❧ INTRODUÇÃO

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Entre todas as definições possíveis, existe uma que definiria perfeitamente meu estado atual: Fodido.

Quando fui chamado na sala da minha supervisora já tinha uma noção do que iria acontecer, já que, depois de vários empregos em um curto período de tempo, sempre acabava do mesmo jeito.

— Senhor Park, acredito que saiba a razão para ter sido chamado aqui, certo? — A mulher baixa, de sotaque forte e olhos verdes bem marcados pela sombra de cílios, perguntou, olhando tão profundamente dentro de minhas pupilas que poderia jurar que estava arrancando minha alma.

— Senhora Smith, eu sinto muitíssimo mesmo. Não foi minha intenção! Eu juro. Vou melhorar, prometo à senhora. — Implorei, não tendo outra opção a não ser a da pura humilhação, mas antes que pudesse continuar meu discurso digno de pena, ela elevou uma das mãos em frente a meu rosto, como uma clara interrupção, e para que não piorasse a situação, me calei.

— Senhor Park, tenho uma pergunta a lhe fazer — Começou, levantando-se por detrás da mesa de madeira barata. — Essa é uma loja de qual segmento? — Perguntou, mas sem me dar chance de entrar no diálogo, deixando claro seu monólogo. — Obviamente é uma loja de roupas. E o que nossas clientes vêm fazer aqui? — Breve pausa, onde me atrevi a abrir meus lábios, mas foi apenas o que consegui fazer. — Comprar roupas! — Se respondeu, quase histérica, me olhando. — Então se uma mulher entra em nossa loja, gosta de uma roupa, prova e, por alguma razão acha pertinente pedir a opinião de um funcionário qualquer, você sorri e diz que ficou ótimo! É simples! Qual a dificuldade, senhor Park? — Perguntou, o tom alto e indignado.

Formei um pequeno bico nos meus lábios carnudos, franzindo as sobrancelhas.

— Mas, senhora Smith, eu não fiz nada de errado! Ela me perguntou e eu respondi! Ficou parecendo um saco de batata!

Ela arregalou os olhos.

— Você disse isso à cliente? — Gritou.

— Não! Céus... óbvio que não! Eu sorri e disse que acreditava que outra peça de nosso departamento ficaria melhor pra ela. Até me propus a ajudá-la a escolher. Mas ela disse que não tinha tempo, então não levaria nada. — Respondi e cruzei os braços. — Eu fiz foi um favor para ela! E tenho certeza que ela não compraria. Iria sair com a desculpa de que estava caro demais.

Vi ela respirar fundo, seu peito subindo e descendo.

— Fora! — Ela gritou. — O senhor está demitido! Não volte nunca mais!

Meus olhos saltaram do meu rosto, tão qual eu da cadeira.

— Senhora Smith, por favor! Mais uma chace! Me dá mais uma chance de provar que consigo! Eu estou aqui não faz nem um mês ainda! Por favor! — Pedi, as lágrimas já enchendo meus olhos.

— Sem chances, Jimin! Demitido! Rua! Entregue seu uniforme e vaza. Vou pegar o dinheiro no banco e digitalizar o termo de demissão. Não quero você aqui, nem pintado de ouro!

Como um balde que se enche rapidamente, meus olhos começaram a transbordar, enquanto fui rapidamente para o banheiro dos fundos. Quando virei para entrar no micro projeto de toalete, meu pé bateu com tudo na parede e soltei um pequeno grito, junto dos palavrões que segurava pela frustração.

— Inferno! Que porra! Eu odeio esse- Ah! — Voltei a chorar batendo a porta e me sentando na privada do lugar imundo, enquanto minhas lágrimas escorriam sem intenção de cessar.

Não conseguia pensar no que faria agora. Desempregado, de novo. Dentro de um ano eu  mudei mais de emprego do que alguém troca de roupas, e nem foi por escolha própria. E agora eu não tinha sequer opção de ficar sem emprego. Morava de favor, tinha acabado de começar a faculdade, e poxa! Por que era tão díficil ficar em um lugar? Parecia que quanto mais me esforçava, mais errado as coisas davam.

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⏰ Última atualização: May 12, 2023 ⏰

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