu gosto, cortinas, colunas, até mesmo entalhes nas pedras minimamente pensados para tornar sua figura ainda mais imponente enquanto estivesse sentado em seu trono. Por fim seu olhar caí em seu espadachim fielmente prostrado ao seu lado, olhos escuros  fixos no lorde a sua frente enquanto uma veia saltava em sua têmpora e uma ruga se aprofundava entre duas sobrancelhas em um sinal óbvio de raiva.
    Zen, o príncipe, sorri enquanto deixa seu kiseru sobre o descanso do braço e estende uma mão para brincar com as mechas negras, um puxão suave basta para abalar a concentração raivosa do samurai que estremece e sente as bochechas esquentando. Ele lança um olhar rápido sobre o ombro antes de voltar a olhar para frente. Satisfeito, Zen avança mais um pouco deslizando os dedos até a gola do kimono alheio e arrastando as unhas longas pela coluna e sob o tecido, o tremor que percorre o mais novo é mais visível, seu aperto na katana aumenta o suficiente para que o pequeno guizo na bainha chacoalhe.

Jingle Jingle

    O barulho é insuportavelmente alto nos ouvidos do espadachim e Yusuke sente o calor se espalhar por sua face, já tendo arruinado sua imagem ele se vira para enfrentar o príncipe, ignorando completamente o lorde frustrado e completamente ignorado. Antes que Yusuke possa gritar algum xingamento para seu futuro rei, ele ouve um movimento suspeito logo atrás de si.
    O lorde sacou uma espada e estava avançando de forma nem um pouco amistosa para eles. O espadachim tenta se virar para revidar mas o príncipe apenas agarra sua cintura e o puxa de repente fazendo ele se desequilibrar e cair em seu colo. Zen estala os dedos e o lorde só pode ofegar em espanto enquanto seu corpo é envolto por chamas azuis, enquanto sua mente é tomada pela dor e seus gritos são ignorados um único pensamento cruzou sua mente.

"Era tudo verdade! Sakuiya é governada por um demônio!"

    Enquanto isso, Yusuke reclamava com Zen, seu tom petulante e elevado totalmente inaceitável para se usar com um príncipe, muito menos o principal do reino que você mora. Mas nenhum dos dois parece se importar enquanto alguns servos aparecem, atraídos pelos gritos. Perguntas preocupadas e olhares pesarosos para as crianças e marcas de queimado no chão, alguns servos parecem encolher sobre si mesmos enquanto se viravam e saiam em busca de materiais de limpeza para uma longa noite de reparos.
— Vossa Majestade, está ferido? – uma serva de aproxima cautelosamente do trono, uma distância respeitosa e cabeça voltada para o chão.
  — Um pouco. – Zen responde com um olhar sério, até mesmo o espadachim interrompe seu chilique e tentativa de fugir do braço firmemente enrolado em sua cintura, um olhar desconfiado analisando o corpo do príncipe que não esteve bem perto de ser ameaçado. – Mande o curandeiro real para meu quarto.
— Sim, Vossa Majestade. Imediatamente. – a jovem faz uma referência e sai apressada.
  — Vamos, Yuu-chan! Preciso de cuidados médicos e da segurança de meu guarda pessoal. – o príncipe sussurra em um tom sarcástico enquanto joga o moreno sobre o ombro e caminha para seus aposentos ignorando as reclamações.

    Quando as portas se fecham e eles estão sozinhos, Yusuke para de reclamar e se deixa ser levado até a cama onde ele é deixado sentando próximo a borda. O príncipe ri, sua aparência humana mudando levemente, olhos e presas se tornando mais ferais enquanto ele esfrega o nariz na curva do pescoço alheio sentindo o aroma, o samurai apenas solta um suspiro longo enquanto se inclina expondo ainda mais área.
  — Yuu-chan, realmente ama um espetáculo ~ Zen praticamente ronrona aos pés do ouvido do companheiro – Deveríamos mostrar esse seu lado manso para os outros… – palavras vazias, ambos sabiam o que o demônio achava de compartilhar qualquer coisa sobre seus humanos com outros.
  — Zen! Você tá bem? Hana me disse que você estava machucado!! Onde– Tetsu para seu discurso assim que entra.
    — Porta. – o príncipe murmurou agarrando a faixa do kimono.
    Tetsu engole em seco e se vira puxando o trinco da porta. Ele se vira a tempo de ver o mais velho gesticulando para ele se aproximar, e assim ele faz. Em poucos passos o curandeiro real está ao alcance das mãos do príncipe que o puxa para perto, ele deixa um beijo na bochecha avermelhada de Yusuke e se vira para beijar testa de Tetsurou ele deixa outro na ponta do nariz e na bochecha descendo pelo pescoço até conseguir um gemido baixo ele se afasta com um sorriso malicioso.
   — Oque aconteceu lá? – Tetsu pergunta olhando entre os companheiros com olhos preocupados.
  — Nada importante. – Yuu resmunga finalmente voltando a falar – Só um idiota barulhento, mas ele já se foi. – antes que o mais novo pudesse questionar o sentido exato desse "se foi" seu melhor amigo o puxa pela gola do kimono e o beija, efetivamente apagando qualquer altruísmo de sua mente.
    Zen sorri para os seus humanos e estala os dedos, as velas no quanto mudam de cor para um azul levemente arroxeado, os outros dois de viram agora ele curiosos é só podem assistir em silêncio enquanto as roupas reais escorregam pelos corpo esbelto revelado as tatuagens vermelhas que cobrem seu corpo para que eles possam se segui-las sem impedimento.
  — O que eu faço com vocês primeiro? ~ Zen sussurra pensativo, as causas e orelhas de repasse de tornando visíveis enquanto ele finge pensar. 
    Oh, ele sabe exatamente o que vai fazer com eles essa noite.

Os caprichos de um príncipe (im)prudente  Onde histórias criam vida. Descubra agora