Um

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— pode começar

— Meu nome é Alissa Quinn Mendonça. Tenho 26 anos. Nasci no dia 23 de fevereiro de 1997. Cresci em Atlanta, na Geórgia. Meus pais se chamavam Paris Quinn e Michael Quinn. Meu irmão mais velho se chamava Mathew, ele tinha 23 anos na época. Em seguida vinha minha irmã Viviane que tinha 22, depois dela vinha meu irmão Victor de 21, por último era eu e minha irmã gêmea Analie, de 19 anos na época.
Me formei no ensino médio com 15 anos, era uma aluna superdotada e avançada. Logo consegui uma bolsa de estudos para criminologia na universidade de Cambridge na Inglaterra. Eu sempre quis ser detetive. Desde pequena sou cristã, minha família era religiosa e éramos muito fiéis.
O ano era 2016 e todos os meus irmãos moravam em lugares diferentes. Meus dois irmãos homens estavam vindo do exército para passar um tempo com a família, minha irmã Viviane deu uma pausa na sua empresa para vir visitar a família, e eu estava prestes a terminar a faculdade e finalmente me formar. Apenas Analie morava com meus pais, mas claro já trabalhava.
Em 3 de julho de 2016 estávamos todos indo de volta pra casa, como sempre foi. Iríamos voltar a passar um tempo na enorme casa onde crescemos. Estavam apenas me esperando. Até que recebi a notícia de que minha casa tinha pegado fogo e toda a minha família havia morrido.
Passei 3 meses totalmente isolada do mundo, sem conseguir me levantar da cama pra nada. Até que decidi seguir em frente. Por mais que eu quisesse morrer eu era a única viva entre eles, a única que restou.
Então já que tive que continuar vivendo, consegui aos 20 anos me formar e entrar para o departamento do condado de Suffolk, comecei a namorar com o policial Miguel Mendonça quando fiz 21 anos e casamos aos meus 23 e dentro desses 6 anos consegui solucionar 7 casos, 3 deles arquivados a anos e sem solução. E aí 5 meses atrás armaram para mim — conto toda minha para quem já está cansado de ouvir. O Xerife que é quase como meu próprio pai, agora me interroga pela quarta vez como uma criminosa

— sabe que não pode fazer essa alegação, não sabe?

— o que quer que eu diga? Que sou culpada? Quando você mesmo sabe que isso não é verdade

— eu não sei de nada. Se soubesse você não estaria na sua quarta audiência — ele recosta na cadeira — você teve caso com alguém da polícia além do seu atual marido?

— o que acha que eu sou? Óbvio que não! Ele é o meu primeiro homem da vida

— tudo bem — ele pausa — eu não quero te preocupar, mas você provavelmente vai perder seu cargo de investigadora e pior, pode ser proibida de exercer a profissão em qualquer lugar desse mundo

— mas o que foi que eu fiz? — me inclino em sua direção — eu não fiz nada, não quebrei nem uma lei, não matei ninguém. Eu tenho álibi de tudo que você quiser, o que quer que eu te prove?

— foi confiado a você um caso gigantesco, de gente importante. Máfias Alissa, máfias! Coisa de risco, vidas estavam em jogo, coisas ultra-secretas e do dia pra noite a mídia fica sabendo disso, sabendo se coisas que só você sabia! Nem seu próprio marido tinha acesso a isso. E o seu álibi não pode provar nada. Por que contra fatos não há argumentos. Apenas você sabia das informações fornecidas pela inteligência de polícia

— você acha que eu colocaria minha vida em risco? Acha que eu não tinha noção no que estava me metendo? Miguel estava viajando por 3 meses a trabalho era impossível ele saber do caso, e eu tenho certeza que meu marido não me trairia

— eles podem matar seu marido, podem matar vocês. Mesmo que não tenha sido você é impossível ter sido outra pessoa

— não, não é e você sabe! Mesmo que eu perca meu emprego pra sempre, eu vou descobrir isso

— espero que você esteja viva até lá — a sinceridade em seu tom de voz é nítida

Encaro o chão.

— já sabe o que está esperando? — nem parece que eu estava sendo interrogada a segundos atrás

— ainda não, só saberemos do quinto mês

— Alissa você é Miguel são como dois filhos para mim, quero acreditar em você, quero que essa criança que espera esteja segura. Você já perdeu de mais, quero que seja feliz como ninguém foi antes. Maldita hora que te deram esse caso — ele suspira com desgosto

— ninguém vai me fazer mal. Nem a meu marido e meu filho. — me levanto — espero que sua suspeita sobre mim esteja errada

Saio de sua sala pisando firme. Nunca imaginei que alguém que considero meu pai um dia desconfiaria de mim.

Miguel me espera sentado em um dos bancos. Quando me vê se coloca de pé.

— estou enjoada — coloco a mão na barriga e me jogo em seus braços

— não estou gostando nada dessas audiências — ele me envolve com seus braços — eles ficam te perguntando as mesmas coisas, estão chateando você. Não quero que a minha princesa tenha dor de cabeça — ele beija o topo da minha cabeça

— eu te amo — apoio meu queixo em seu peito lhe olhando nos olhos

— eu te amo muito mais — sorri e cola seus lábios nos meus — vamos almoçar em algum lugar? Estou no horário de almoço

— podemos ir pra casa? Estou cansada e você vai fazer o almoço hoje — dou um tapinha nas minhas costas

— acho que você vai sentir um gostinho do céu hoje — ele brinca

Andamos juntos, ele passa o braço sob meus ombros e seguro sua caída sobre meu ombro. Miguel ainda não sabe que posso ser proibida de investigar pra sempre. Não sei como ele irá reagir, mas não vou dizer nada até ter certeza.

Uma parte de mim queria ter morrido em 3 de julho de 2016. Mas uma parte de mim agradece a Deus pela segunda chance. Eu tive a sorte de continuar viva e ter hoje as duas pessoas que mais amo nesta vida — meu marido e meu filho de apenas 3 meses de vida na minha barriga. Eu daria minha vida pela vida da minha família que morreu naquele dia, mas eles perderam suas vidas e tudo que posso fazer hoje é viver e ser o mais feliz que posso, não apenas por mim. Mas por eles também.

E sei que sou, tanto pelo ser que estou gerando. Tanto pelo meu marido que me trata como uma rainha, que é caidinho por mim e parece ter sempre aquele olhar de adolescente perdidamente apaixonado. Todos sempre me dizem como ele é extremamente louco por mim, brincam que é Deus no céu e eu na terra para ele. Ah Deus, Eu o amo tanto!!

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