capítulo único

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As costas foram sentidas contra a parede da mansão Kang. Bem no meio do corredor as costas pequenas estavam contra a parede e o corpo de um e setenta e três e braços musculosos — que com certeza num soco com toda sua força a levaria para Marte numa viagem só de ida —, estava na sua frente. Beatriz Wong não tinha mais escapatória dentre os braços de Kang Yeosang, e desta vez ela queria entender o porque ele ter feito aquilo, sendo que era só para ser mais uma briga comum entre eles e no final e xingarem e se enfiarem em cada casa.

Wong era vizinha de condomínio do Kang e o conhecia desde pequenina, e desde essa idade eles brigavam. Brigavam por tudo e por nada, todos os dias era algum deles chorando fazendo queixinhas do outro. Pareciam irmãos, sendo que nem tinham, e então os pais achavam que era normal, eles estavam crescendo, crianças vivem aprendendo com os erros, mas eram vários erros que os dois cometiam.

Oras Yeosang não sabia pintar um vestido sem sair fora da linha, oras Wong tentava enfiar os carros dentro do balde do lixo dizendo que era um percurso radical. Oras Yeosang atirava a bola com muita força, oras Wong tinha que ir sempre buscar suas bonecas na piscina porque o Kang fazia competição de qual cabeça chegava primeiro ao outro lado.

Crianças que brincavam e brigavam, mas pouco a pouco,  conforme cresciam, perceberam que não se suportavam. Não podiam estar cinco minutos no mesmo espaço que já estavam se xingando e em menos de um minuto já se encontravam indo para dentro das suas casas estivessem ou não com seus amigos seja onde estivessem dentro do país coreano.

Mas quem diria que agora a respiração dos dois era sentida e o coração de ambos estava praticamente saltando para fora pela boca, mas por motivos diferentes e com certeza Wong não entendia porque diabos estava com medo que Yeosang lhe fizesse algo deveras grave.

— Você não vai me responder? — Ele balançou fraco os ombros.

— Eu nem sei do que está falando.

— Não se faça de burra, eu não sou seus pais para se fazer de burra santinha. — Abaixou seu rosto, encarando ela bem de perto. — Conheço a puta que você é. — Um tapa era merecido no Kang neste momento? Sim. Porém Wong não sabia sequer do que ele estava falado e estava tentando raciocinar o que diabos a levou a estar prensada contra a parede do que propriamente o que o Kang estava lhe chamando.

— Você está se fazendo de burra, mas eu não sou burro para acreditar! — Ele falou num tom mais alto, isso que Wong não gostou nada.

— Primeiro, você vai baixar a bola comigo, ouviu? Não é porque está sozinho em casa que pensa que manda. Eu vim aqui pegar o que pedi. Quero fazer panquecas ainda hoje, então se tiver farinha a mais, me empreste um pouco, se não, me mande embora. Não vejo motivo para eu estar sendo prensada com tanta brutalidade contra a parede.

— Você não vai mesmo falar, pois não? Sério isso? Você me odeia tanto assim ao ponto de levar a esse extremo? — As perguntas deixaram a garota confusa.

— Eu estou me perguntando seriamente se você tem tpm, Kang Yeosang. Será que este tempo todo você finge ter essa minhoca murcha? — Ela acabou olhando para a região, e Yeosang respirou fundo.

— Esta merda cresceu, eu já tenho vinte e três anos, Beatriz Wong. Eu estava na puberdade quando por acaso você me viu sem roupa, eu era ainda uma criança quanto ao crescimento de certas coisas. Mas ela cresceu. E quem levou com ela, não saiu daqui andando com o mesmo jeito.

— Sai para lá, minhoca murcha. — Tentou se livrar dos braços do Kang, mas foi falho.

— Já que estamos falando de minhocas, já refrescou a memória ou quer continuar se fazendo de burra?

Jealousy | kang yeosangOnde histórias criam vida. Descubra agora