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O sargento Mew Suppasit, pensou que a noite de sexta-feira, seria tranquila e pacata, apenas preenchendo relatórios em sua sala no 22ª DP de Seatle, mas o chamado de um 155, no rádio promete tirar sua paz, não pela infração em si, porque apesar de sua idade não tão avançada, ele já carrega um currículo excepcional.

Formou-se como detetive muito cedo, pois sempre soube que queria ajudar as pessoas, desde que era apenas um menino e hoje com seus vinte e oito anos já coleciona uma infinidade de casos resolvidos e algumas honras recebidas por seu excelente desempenho nas missões.

O que deixou o homem intrigado, no entanto, foi o bairro onde acontecia a ocorrência, então sem pensar muito ele simplesmente abandonou a papelada, tomou posse de seu distintivo e arma e se dirigiu a saída do prédio, seu parceiro foi dispensado assim que fez menção de acompanhá-lo.

Já com as mãos no volante da viatura o policial acelera o carro cortando os outros veículos para chegar ao local indicado na ocorrência. A velocidade diminui gradativamente e ele observa com seus olhos atentos, cada canto do bairro por onde passa com o carro em ponto morto, as luzes do giro flex piscando auxiliam seus olhos a enxergarem melhor naquela noite escura, onde a única iluminação dos becos do subúrbio é a luz da lua que brilha no céu em toda sua imensidão.

Quando adentra ainda mais no bairro, deixa o carro e segue o caminho com passos cautelosos tentando não fazer tanto barulho, com a mão empunhada sobre o coldre preso a cintura, ele sente-se observado e ao se virar consegue avistar a sombra curvilínea se escondendo na penumbra da noite.

- Ei! - chama a atenção da pessoa na escuridão.

Ao perceber que foi avistado o infrator corre em direção ao alambrado que separa o beco da rua principal, escala o emaranhado de ferro e pula aterrissando do outro lado, olha para trás sobre o ombro, a touca do moletom preto sobre sua cabeça cobre também parte de seu rosto, deixando apenas um sorriso ladino aparecer antes de virar-se novamente e voltar a correr.

O sargento Suppasit segue o mesmo caminho iniciando uma perseguição, depois de alguns bons minutos correndo, de muros sendo pulados, ruas sendo atravessadas em meio aos carros, finalmente o policial se aproxima do larápio que parece ter diminuído a velocidade propositalmente após dobrar uma esquina e entrar em um beco que parece muito com onde a perseguição começou.

- Ei, garoto! - o policial grita pelo jovem que caminha lentamente com as mãos dentro do bolso da blusa.

Já sem muita paciência, coisa essa que não era nem de longe o forte do sargento, ele agarra o pulso do outro trazendo o braço franzino para trás e com a outra mão segura a nuca colando o corpo magro contra a parede de tijolos de barro do beco.

- Pensei que não viesse...

Gulf Kanawut, um adolescente de dezessete anos, que após ter seu pai, com quem viveu durante boa parte de sua vida, assassinado dentro do presídio, onde cumpria pena por tráfico de drogas, em decorrência de uma disputa por território. Foi morar com a mãe, uma garçonete, que além de trabalhar durante o dia, fazia faculdade durante a noite.

Uma disputa judicial, quando ainda era criança, traçou o destino do garoto, uma vida difícil sem conhecer o que era carinho, mas não se engane, achando que sua progenitora lutou para obter sua guarda. Não foi isso o que aconteceu.

Na verdade a luta na justiça foi para abrir mão do menino, no final sua mãe saiu vitoriosa por não ser obrigada a zelar por sua vida.

O jovem só descobriu o que era se sentir amado, quando numa noite chuvosa se entregou ao até então namorado de sua mãe, o sargento Mew Suppasit.

- Você precisa parar de assaltar o comércio do bairro, um dia desses não serei eu a atender a ocorrência e vai acabar sendo preso. - o policial repreende o mais novo, que se solta do aperto do homem com muita facilidade.

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